A
presidente Dilma Rousseff avisou nesta sexta-feira, 20, que o seu compromisso é
com o reajuste da tabela do imposto de renda de pessoa física (IRPF) em apenas
4,5%. Segundo Dilma, se o Congresso derrubar o veto que impedia o reajuste de
6,5%, o governo não terá como bancar este valor.
“Nós
não estamos vetando porque queremos. Nós estamos vetando porque não cabe no
orçamento público”. Declarou Dilma, em rápida entrevista, após receber as
credenciais de cinco embaixadores, no Palácio do Planalto.
“Eu
tenho um compromisso e vou cumprir meu compromisso, que é de 4,5%”, insistiu.
Quando
os repórteres reiteraram que o Congresso já disse que vai derrubar os 4,5%
Dilma respondeu: “eu sinto muito, eu sinto muito”. E emendou: “se por algum
motivo, não quiserem os 4,5%, nós vamos ter que abrir um processo de discussão
novamente. Nunca deixamos de esconder que era de 4,5%. O governo só tem
condições para olhar os 4,5%”. Dilma sinalizou, no entanto, que pode negociar
sobre a legislação que trata de benefícios como pensão por morte e pagamento de
seguro-desemprego. “Sempre há negociação”, disse ela, lembrando que está dialogando
com o Congresso e os movimentos sociais.
Na
entrevista, Dilma lembrou que já mandou a proposta de reajuste de 4,5% para o
Congresso por pelo menos duas vezes. “Eu já mandei duas vezes. Vou chegar à
terceira vez”, comentou a presidente, explicando que vetou porque não tinha
condições de pagar mais do que 4,5% de reajuste. “Vetei sim e vetei não é
porque não queria fazer. Vetei porque não tem recursos pra fazer. É essa
questão. Meu compromisso é 4,5%”, reforçou.
Na
quinta, o tema foi discutido em reunião no Planalto da presidente Dilma com os
ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa. A
reunião, que em parte contou com a presença do ministro da Previdência, Carlos
Gabas, tratou também da flexibilização de benefícios como pagamento de pensão
por morte ou pagamento de seguro-desemprego.
Questionada
se vai flexibilizar as medidas provisórias que encaminhou ao Congresso que
preveem alterações nas regras de concessão de benefícios, a presidente declarou
que está propondo “aperfeiçoamento da legislação”. Para a presidente, “só ser
contra, por ser contra, não, e só ser a favor, por ser a favor, também não”. E
emendou sinalizando que o governo poderá conversar com as centrais, mas sem
dizer o que aceitaria mudar: “com argumentos e com fundamentos você chega
sempre a uma boa solução”.
“Todas
as medidas que nós tomamos, ela tem um objetivo, não estou falando das medidas
fiscais, estou falando das medidas que têm a ver com seguro-desemprego, abono
doença, abono salarial, pensão por morte, nós estamos aperfeiçoando a
legislação”, declarou. “A legislação tem que ser aperfeiçoada, da mesma forma
que fizemos com o Bolsa Família, que é um programa reconhecidamente de sucesso
porque passa por auditoria”, prosseguiu ela, assegurando que “sempre há
negociação”.
Segundo
Dilma, “ninguém acha que num país democrático como o Brasil, que tem um
Congresso livre, que tem movimentos sociais sendo ouvidos e com os quais você
dialoga, seja algo fechado, que não haja negociação”. Para ela, “sempre há
negociação, mas também há posições claras. Eu acho que os lados têm de defender
posições claras, os diferentes agentes e participantes têm de mostrar com
clareza quais são as posições que tem, com que objetivo”.
Esta
é a primeira entrevista que a presidente concede no segundo mandato. Dilma está
sendo cobrada por estar trancada no Planalto e não estar dialogando com o
Congresso, onde já sofreu várias derrotas.
Fonte:
O Estado de S. Paulo
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