sexta-feira, 7 de março de 2014

Quase metade da força de trabalho em contabilidade é feminina


Neste sábado, 8 de março de 2014, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, efeméride que surgiu na virada do século XX, no contexto da Revolução Industrial e da Primeira Grande Guerra, quando ocorreu a incorporação da mão de obra feminina, em massa, na indústria. Naquela época, as condições de trabalho, perigosas e insalubres, eram causas de frequentes protestos por parte dos trabalhadores, como a manifestação das operárias de fábricas de vestuário e indústria têxtil, protagonizada contra as más condições de trabalho e os baixos salários, em 8 de março de 1857, em Nova Iorque (EUA).

Hoje, a presença do sexo feminino no mercado de trabalho, de modo geral, tem se solidificado, graças a uma série de fatores, entre eles o progresso tecnológico, à evolução da medicina e, principalmente, à luta das mulheres por autonomia e igualdade. No Brasil, elas conseguiram alcançar um patamar de igualdade com os homens em quesitos importantes, como educação e saúde. Mesmo com todo esse avanço, muitos ainda insistem em dizer que a mulher é o sexo frágil. Será mesmo? Como é possível classificar de frágil uma pessoa que consegue equilibrar com maestria os afazeres da casa e da família com a carreira profissional? Classificar uma mulher de frágil hoje, além de um grande equívoco, pode ser algo extremamente perigoso.

No entanto, embora tenham o mesmo nível e preparo que os homens, as mulheres continuam enfrentando barreiras de todo o tipo, sendo a mais comum a salarial, conforme dados do relatório Desigualdade de Gênero, divulgado em outubro de 2013 pelo Fórum Econômico Mundial, que colocou o Brasil na 117ª posição, entre 136 países avaliados. Isso quer dizer que muito foi conquistado, mas muito ainda precisa ser feito e modificado nessa história.

No universo contábil, a força de trabalho feminina representa quase metade dos profissionais em atividade: 41,22% das cerca de 490 mil vagas são ocupadas por mulheres, conforme dados de 2013 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), segundo o qual mais de 85 mil mulheres ingressaram na carreira nos últimos dez anos. A expectativa é de que esse número cresça e, em alguns anos, a divisão se iguale. Essa esperança não é à toa, já que um relatório do Censo da Educação Superior de 2012 indica que o número de mulheres matriculadas no curso de ciências contábeis em faculdades de todo o Brasil é de 181 mil, em comparação a 132 mil estudantes do sexo masculino.

Atualmente, existem 487.879 profissionais de contabilidade. Destes, 200.405 são mulheres e 287.474, homens. Em 2003, eram 358 mil profissionais da contabilidade — 122 mil mulheres e 236 mil homens, uma diferença de 31,8%. Em 2013, essa diferença caiu 14,2%, o que comprova que, em cinco anos, essa divisão pode ser igualitária. Na Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), “elas” já são quase a metade do universo de profissionais de contabilidade, que é de 252.168 mil. Ao todo, são 101.207 mulheres e 150.574 homens. No Estado de São Paulo, são 52.073 mulheres de um total de 134.784 profissionais da contabilidade.

De acordo com a vice-presidente de fiscalização, ética e disciplina do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo CRC-SP, Márcia Ruiz Alcazar [foto], esses dados deixam bem claros a força e o avanço das mulheres no setor contábil: “Hoje é possível perceber um número cada vez maior de mulheres nas empresas e entidades contábeis, ocupando não apenas cargos operacionais, mas de liderança dentro dessas organizações. Obviamente, assim como em outros setores, há ainda muito mais a ser conquistado pelas mulheres, mas estamos no caminho certo”.

Márcia, que começou a se interessar pela contabilidade ainda na adolescência, ao dividir os estudos com os afazeres na empresa da família, a Seteco Consultoria Contábil, é um exemplo de mulher que deu certo no segmento, cursando técnico em contabilidade, bacharelado e uma especialização na Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP), por meio do MBA de Gestão Executiva Internacional, realizando uma série de intercâmbios por diversos países, entre eles França, China e Estados Unidos. Com 27 anos de experiência profissional e uma carreira em constante crescimento, Márcia sempre se focou na gestão das pequenas e médias empresas. “Hoje, à medida que vai aumentando a importância da contabilidade como área estratégica dentro das corporações, os ânimos se renovam e me sinto cada vez mais motivada a batalhar em prol do empreendedorismo no Brasil.”

Na opinião da vice-presidente do CRC-SP, a contabilidade evoluiu muito nesses últimos anos de área meramente operacional para se tornar uma ferramenta essencial na estratégia de crescimento das organizações, independentemente do segmento de atuação. “A tendência é de que essa visão se amplie a cada dia, com as empresas buscando a modernização, o que é algo obrigatório em tempos de Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) e instrumentos de fiscalização que se sofisticam sistematicamente. Ou seja, o profissional contábil, independentemente de ser homem ou mulher, tende a evoluir de modo a ter uma visão holística da organização e gerenciar informações estratégicas para o crescimento dela.”

Para Márcia, diante dessa contabilidade moderna, a mulher deve, acima de tudo, saber impor seus pontos de vista com personalidade, mas sem abrir mão das características que, historicamente, as tornaram tão especiais, como a delicadeza, a feminilidade e seu poder de convencimento. Ela lembra ainda que durante séculos a profissão foi extremamente masculinizada, mas hoje não há mais obstáculos ou dificuldades encontrados pelas mulheres: “As oportunidades estão aí para os profissionais buscarem o seu espaço, independentemente do gênero. Basta mostrar competência, ter postura e trazer resultados positivos”.

Fonte: Revista Dedução

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