Quatro
em cada dez produtos fabricados pela indústria de transformação estão no
programa desoneração da folha e devem sofrer o impacto do aumento da
contribuição previsto no projeto de lei encaminhado pelo governo.
A
alta da alíquota de 1% para 2,5%, proposta no PL, atinge 40 segmentos da
indústria e parte deles já estuda o repasse desse custo para o preço. Juntos, o
grupo de desonerados representa 36% do total que a indústria faturou e 54% do
total de empregos em 2014.
Indústrias
têxteis, de vestuário, calçados, plásticos, alimentos e móveis estimam que o
repasse deve ser de 2% a 10% no preço final.
"Ou
a empresa aumenta o preço, o que afeta diretamente a inflação, em um momento em
que o consumo está fraco, ou absorve esse custo, o que tem efeito direto no
corte de investimentos", diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor do
departamento de competitividade da Fiesp.
Empresas
têxteis e confecções, as primeiras a entrar no programa de desoneração em 2011,
preveem dificuldades para fazer o repasse.
"A
desoneração representa 10% do preço final do produto. Com aumento de energia,
combustível, do dólar (que encarece o insumo importado) e alta de juros, será
difícil absorver mais esse custo", diz Ronald Masihah, do Sindivestuário.
Nas
empresas de pequeno a grande porte, a avaliação é a mesma. Antonio Trombeta,
dono de uma confecção com 70 empregados, diz que, com a concorrência dos
importados, a desoneração da folha foi importante para baixar os preços em até
4%. "Em março, as vendas caíram até 20%. Sem o incentivo, o repasse terá
de ser acima de 5%."
No
grupo Marisol, o repasse também é estudado. "Não é uma decisão simples. O
consumidor se acostumou à estabilidade de preços. Para se habituar a um novo
patamar, será um choque", diz Giuliano Donini, presidente do grupo, com
2.772 empregados.
Para
Flavio Rocha, presidente da Riachuelo, não é o momento de aumentar imposto.
"Se o Brasil não for reinserido no jogo competitivo, todas as conquistas,
da estabilidade da moeda à inserção de milhões de consumidores, ficam
ameaçadas."
No
grupo Guararapes (dono da Riachuelo e de outras empresas), a alta na alíquota
"custa" R$ 60 milhões ao ano.
Fiesp
e associações das indústrias têxteis (Abit), de móveis (Abimóveis) e calçados
(Abicalçados) defendem a extinção do projeto. "No mínimo, a alíquota de 1%
tem de ser mantida para os setores empregadores e que sofrem concorrência
direta dos importados", diz Fernando Pimentel, da Abit.
Fonte:
Folha de S. Paulo
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