A
Receita Federal vai ampliar em 2017 a fiscalização da contribuição
previdenciária paga pelas empresas. Um dos focos dos auditores será as empresas
exportadoras que foram desoneradas. As empresas que têm trabalhadores expostos
a riscos do ambiente de trabalho e que pagam uma contribuição maior à
Previdência Social também estão no alvo da Receita.
No
plano anual de fiscalização, que será anunciado na próxima semana, as empresas
desoneradas da folha de pagamentos serão priorizadas. A Receita identificou indícios
de que as companhias exportadoras, que também possuem atividade voltada para o
mercado doméstico, estariam "desviando" a folha de trabalhadores para
o lado exportador da empresa, que é desonerado da contribuição com a finalidade
de pagar menos tributo.
Cerca
de 14 mil empresas que se declaram falsamente serem optantes do Simples,
sistema simplificado de tributação, que permite um pagamento bem mais baixo da
contribuição previdenciária, já caíram na malha fina da Receita. Elas terão 60
dias para se explicar à Receita e regularizarem a situação. Se elas não o
fizeram, serão autuadas a partir de maio. O tamanho da fraude chega a R$ 511
milhões. A multa pode chegar a 225%.
Para
a Receita, a complexidade do modelo de desoneração da folha criado no País abriu
brechas para a sonegação fiscal. Desde o ano passado, a Receita montou uma
força-tarefa com a elite dos auditores fiscais do País para investigar fraudes
tributárias praticadas pelas empresas que foram contempladas pela desoneração
da folha de pagamentos, benefício que começou em 2014.
Segundo
o subsecretário de fiscalização da Receita, Iágaro Jung Martins, a arrecadação
da contribuição tem caído depois da desoneração, aumentando o rombo das contas
da Previdência. Para o secretário, a fraude das empresas que se declaram do
Simples é "primária" diante dos sistemas de cruzamento da Receita,
mas mostra o alcance das fraudes.
Essas
empresas se declararam como optante do Simples na Guia de Recolhimento do FGTS
e de Informações à Previdência Social (GFIP) e assim não apuraram a
Contribuição Patronal de 20%, nem o valor do Grau de Incidência de Incapacidade
Laborativa Decorrente dos Riscos do Ambiente de Trabalho (GILRAT) sobre o valor
da folha de salários.
O
aperto na fiscalização ocorre no momento que o tamanho das renúncias
previdenciárias está no centro das discussões da proposta da reforma da
Previdência. Só no ano passado as renúncias representaram 30% do déficit da
Previdência de R$ 149,7 bilhões.
Fonte:
Diário de Pernambuco
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