quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Carga tributária deve ficar próxima de 37% do PIB no ano


Especialistas afirmam que a carga tributária neste ano não deve ser muito diferente do que foi em 2012 e 2013, mas ainda representará por volta de 36% ou 37% de um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de R$ 4 trilhões. Na opinião deles, qual seja o candidato eleito à Presidência da República deverá fazer alguma mudança no sistema tributário. Mas eles ainda pouco conhecem as propostas desses presidenciáveis.

Estudo mais recente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que a carga tributária em relação ao PIB deverá apresentar um pequeno aumento em 2013, quando comparada com 2012, fechando em 36,42%, contra 36,37% do ano anterior, com uma leve expansão 0,05 ponto percentual. O resultado oficial do ano passado ainda não tem data para ser divulgado pela Receita Federal.

"A tendência é de que com o ritmo da economia e as eleições, nenhum movimento seja feito para que a arrecadação de impostos suba muito, deve apresentar um crescimento nominal, ou seja, abaixo da inflação. Mas isso não quer dizer que essa carga está baixa", comenta o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

De fato, mesmo com o fraco desempenho atual da economia, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) - que mostra o valor pagos de impostos, taxas e contribuições para União, Estados e municípios - chegou a marca de R$ 1 trilhão 15 dias antes do que foi em 2013.

"Fatores como inflação alta, crescimento do consumo, e aprimoramento da fiscalização, além da retomada da cobrança do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] explicam essa velocidade. Contudo, o fato de que a arrecadação cresce mais do que o PIB revela que a carga tributária é muito alta", entende Marcel Solimeo, economista-chefe da ACSP. A expectativa da entidade é de que o Impostômetro feche este ano em quase R$ 2 trilhões.

Na opinião da ACSP, propostas para resolver esses pesos é reduzir os gastos públicos que diminuiria a necessidade de ter impostos para elevar a receita e a simplificação tributária. "Essa última seria importante para reduzir o custo de pagar impostos no País. Além de que seria benéfico ao próprio fisco", afirma Solimeo.

Segundo ele, independentemente de quem for eleito deverá fazer mudanças no sistema tributário, e o ideal era que os gastos públicos fossem reduzidos. "Sem isso, ou o governo terá que elevar a arrecadação [com mais impostos cobrados], ou aumentar a dívida pública ou deixar a inflação em alta. De qualquer jeito, serão soluções difíceis para qualquer candidato eleito", disse.

Propostas

Olenike lembrou que o atual governo federal já tem propostas que há tempos estão em discussão, mas ele sugere que a cobrança de impostos seja transferida do consumo para grandes rendas, com alterações das alíquotas de Imposto de Renda e de patrimônios.

Já com relação à simplificação de impostos, o Movimento Brasil Eficiente (MBE) encaminhou proposta aos presidenciáveis para simplificar os tributos no período de quatro anos. De acordo com a Erika de Oliveira e Silva, coordenadora do movimento apartidário, os candidatos mostraram interesse nas sugestões, "mas não dá para saber se eles implementarão as propostas".

"Em 2011 e 2012, conversamos com o ministro [da Fazenda], Guido Mantega, e com o vice-presidente Michel Temer, que se mostraram entusiasmados com as medidas, mas nada até agora foi feito. Na semana passada, nos encontramos com os coordenadores de campanha de Aécio Neves [PSDB] e do Eduardo Campos [PSB] e eles afirmaram estar dispostos a simplificar os impostos", comentou Erika.
O chamado Plano Real dos Impostos prevê que no primeiro ano a folha de pagamento, a COFINS, PIS e Cide seriam unificados. E seriam criados o Conselho de Gestão Fiscal para acompanhar a aplicação dos recursos públicos, além de lançar a Organizadora Nacional de Distribuição de Arrecadação (Onda). "A Onda seria uma espécie de Cetip [câmara de custódia de títulos], um órgão independente que centralizaria a arrecadação depois distribuiria para os governos", elucida.

Nos 24 meses seguintes, o ICMS que é estadual se tornaria federal e se chamaria URV federal, o IPI se juntaria às contribuições, na última fase todos esses tributos formaria o Nacional Compartilhado (NC). Também durante esse processo, o CSLL e IR, ao se juntarem, após 48 meses, seriam o Novo IR.

Ela disse que se houver essa simplificação, junto com a redução dos gastos públicos, a carga tributária cairia para 30% do PIB em 10 anos. "Iremos continuar a pressionar o presidente eleito."

Fonte: DCI

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