Mês
após mês fazemos um levantamento dos nossos gastos fixos e prováveis para o
próximo período, tais como: alimentação, aluguel, água, luz, telefone,
internet, gás, escola dos filhos, plano de saúde e outros. Isso considerando
apenas as despesas essenciais, mas existem ainda gastos imprevistos que variam
desde um encanamento que estourou, ao carro que quebrou, uma viagem
inesperada… Às vezes parece que o
dinheiro conquistado com árduo trabalho escorre pelos dedos.
No
caso dos contadores, eles têm mais uma despesa a calcular: o investimento feito
em Educação Profissional Continuada, que é obrigatório para algumas funções da
profissão. Para saber mais sobre o investimento destinado a cumprir os 40
pontos exigidos pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, o Portal Dedução
fez um levantamento junto às entidades e empresas promotoras de cursos e
eventos e as universidades de Ciências Contábeis e detectou que o contador desembolsa,
no mínimo, R$ 2.400 ao ano para atender a essa exigência. Esse valor considera
apenas cursos de capacitação profissional, sem incluir cursos de pós-graduação,
publicação de artigos ou mesmo atividades docentes e participação em
congressos, o que elevaria ainda mais este valor.
Vale
lembrar que os 40 pontos podem ser obtidos de várias formas: lecionando,
orientando trabalhos científicos, publicando artigos, participando de
congressos, conferências ou seminários, e através de cursos (até mesmo de
pós-graduações).
Em
média, os cursos que fornecem oito pontos custam R$ 500 cada. Algumas empresas
especializadas em capacitação oferecem um pacote que engloba vários cursos,
cuja somatória de pontos atende às exigências do CFC. Esta opção tem o valor de
R$ 2.400. Já para participar do Congresso Brasileiro de Contabilidade,
promovido pelo CFC, de quatro em quatro anos, por exemplo, o profissional
precisa desembolsar R$ 1.200 para obter até 30 pontos. Isso sem falar em
hospedagem, passagem e alimentação para os que moram em uma cidade diferente
daquela na qual o evento é realizado.
Um
curso de pós-graduação em Controladoria, por sua vez, custa em média R$ 24 mil,
com duração de dois anos. Mas ainda assim, esta especialização não oferece o
total de pontos necessários ao Contador para atender ao programa, por ano.
Quem deve cumprir o PEPC
Segundo
o vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CFC, Nelson Zafra, em
dezembro do ano passado, a norma brasileira que regulamenta a Educação
Profissional Continuada foi alterada para abranger, além de auditores e responsáveis
técnicos, os responsáveis técnicos pelas demonstrações contábeis das empresas
reguladas pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(Previc). Esses profissionais devem
cumprir o programa entre janeiro e 31 de dezembro deste ano e comprovar até o
dia 31 de janeiro de 2018.
Zafra
defende que a grande vantagem de participar do programa é, primeiramente, a de
se manter no mercado de trabalho. “Com todas as mudanças que foram
implementadas a partir de 2008, quando o Brasil adotou os padrões contábeis
internacionais, passou a se exigir grande conhecimento e constante aprendizado
técnico, além de conhecimento multidisciplinar, sendo que os profissionais
preparados e atualizados dentro das novas determinações dominarão o mercado”,
reforça o dirigente.
Nelson
conta que o programa tem dado os resultados esperados, mas acrescenta que o
Brasil precisa se aculturar muito ainda em educação continuada. “A maioria dos
brasileiros faz educação continuada porque é obrigatória e não por cultura,
salvo as exceções é lógico”, aponta.
O
contador Claudinei Tonon observa que, em tempos de crise econômica, é inegável
que pesa no bolso dos profissionais participar das atividades que pontuam no
Programa de Educação Profissional Continuada, principalmente para quem está
ingressando no mercado. Por outro lado, orienta do diretor, existem opções
gratuitas, basta conciliar datas com horários disponíveis, inclusive com cursos
e palestras online e mesmo estudar sozinho, por meio da leitura e pesquisa em
livros científicos sobre Contabilidade. “Não podemos esquecer que
independentemente da obrigação, nossa profissão tem se valorizado em função das
atualizações que são constantes. Nesse aspecto, os estudos são primordiais para
o profissional estar preparado e competindo no mercado com maior valorização”,
reforça.
Claudinei
Tonon destaca ainda que as empresas que se preocupam com a qualidade e formação
e atualização do seu quadro de pessoal, costumam pagar alguns destes cursos e
aprimoramentos para os seus funcionários, uma vez que manter uma equipe
atualizada é fator primordial para a empresa tornar-se competitiva e oferecer
serviços diferenciados ao mercado.
Salários
Um
levantamento realizado pelo site de empregos Catho apresenta que a média
salarial nacional de uma série de cargos ocupados por contadores, tem as
seguintes variações: Trainee em Ciências Contábeis: R$ 1.020; Auditor Contábil:
R$ 2.744; Contador: R$ 4.631; e, Contador Gerencial: R$ 4.292. Ou seja: para
quem mora em uma cidade com custo de vida alto, como são Paulo e Rio de
Janeiro, o investimento em educação continuada é consideravelmente alto.
Escolha
Professor
de Ciências Contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie, José Carlos
Tiomatsu Oyadomari lembra que nem sempre o CFC consegue atender aos interesses
de todo mundo, por ser federal. Por isso, a obrigatoriedade de pontuar pode
desagradar a alguns profissionais da Contabilidade. Mas dá uma dica aos
contadores obrigados a isso: fazer desse limão uma limonada. “Agregue valor à
sua carreira por meio dos investimentos que precisará fazer. Há várias opções
de curso no mercado, por isso, escolha os que se enquadram no seu objetivo
profissional. Quem quer desenvolver uma carreira acadêmica deve optar por fazer
artigos. Já quem deseja ser consultor, deve estudar algo que o leve a isso”,
aconselha.
Fonte:
Portal Dedução
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