A
contabilidade tem como foco principal o estudo da variação do conjunto de bens,
direitos e obrigações que formam o patrimônio de uma entidade (pessoa física ou
jurídica). O público em geral conhece e usa bastante o termo para se referir a
algo complicado, ligado a números e pagamento de impostos. Por usar números
para dar boa parte das suas informações, com frequência a contabilidade é vista
como muito próxima da matemática, e isso talvez explique um pouco o motivo de
ser ela percebida como algo de difícil compreensão — cuja utilidade é
especifica — e sofra alguma resistência por parte de usuários em potencial.
No
mundo corporativo, a contabilidade também encontra resistência para ser
utilizada de forma abrangente. O setor contábil ou mesmo a área de
controladoria na maioria das vezes são reconhecidos como a área da empresa que
existe apenas para atender as exigências dos órgãos de arrecadação de impostos
do governo. Essa visão restrita se aplica principalmente às micros, pequenas e
até médias empresas.
Como
elas correspondem à maior parte do universo das empresas existentes no Brasil,
a classe contábil vem fazendo um enorme esforço para tentar esclarecer que a
utilidade, aplicabilidade, necessidade e benefícios da contabilidade vão muito
além do suporte ao pagamento dos impostos. A classe cada vez mais procura
difundi-la como uma das ferramentas imprescindíveis para o correto
gerenciamento de empresas de todos os ramos de atividade e tamanho.
Mas,
mesmo com todos os esforços, a maior parte dos empresários da pequena e média
empresa ainda faz pouco uso da contabilidade para gerenciar os negócios. Essa
postura pode até ser uma opção, entretanto é importante que essas empresas
tenham consciência de que é necessário manter a escrituração contábil em dia,
pois podem vir a precisar dela em várias ocasiões. Na prática, esses
empresários ainda não encontram ou percebem muitos motivos para manterem um
departamento ou contratarem um serviço terceirizado de contabilidade com o
objetivo de obter informações que auxiliam na tomada de decisão.
Diante
deste cenário é importante destacar aspectos muitas vezes não compreendidos ou
conhecidos, que contribuem para o uso limitado da contabilidade. Eles reforçam
porque é importante que os administradores se esforcem para mantê-la
funcionando bem dentro da empresa. Veja alguns motivos:
1
- Possibilita a prática de economia tributária na distribuição de lucro para os
sócios da empresa, com substancial redução dos impostos pagos na pessoa física;
2
- É imprescindível diante da necessidade de solicitação de recuperação
judicial;
3
- Facilita a relação com as instituições financeiras no acesso a linhas de
créditos;
4
- Representa a verdadeira situação patrimonial da empresa. Serve de prova para
o sócio que quer sair da sociedade para fins de apuração de haveres ou venda de
participação;
5
- Prova, em juízo, a situação patrimonial nas disputas que possam existir entre
herdeiros e sucessores de sócio falecido;
6
- Comprova em juízo fatos cujas provas dependam de perícia contábil;
7
- Auxilia na defesa de reclamações trabalhistas quando as provas a serem
apresentadas dependam de perícia contábil;
8
- Serve para afastar da empresa o risco de autuações fiscais relacionadas a
tributos federais, estaduais e municipais ou como suporte nas defesas contra
auto de infração.
O
conhecimento desses aspectos pode ser propulsor para que a contabilidade seja
vista por esses administradores como um instrumento cuja utilidade é mais
abrangente do que pensam, indo além de um sistema que só serve para suportar as
questões de ordem tributária. É importante que considerem também o fato de que
ao manter o sistema contábil funcionando na sua versão mais básica que é a
contabilidade societária — aquela baseada apenas na legislação — a empresa
automaticamente está preparada para superar qualquer situação relacionada com
os aspectos destacados.
O
empresário é o principal responsável por identificar e suprir todas as
necessidades da empresa, e entre elas está o funcionamento de um sistema de
contabilidade que no mínimo pode proteger contra terceiros que vislumbrem
reivindicar algum direito ou cobrar algo que de fato ela não tem o dever de
atender. Uma vez que a empresa mantenha a contabilidade societária funcionando,
o passo seguinte pode ser seu incremento, visando torná-la também gerencial em
conformidade com o que a classe contábil recomenda.
O
empresário que se interessar em conhecer um pouco mais sobre as possibilidades
oferecidas pelo sistema contábil aos poucos vai perceber que com alguns
incrementos ela pode de fato se transformar em uma das ferramentas
imprescindíveis para o correto gerenciamento da sua empresa.
Fonte:
Jornal do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário