terça-feira, 8 de setembro de 2015

Governo estuda apertar Previdência e criar imposto


O governo estuda alternativas para aumentar a arrecadação e minimizar os efeitos do rombo orçamentário, previsto em déficit de R$ 30,5 bilhões para 2016. Dentre as opções pensadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estão a criação de uma taxa durante a crise (“de travessia”) e mudanças nas regras da Previdência. A criação de um imposto temporário, com vigência apenas enquanto durar a crise econômica que assola o País, foi citada por Levy em entrevista ao jornal Valor, após a reunião do G20, em Ancara, na Turquia, no último sábado. “Pode ser um imposto para atravessar essa travessia. E depois se retiraria. Estamos no meio de uma discussão sobre isso”, revelou.

Conforme o ministro, o temor é pela instalação de um cenário grave de desemprego em todo o País a partir da falta de ajustes. “O importante é onde vamos chegar e porque vamos chegar, e é para evitar a degradação (do grau de investimento), porque se não fizermos (o ajuste), aumentamos muito os riscos e vamos destruir empregos por muitos anos”, completou.

Mudança nas regras

Além da taxa, estão também nos planos do governo federal mudanças nas regras da Previdência. Pelos cálculos, o déficit vai saltar de R$ 56 bilhões em 2014 para R$ 125 bilhões em 2016. O Ministério da Fazenda compara a situação ao navio Titanic, que estaria prestes a atingir um grande iceberg e causar uma verdadeira catástrofe.

Para o governo, a Previdência é área complicada pois está inclusa nos 90% de todas as despesas federais obrigatórias, ou seja, não pode sofrer cortes.

Dentre as medidas previstas, e que ainda serão discutidas, estão apertos duros nas concessões de auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, além de mudanças na qualificação dos beneficiários para que possam voltar ao mercado de trabalho e do estabelecimento de uma idade mínima para homens e mulheres se aposentarem.

Este tema, inclusive, é um dos poucos em que há perfeita sintonia entre Joaquim Levy e o ministro do Planejamento Nelson Barbosa. Conforme as equipes de ambos, as alterações também seriam necessárias pelo fato de que o Brasil é um dos poucos países no mundo em que não há regra da idade mínima para homens e mulheres aposentarem.

As mudanças, porém, ainda terão de ser discutidas entre o governo, sindicalistas e empresários antes de serem enviadas ao Congresso Nacional.

Alternativas

A presidente Dilma Rousseff vem manifestando, de maneira reiterada, o desejo de encontrar novas formas de receita para equilibrar o Orçamento do País. Segundo ela, o governo “cortou tudo que poderia ser cortado”. A ideia da presidente é fazer um “pente-fino” nas contas em busca de uma solução.

CPMF

Neste ínterim, há algumas outras alternativas sendo pensadas pelas equipes envolvidas. A recriação da CPMF, por exemplo, abandonada momentaneamente diante da péssima repercussão, ainda não foi completamente descartada. Ela poderia entrar, por exemplo, na famigerada “taxa de travessia” indicada pelo ministro Levy. Outra opção que circula nos bastidores de Brasília como margem de manobra para conseguir organizar as contas públicas seria a taxação de grandes fortunas.

Também estão em estudo a tributação com Imposto de Renda a 15% dos lucros e dividendos distribuídos pelas empresas, que poderiam, em contrapartida, receber desonerações do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Essa saída, por exemplo, poderia render até R$ 40 bilhões ao governo, mesmo excluindo as empresas inscritas no programa Supersimples.

Sem rebaixamento

Todas as opções estudadas pelo governo trabalham sob um argumento: evitar o rebaixamento do País perante as agências de rating. A nota de um País no mercado financeiro significa um tipo de certificado de segurança quanto ao risco de um calote aos investidores. Em julho, por exemplo, a agência de classificação de risco Austin Rating rebaixou a nota de crédito de longo prazo do Brasil em moeda internacional de ‘BBB-‘ para ‘BB+’, o que fez o País perder o grau de investimento, um selo de bom pagador e porto seguro para investidores.

A Austin Rating é a maior empresa brasileira de classificação de risco de crédito e suas avaliações são destinadas quase que exclusivamente para investidores nacionais ou estrangeiros com operações dentro do Brasil. Em agosto, a Moody’s rebaixou a nota de crédito do Brasil de ‘Baa2’ para ‘Baa3’, e mudou a perspectiva do rating do país de negativa para estável. No geral, a categorização das agências aponta o Brasil em um grau de investimento qualidade média.

Fonte: Diário do Nordeste – CE

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