terça-feira, 3 de novembro de 2015

Empreender exige planejamento


Já parou para contar quantos novos negócios você viu surgir nos últimos meses? São food trucks, cafés, doces gourmet, lojas com vendas exclusivas pelo Instagram, serviços de beleza e por aí vai. Em um ano em que é difícil não mencionar a palavra “crise” para muitos assuntos, o número de novas micro e pequenas empresas destoa: cresceu 16,5% em Pernambuco no primeiro semestre. O fenômeno reflete um comportamento cíclico: em períodos de dificuldade, as pessoas se encorajam para colocar em prática o desejo de montar o próprio negócio. Apesar de essa ser uma postura positiva diante de algo que poderia ser desestimulante, empreender não deve ser uma decisão tomada por impulso.

Segundo o IBGE, a taxa de mortalidade das empresas chega a 85% nos cinco primeiros anos de vida. Para os especialistas, um dos maiores determinantes para esse índice é a falta de planejamento e estudo do investimento, já que uma boa ideia não significa, necessariamente, um bom negócio. “Cerca de 40% das empresas fecham sem procurar nenhum tipo de apoio. Procurar entidades que promovem capacitação, buscar conhecimento e pesquisar são etapas fundamentais”, defende o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Vitor Abreu.

É o que pedagoga Patrícia Motta, 35 anos, está fazendo há desde o início do ano. Há dez anos em uma empresa de turismo e insatisfeita com o trabalho, decidiu pedir demissão e abrir um negócio com mais duas amigas no ramo que sua família já atuou: varejo de lingerie. “Fiz cursos, assisti a palestras e agora vou participar de mais uma capacitação. Em alguns momentos pensamos em lançar logo a marca, mas, no fim, sabemos que é importante não atropelar etapas”, conta. A marca será lançada dentro do planejado, no início de dezembro.

Outro atropelo comum é a falta de organização da gestão, principalmente na questão financeira. “Muita gente acha que é o dinheiro que vai resolver o problema e partem para um financiamento sem nem saber como aplicar aquele empréstimo. Esse tipo de desorganização é muito comum em empresas familiares, quando as contas da empresa se confundem com as da casa”, destaca a gestora de projetos do Sebrae, Maria Cândida Moreira.

Ela também lembra outro erro comum entre as pessoas que empreendem por impulso. “Muita gente chega e me pergunta ‘O que está dando dinheiro?’. Não é assim que funciona. É preciso levar em consideração opções dentro do que você gosta, do que tem afinidade. Também é importante ter o mínimo de conhecimento técnico na área que você deseja investir. Não dá para abrir um salão de beleza sem entender nada sobre cabelo”, enfatiza Maria Cândida.

Mas, mesmo quando o empreendedor cumpre todas as orientações para chegar ao mercado com um negócio bem estruturado, ainda há riscos. Uma das grandes dificuldades do empresariado brasileiro é a alta carga tributária. Em uma pesquisa do Banco Mundial em 189 países divulgada nessa semana, o Brasil aparece na 178ª posição quando o assunto é pagamento de impostos. Segundo o levantamento, o empresário brasileiro gasta 2,6 mil horas por ano para contribuir com a arrecadação. A média da América Latina é 361 horas por ano, ainda considerada alta.

“Infelizmente muita gente deixa de se formalizar porque acha que vai ter que enfrentar muita burocracia, que pagar encargos. Mas isso também representa uma segurança para o empreendedor, que vai ter acesso a linhas de financiamento de forma muito mais tranquila”, lembra a gerente de apoio à micro e pequena empresa do Expresso Empreendedor, Evelyn Siqueira.

Fonte: Jornal do Commercio – PE

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