Um
dos maiores desafios na hora de administrar uma empresa é manter as contas em
dia – especialmente porque muitos donos de negócios não possuem experiência na
área.
Muitas
vezes, os donos de negócio focam no que os atraiu ao empreendedorismo – o
desenvolvimento do produto – e se esquecem dos “bastidores”, como a área de
contabilidade. “O gestor de qualquer empresa tem de estudar administração.
Mesmo que não vire um especialista, é preciso ter noções básicas e conseguir
olhar para dentro da sua própria empresa”, completa Tiago Oliveira, sócio da
consultoria Brapartner.
Assim
a EXAME.com selecionou algumas pegadinhas no mundo das finanças, que podem
estar comendo seu orçamento empresarial. Confira quais são os vilões que roubam
dinheiro do seu negócio sem você perceber – e o que fazer para enfrentá-los:
1. Juros em compras,
contas e empréstimos
Na
hora em que você negocia compras a prazo com seus fornecedores, você leva em
consideração quanto de juros está embutido no acordo?
Lembre-se:
é sempre bom fazer as contas com precisão e verificar se vale a pena parcelar a
compra de matéria-prima.
“Compare
a taxa de juros que você paga no produto embutido com a taxa de empréstimo
praticada para o valor que você pegaria emprestado para pagar à vista. Assim,
você saberá se vale a pena ou não. Às vezes, esse cálculo passa desapercebido
pelo empreendedor”, explica Araújo, do Ibmec/MG.
Outra
conta que os empreendedores não costumam fazer é a da multa paga por contas em
atraso. “Pode acontecer por falta de dinheiro, mas também por falta de
organização. De qualquer jeito, é sinal de falta de controle financeiro.
Arrumando as contas, você evita perder dinheiro por algo tão evitável.”
Vale
lembrar que nem sempre pagar juros é algo negativo – desde que você tenha feito
as contas e esteja buscando uma modalidade correta de financiamento para o seu
negócio. “O empreendedor pode estar buscando uma linha inadequada para seu tipo
de negócio”, conclui o especialista.
Por
exemplo, pegar dinheiro via cheque especial para financiar o capital de giro
não é uma boa ideia, por conta dos altos juros. Sempre vale a pena pesquisar
mais e conhecer os diversos produtos oferecidos pelas instituições financeiras.
2. Tarifas bancárias e de
maquininhas
Outra
área que costuma passar batida pelos donos de negócio é a de tarifas. Por
exemplo, quando o banco cobra um valor pelo serviço que presta: movimentação na
conta corrente e na poupança e a realização de transferências, por exemplo. “Os
empreendedores muitas vezes sequer percebem que estão pagando tais tarifas. É
preciso que você veja o quanto está pagando e renegocie com o banco a redução
desses valores. Ou busque alternativas financeiras com custos menores”,
recomenda Araújo, do Ibmec/MG.
Se
seu negócio usa uma maquininha, fique atento: também há tarifas cobradas sobre
a venda realizada por meio de cartão de crédito. “É uma vantagem trabalhar com
cartão de crédito, mas fique atento ao custo que isso incorre. Saiba quanto
você realmente leva ao vender um produto, descontando o aluguel da maquininha e
o percentual de venda que é cobrado pela administradora”, conclui o docente.
3. Falta de acompanhamento
dos gastos operacionais
Muito
dinheiro pode ser perdido caso as despesas do dia a dia não sejam controladas
com precisão – por meio de um fluxo de caixa, por exemplo. Para Oliveira, da
Brapartner, faz falta o olhar do gestor para a operação diária, semanal e
mensal da sua empresa. “Isso acaba gerando gastos desnecessários. Por exemplo,
os funcionários ficam sem um processo padrão para cotar produtos e ainda podem
deixar a luz ligada todo o tempo, gerando despesas a mais.”
A
situação pode ficar ainda mais séria e gerar pequenas desonestidades: desde o
fechamento de compras com fornecedores apenas por amizade até pequenos furtos.
“Você deveria fazer uma auditoria constante e, principalmente, coibir a falta
de honestidade por meio da transformação da cultura da sua empresa para que ela
seja voltada para a ética”, explica Eid, da FGV.
“Se
os funcionários sabem que a empresa possui processos e que o dono pede a explicação
dos custos, cria-se uma cultura de contenção dos gastos. Por isso, crie
políticas internas de aprovações de acordos, de compras e de contratações, por
exemplo”, completa Oliveira.
4. Ineficiência nos
processos
Pare
e pense: há uma forma mais eficiente de fazer atividades que você já realiza na
sua empresa? Se a resposta for sim, saiba que seu negócio está perdendo
dinheiro à toa.
Você
precisa revolucionar a forma como pensa no seu orçamento, diz Eid, da FGV. Isso
pode ocorrer por meio de um método chamado de “orçamento base zero”: no lugar
de se basear pelos gastos dos anos anteriores, comece do zero e prove cada item
do orçamento separadamente, sem ter uma base em que se apoiar. Assim, você
sempre terá a mente aberta para cortar o que for ineficiente.
“Você
aloca dinheiro para algo específico e acaba se habituando com certos gastos,
sem questionar se eles estão lá porque devem estar ou porque são costumes.
Quando você vai fazer o orçamento da empresa, deveria partir do zero e repensar
se você deveria gastar com aquilo ou não. Será que eu realmente preciso desses
gastos?”, explica o docente.
Nessa
avaliação, também vale a pena pensar na área de contabilidade: afinal, ela é a
responsável por você não perceber dinheiro que vai pelo ralo. “Não controlar
demonstrações financeiras, fluxo de caixa e impostos é algo muito grave. Não só
pela gestão em si, mas até por futuros investimentos: você precisará mostrar a
empresa para o mercado, e uma empresa organizada vale muito mais do que uma
desorganizada”, completa Oliveira, da Brapartner.
5. Impostos inadequados
Há
diversos modelos de tributação adequados para uma pequena empresa, de acordo
com seu faturamento, porte e tipo de atividade. É possível seguir o Lucro
Presumido, o Lucro Real ou o Simples Nacional, por exemplo.
“É
importante que o empreendedor conheça a melhor opção para ele e, assim, evite
perder dinheiro por um enquadramento tributário inadequado. Para isso, vale a
pena conversar com um contador para saber qual a melhor opção”, recomenda
Araújo, do Ibmec/MG.
6. Formação de preço ruim
Vender
mais nem sempre é garantia de lucro maior: se você não fizer a precificação
correta dos seus produtos ou serviços, pode estar perdendo dinheiro a cada
negócio fechado.
Se
você não sabe com precisão qual o custo total da sua mercadoria – desde os
juros ao comprar matéria-prima até os valores de transporte e taxas de
transações a prazo -, não conseguirá saber por qual preço deve vendê-la. “Sem
esses dados, você não calcula sua margem. Isso se origina de uma falta de
análise na hora de formar preços”, explica Oliveira, da Brapartner.
7. Gastos que não agregam
valor à empresa
Faça-se
um último questionamento, mais existencial: você pode até querer um escritório
maior ou tecnologias de ponta, mas será que isso realmente resultará mais
satisfação ao seu cliente e, portanto, mais vendas? Se a resposta for negativa,
você pode estar deixando sua empresa no vermelho por nada.
“Muito
dinheiro se perde gastando com itens que não necessariamente trazem valor ao
consumidor”, resume Araújo, do Ibmec/MG. “Antes do gasto, pense se aquilo irá
fazer com que seu cliente fique satisfeito e compre mais da sua empresa. Por exemplo,
gaste em reformas se você entender que seu cliente valoriza isso. Se não for
algo reconhecido, não adianta.”
Fonte:
Exame.com
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