O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a reforma do ICMS representa
70% de uma reforma do sistema tributário brasileiro. Segundo ele, o imposto é o
"tributo mais problemático". "Nós passamos por um grande
processo de amadurecimento da reforma do ICMS. Nós tentamos no passado fazer
essa reforma, mas não conseguimos", afirmou o ministro, em sessão temática
de debate sobre o pacto federativo no Senado.
Mantega
disse que as disputas estaduais em torno do "problemático" ICMS chegaram
a um ponto de exacerbação e que é preciso aprimorar a lei. Segundo ele, hoje há
mais perdas do que ganhos para os entes da Federação com a guerra fiscal, com
acumulação de crédito não pagos e incertezas jurídicas.
A
proposta do governo inclui reduzir a alíquota interestadual gradualmente para
4%, 7% e 10% em até oito anos, a criação de fundo de compensação e de um fundo
de desenvolvimento regional, com quase R$ 300 bilhões até 2020, sendo 25% de
recursos do Orçamento da União, além de empréstimos. "Há um conflito
crescente entre os Estados que recebem mercadorias de outro Estados e cobram
novamente o ICMS. Isso vem se aprofundando. Se aprovássemos essa legislação,
teríamos a redução da incerteza jurídica, que atrapalha os investimento e amedronta
os empresários."
Segundo
o ministro, que participa de sessão temática sobre pacto federativo no Senado
Federal, para concretizar a reforma do ICMS, é preciso um acordo de
convalidação dos benefícios já dados pelos Estados pelo Confaz para que eles se
tornem constitucionais. "O problema é que não temos conseguido um acordo
geral com os Estados. Ao deixar muitos descontentes pelo caminho, depois
surgirão críticas, divergências e acabaremos não tendo o benefício de uma nova
estrutura tributária", afirmou. "É preciso um consenso que não deixe
arestas."
Mantega
afirmou também que os recursos para o fundo de desenvolvimento regional, de R$
300 bilhões até 2020, não serão ultrapassados. Principalmente em relação ao
Orçamento da União, que colocará R$ 75 bilhões (25% do total). "Já
chegamos no nosso limite. Não dá para aumentar o valor. As contas fiscais não
aguentam um comprometimento de mais recursos da União. Temos de conciliar
desenvolvimento com solidez fiscal. Não é pouca coisa."
O
ministro disse que a guerra fiscal praticada pelos Estados terá sido
"frutífera" no passado caso o Supremo Tribunal Federal não edite uma
súmula vinculante para declarar inconstitucionais os incentivos fiscais já
concedidos pelos entes federados. Para ele, a concessão unilateral de benefícios
acabou virando uma "guerra de todos contra todos".
O
ministro disse ainda que concorda com a filosofia sugerida pelo senador
Cristovam Buarque (PDT-DF) de gastar mais recursos com a educação no país, mas
frisou que não concorda com a fórmula segundo a qual a União teria de bancar
todas as despesas. Segundo ele, a União iria quebrar se isso ocorresse.
"Não há uma situação folgada de estados, municípios nem da União",
disse. Segundo Mantega, todo mundo está com o "orçamento apertado para
fechar as contas", inclusive ele.
Fonte:
Estadão
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