Entre
os economistas que acompanham as contas públicas, existe quase um consenso de
que a equipe do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já conseguiu algo como 0,7%
ou 0,8% da meta de 1,2% do Produto Interno Bruto para o superávit primário (a
economia para o pagamento de juros da dívida). Mas cresce também o consenso de
que, como ocorreu em outras ocasiões em que o Estado gastou mais do que podia,
que haverá aumento de carga tributária.
Alguns
já têm até uma projeção de quanto será a conta para o contribuinte. “Aposto com
qualquer um que teremos entre 2015 e 2016 um aumento de pelo menos 2 pontos
percentuais: a carga tributária vai superar 40% do PIB”, diz o economista
Mansueto Almeida. “Acho terrível e isso vai comprometer o crescimento do País,
mas não haverá outra alternativa porque este é um ajuste muito complicado de
ser feito.”
Segundo
Mansueto, a reestruturação das contas públicas pode não se restringir a 2015. “Vai
estender por 2016 e não ficaria surpreso se perdurasse por todo o governo Dilma”,
diz Mansueto.
Em
sua projeção, ele leva em consideração que as receitas estão em queda, por
causa do baixo crescimento, mas estão previstos aumentos de despesas e há
muitas contas pendentes criadas na gestão anterior.
Em
março do ano passado, por exemplo, o governo foi generoso com o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Abdicou de pagamentos de juros
que cobriam repasses feitos pelo Tesouro Nacional. A carência foi estendida. “O
principal de uma dívida do BNDES de R$ 194 bilhões foi renegociada e só começa
a ser pago em 2040”, diz.
Levy
já fez algumas mudanças na estrutura dos gastos que ajudam. Se enquadram, neste
caso, alterar as regras de concessão de abono salarial e seguro-desemprego. Mas
também adiou investimentos e gastos. Muitos deles não poderão ficar represados
por muito tempo. É o caso dos recursos para a educação. Entre janeiro e
fevereiro deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, as
instituições federais de ensino sofreram uma redução de quase 34% na verba
dirigida ao seu funcionamento. “Não há como segurar coisas assim por muito
tempo”, diz o economista. “Em algum momento será preciso elevar a tributação.”
Fonte:
O Estado de S. Paulo
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