sexta-feira, 15 de abril de 2016

A difícil hora do desembarque


Em momentos de crise, muitas vezes é necessário desembarcar alguns colaboradores. Ninguém gosta disso e todos concordam que pior do que demitir é ser demitido ou ir a falência. Todos concordam também que simplesmente empurrar o colaborador para fora do barco é desumano. A maioria nesta hora é invadida por uma multiplicidade de emoções: ansiedade, medo e simpatia. Com isso, esquecem que o clima dos colaboradores que ficam na empresa afeta a produção. Outros ainda pensam: "já que vai doer"... e saem-se com um brutal: "A empresa está em dificuldades, vou ter que demitir você, pode ir" e torcem para que o sujeito chore só quando chegar em casa.

Também é unânime a opinião de que demitir é uma das tarefas mais ingratas da gestão. Tem alto risco, pois não tem reconhecimento quando bem-feita, mas pode prejudicar o gestor se não for executada da maneira adequada. Além disso, se malfeita, a empresa pode sofrer processo na justiça ou ter dificuldade ao contratar, pois sua reputação ficará prejudicada. Logo, é importante que a forma com que o gestor demite reflita os valores declarados da empresa para não provocar descrédito da parte dos colaboradores na administração.

Então, como realizar a demissão com o mínimo estresse para quem demite, para quem desembarca e para quem fica? Andy Molinsky, professor de comportamento organizacional na Escola de Negócios da Brandeis University, recomenda que empresas invistam em treinamento para ter um processo padronizado e reduzir o impacto das emoções. Caso a empresa não ofereça treinamento, o que fazer para conseguir o "ser simpático", mas não deixar de entregar a mensagem?

Primeiro use sua capacidade de empatia, coloque-se no lugar de quem está sendo desembarcado. Se fosse você no lugar dele como gostaria de ser tratado? Ensaie a conversa, imagine os tipos de reação que aquela pessoa provavelmente terá e faça um ensaio com alguém de sua confiança. Caso não possa fazer isto com ninguém da empresa, chame o RH. E se não tem RH, é boa hora para pensar em começar a ter. Faça ainda um ensaio mental, colocando-se no lugar de quem vai ser desembarcado. O que você vai fazer se ele chorar? E se disser que está com a esposa doente? E se ficar zangado?

De preferência faça a comunicação junto com outra pessoa, um Business Partner ou o RH ou mesmo o seu próprio chefe, combinando o que cada um vai dizer antes do evento. Comunique o desligamento em um ambiente físico reservado, mas não dê uma de "durão". Seja humano e ofereça o apoio que pode se comprometer a dar e depois cumpra o combinado. Informe ainda como a empresa, através de um programa de outplacement, na criação do currículo ou você mesmo podem ajudar.

Não diga o que está sentindo ou como a decisão foi difícil para você. Ele está sendo demitido e a situação dele é bem pior que a sua. Portanto, está se lixando para sua dor.

Fonte: DCI – SP

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