Embora
gere esperanças pelo aquecimento do consumo, o período de fim de ano traz,
também, dores de cabeça para as empresas. O pagamento do 13º salário de funcionários,
impostos e os dias parados são dificuldades para as companhias, principalmente
àquelas que não se planejaram adequadamente para o aumento das despesas. Para
quem não se programou, porém, o cuidado tem de ser redobrado para não cair em
armadilhas de financiamento, que, além de comprometerem receitas futuras, não
atacam a raiz dos problemas, segundo especialistas.
“Sem
planejamento, vai acontecer de novo no ano que vem. É bom que se comece já, se
não der tempo para esse ano, que pelo menos dê para o próximo”, argumenta o CEO
da Expense Reduction Analysts (ERA), consultoria voltada à redução de custos,
Fernando Macedo. As empresas que não se programaram, porém, não podem fugir das
despesas. “Não existe como não pagar o 13º, por exemplo. E apelar para bancos
para isso é péssimo, pois o custo do dinheiro agora é muito pior para
transações a curtíssimo prazo”, continua o consultor.
Até
por isso, possíveis soluções, particulares a cada companhia, incluem medidas
que evitem a tomada de crédito. Combinar com fornecedores a postergação dos
pagamentos ou negociar o adiantamento das receitas de clientes, por exemplo,
podem ser opções para os empresários pegos desprevenidos.
O
que pode ser um problema, porém, tem, também, o potencial para se transformar
em um ganho para as empresas, caso aproveitem o momento para readequarem suas
estratégias. O ideal, segundo o consultor João Carlos Natal, do Sebrae-SP,
seria conseguir reservar 1/12 da quantia necessária para o pagamento do 13º e
de férias todos os meses, inclusive como forma de investir essa parcela em
aplicações e utilizar os seus rendimentos caso as expectativas de faturamento
da empresa não se confirmem.
“Quem
se programa tem o dinheiro guardado, então quando chega o fim do ano está
tranquilo, independentemente de a empresa ter vendido mais ou menos, mesmo em
um ano ruim”, comenta Natal, destacando que a falta de planejamento e de gestão
são duas das principais causas de falências de empresas.
Normalmente,
é nessa época do ano, também, que muitos contratos de fornecimento se encerram,
dando oportunidade às empresas de reavaliarem seus compromissos antes de
renová-los. Em um ano de pouco crescimento e sem previsão de grande retomada
até 2016, é hora para as empresas justamente procurarem melhores preços de fornecedores,
pressionando os atuais a renegociarem suas parcerias ou buscando novas opções
no Brasil ou no exterior, caso necessário, de acordo com o consultor da Parcon,
Pedro Parreira.
“O
empresário brasileiro ainda é muito ligado à economia de antigamente, quando a
empresa fazia os cálculos e determinava o preço dos seus produtos. Hoje, quem
fixa o preço é o mercado, e as empresas precisam se preparar para isso”,
justifica ele. Outras frentes de atuação envolveriam reorganizar as metas de
vendas, com premiações claras aos vendedores, e até mesmo rever opções
tributárias, quando possível, para dar maior flexibilidade à empresa na hora de
definir o valor de venda de seus produtos.
Redução de custo e capital
de giro devem ser valorizados
Grande
parte da necessidade de planejamento das empresas durante o ano é conseguir
chegar no período de maiores custos com uma boa quantidade de capital de giro,
argumentam os consultores. Tendo dinheiro em caixa, é possível antecipar
pagamentos com descontos, e negociar a compra de estoque à vista, também com
preços melhores, amenizando o impacto das despesas sazonais.
Uma
das formas de atingir esse objetivo é inverter a ordem comum aos diagnósticos
realizados nas empresas: em vez de se preocupar apenas com o que entra, ou
seja, as receitas, passar a atacar também a outra ponta, os custos. Quando a
boa fase da economia puxa os negócios, gastos com limpeza, tecnologia da
informação, entre outros, podem passar despercebidos, mas quando a situação é
desfavorável, podem ser os fiéis da balança, segundo o CEO da ERA, Fernando
Macedo.
“Se
conseguir revisar algum determinado gasto, você alcança economia de 20% a 30%
daquele item”, justifica o consultor. “Não é, porém, deixar de ter aquele
gasto, mas que o gasto seja equalizado às suas reais necessidades. Tem que
olhar mais qualitativamente, mas você não pode ficar sem limpar a empresa, por exemplo”,
diz. Quais os itens e qual o tamanho da redução, porém, dependem do segmento e
da organização da empresa, que modificam o escopo de quais são os itens
periféricos que ajudam a encarecer o produto final.
Fonte:
Jornal do Comércio - RS
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