As
despesas extras de fim de ano se aproximam. Natal e Ano Novo sugerem gastos. E
a expectativa é que a economia não se recupere totalmente em 2017, já que este
ano foi marcado por uma forte movimentação política e econômica. Diante desta
realidade, em entrevista ao Portal Dedução, o especialista em Educação
Financeira Uesley Lima ressalta que todo empresário deve levar em consideração
que ainda vivemos em um País com alto índice de desemprego, o que faz com que,
a cada dia, as famílias fiquem mais endividas.
Ele
explica que é natural que, nessa época de consumismo acelerado, as pessoas
fiquem movidas pelo espírito de mais um ano que se passa. “Portanto, cada um –
pessoa física ou jurídica, dentro da sua realidade, tem de ficar extremamente
atento aos gastos”.
É importante que as
empresas planejem seus gastos de fim de ano?
Vivemos
uma mudança política econômica importante no País. Começamos o ano com 12
milhões de desempregados, mergulhados na inflação acima da meta e com alta taxa
de juros. Um ciclo vicioso que fez o País perder seu poder de crescimento. Ser
funcionário trouxe medo, medo do desemprego, ser empresário trouxe angústia,
aflição de não arcar com seus compromissos. Com a mudança política tivemos uma
injeção de ânimo e esperança. E é neste momento de dúvida, que o foco do
empresário deve ser na contenção de gastos, no controle ponto a ponto. Chegamos
ao fim do ano, momento de comemoração e novas expectativas para o ano que
começa, então a ordem deve ser planejamento, controle de caixa, moderação sobre
o que é relevante.
É possível (e oportuno)
economizar nas festas de fim de ano empresariais?
Não
só é possível economizar nas festas de final de ano, como no atual momento de
incertezas, isso é praticamente uma obrigação. No final do ano todos somos
tomados pelo espírito do novo, da expectativa, do sonho. E uma das formas
natural do ser humano compensar a adversidade ou até mesmo as conquistas é
através da confraternização. Então fica a dica, o que as pessoas realmente
querem é o relacionamento pessoal, neste final de ano não deixem de comemorar,
porém tenham consciência do custo que estas festas podem trazer, optem pelo que
for pessoal, em conversar e escutar os funcionários e preparar todas as etapas
do evento.
Em sua opinião, planejar
com antecedência é preciso para a confraternização não acabar seguindo a
temática do terror?
Planejamento
do evento é essencial para que a festa seja um sucesso, que os custos estejam
controlados e também para que não ocorra aquela famosa ressaca e vergonha pós-festa.
Alguns pontos importantes devem ser levados em consideração, como: número de
convidados exato e se estes poderão levar acompanhante; verificar com
antecedência o espaço e, se possível escolhê-lo dentro do orçamento; bebidas
alcoólicas custam e podem ser o grande vilão, por isso é importante estabelecer
um horário para começar a servir, por exemplo após o pronunciamento dos
superiores, e um prazo para servir; optar, se este for o caso, por um buffet
reduzido; conceder espaço para os talentos internos; estimular e engajar a
equipe, sempre optando por atividades de integração.
O Contador pode ajudar o
empresário quando o assunto é festa de fim de ano?
Peça
fundamental no crescimento da empresa, ter um bom contador, melhor que isto, um
contador que realmente seja presente e confie, não só vai ajudar no planejamento
financeiro para as comemorações de final de ano, mas terá papel importante em
decisões contábeis corriqueiras como salários, participação de lucro dos
funcionários, presentes e brindes que serão dados aos empregados e
colaboradores.
Ao fazer um bom
planejamento, fica mais fácil cuidar do orçamento para não faltarem recursos
para as despesas que vêm em janeiro, como férias de funcionários e impostos que
tradicionalmente abrem o ano?
Planejar
muitas vezes faz com que não só a empresa, mas a pessoa comum encare uma
realidade dura, que muitas vezes ela prefere esconder a ter de enfrentar de
frente. Essencial para um crescimento sadio e para um fluxo de caixa
confortável, toda empresa tem que ter o total controle daquilo que entra de
receita e suas despesas, que até certo ponto parece ser o óbvio, mas muitas
vezes negligenciado. E somente a partir deste controle podemos fazer um
diagnóstico da saúde financeira da empresa, e de forma estratégica assumir os
custo e encargos de final de ano, tanto quanto em relação aos funcionários ou
quanto as projeções e expectativas para o próximo ano.
As despesas de fim de ano
também geram reflexos na apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, bem como na escrituração contábil?
Distribuir
brindes ou presentes é uma das melhores formas para recompensar funcionários,
agradecer colaboradores e estreitar o relacionamento com clientes e
fornecedores. Acontece que, como todas as despesas realizadas pelas empresas,
os brindes também geram reflexos no fluxo de caixa da empresa. A dica
fundamental é: contar sempre com a ajuda do profissional da Contabilidade para
resolver estas questões. É este especialista quem irá ajudar o empresário com
toda legislação específica, com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços – ICMS, a declaração dos impostos e todo tratamento
contábil.
Muitos empresários
consideram fim de ano como sinônimos de despesas. Qual sua opinião sobre este
pensamento?
Na
realidade esse é um fato que reflete justamente a saúde financeira da empresa.
Vou tentar ser o mais específico possível, em duas situações distintas. Em um
primeiro momento, um empresário endividado, com crescimento menor que o
esperado, enfim, que não chega ao final do ano como gostaria, simplesmente gera
mais despesa, mais encargos. Em um segundo plano, um empresário que chega ao
final do ano com caixa acumulado, com perspectiva de mais crescimento, vive na
mesma época o oposto. Qual dos dois está certo? Somente poderíamos responder
vivendo a situação de cada um, porém de uma coisa tenho certeza, todos
gostaríamos de estar na situação número dois, de termos planejamento
financeiro, de chegarmos ao fim do ano com metas batidas, com expectativas
realizadas, e assim encararíamos o final de ano como deve ser encarado, como
época de renovação, de novas metas e de novos planos.
O peso da folha de
pagamento no balanço geral de uma empresa no fim do ano aumenta
significativamente. Como arcar com essa situação se a empresa estiver no
vermelho?
Embora
gere esperanças pelo aquecimento do consumo, o período de fim de ano traz,
também, dores de cabeça para as empresas. O pagamento do 13º salário de
funcionários, impostos e os dias parados são dificuldades, principalmente àquelas
que não se planejaram adequadamente. O primeiro grande passo então é se
programar, não somente pensar no dinheiro que entra na empresa, mas também no
que sai. Porém, para quem não se programou, ou pior, para aqueles que estão no
vermelho, o cuidado tem de ser redobrado para não cair em armadilhas, sabendo
que não podem fugir das despesas, não existe como não pagar o 13º, por exemplo.
Neste caso, possíveis soluções devem ser avaliadas de empresa para empresa, mas
na maioria tentar evitar medidas que levem a tomada de crédito, como: combinar
com fornecedores a postergação dos pagamentos ou negociar o adiantamento das
receitas de cliente; normalmente, é nessa época do ano, também, que muitos
contratos de fornecimento se encerram, dando oportunidade às empresas de
reavaliarem seus compromissos antes de renová-los; redução de custo e até mesmo
a avaliação de usar o capital de giro. E sempre levar em consideração que este
problema tem potencial para se transformar em um ganho para as empresas, caso
aproveitem o momento para readequarem suas estratégias.
O senhor aconselha, como
solução às empresas endividadas, pegar capital de giro em instituições
bancárias e diluir o valor do pagamento em vários meses?
Capital
de giro é o capital necessário para financiar a continuidade das operações da
empresa, como recursos para financiamento aos clientes (nas vendas a prazo),
para manter estoques e para pagamento aos fornecedores (compras de
matéria-prima ou mercadorias de revenda). Além disso, ele pode ser útil para
pagar impostos, salários e demais custos e despesas operacionais. Assim, o
capital de giro é uma ferramenta operacional importante para empresa, deve ser
avaliado a sua utilização com inteligência financeira e pode sim ser usado para
ajustas pendencias financeiras.
Fonte:
Portal Dedução
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