Para
evitar correria e dor de cabeça na hora de prestar contas à Receita Federal
sobre ganhos e despesas de 2018, é bom se antecipar e aproveitar o tempo livre
para reunir documentos e se organizar. Apesar de o Fisco ainda não ter
divulgado as regras para a declaração de Imposto de Renda (IR) neste ano, dá
para se antecipar e evitar problemas futuros.
Túlio,
que preferiu não informar o sobrenome, tem 21 anos, é servidor público e vai
enfrentar o Leão pela primeira vez. Para isso, conta com a ajuda e a
experiência do pai e do irmão. “Eu só sei que preciso declarar minhas doações e
meu rendimento próprio. Por enquanto, ainda estou bem perdido, não sei como a
declaração do IR funciona direito”, disse.
De
acordo com Jônatas Bueno, educador e terapeuta financeiro, a preocupação maior
no momento deve ser reunir documentos. “É bom juntar tudo agora. E, para quem
já declarou, é interessante verificar a documentação do ano passado, ver o que
foi feito, para facilitar a declaração deste ano.” Algumas informações não
mudam. É preciso ter os números da identidade, do título de eleitor, do CPF,
além de endereço, e-mail, telefone e identificação de banco, com agência e
conta, para devolução, quando houver.
Apesar
de alguns documentos necessários para o preenchimento da declaração ainda não
terem sido entregues, como os comprovantes de rendimentos fornecidos por
empresas ou os de recebimento de benefícios do Instituto Nacional de Seguro
Social, é possível separar recibos de saúde — de médicos, dentistas,
psicólogos, fisioterapeutas, internações, exames —, de vendas de imóveis, de
ganhos extras, como com aluguéis, e de pagamentos de escolas.
Se,
no ano passado, a pessoa fez reforma em imóvel próprio, o educador financeiro
aconselha reunir os recibos para abater no total do imposto a ser pago. “É bom
guardar todos os recibos de serviços de manutenção feitos no imóvel para
atualizar o valor do bem e, assim, aumentar o total pago. Isso vai ajudar a
reduzir o imposto a ser pago em uma futura venda”, explicou.
Algumas
doações também podem aumentar o valor a ser restituído pela Receita. Por isso,
é importante separar os comprovantes. É importante ainda pegar no banco o
comprovante com o saldo de conta-corrente e de aplicações financeiras.
A
servidora pública Maria Regina Ferreira, ao contrário de anos anteriores, já
começou a separar tudo que precisa para declarar o IR. “Antes, deixava tudo
espalhado e para a última hora. Este ano, resolvi me organizar.” Segundo ela,
isso tornará tudo bem mais fácil depois. “Já que é um dever, que seja feito
logo, e, se tiver restituição, ela vem mais cedo também”, disse.
Escolha
Outro
ponto importante para a declaração é saber a hora certa de entregar a
documentação ao Fisco. Segundo Bueno, a pessoa precisa levar em conta a rapidez
com que necessita do dinheiro da restituição. Se precisar muito, o ideal é
fazer logo nos primeiros dias. Para quem tem reserva financeira, ele indica
deixar mais para o fim do prazo, pois o valor a receber é atualizado com base
na taxa Selic (taxa básica de juros). “O dinheiro recebido acaba sendo
valorizado”, explicou.
Com
os documentos organizados ou encaminhados, o próximo passo é se preocupar com
outra questão: qual tipo de declaração será mais benéfica. O modelo
simplificado, segundo o contador Geraldo Rodrigues, é indicado para quem tem um
emprego só e poucas despesas restituíveis, pois garante um abatimento de 20%.
Para quem tem várias despesas, é aconselhável fazer o modelo completo.
A
escolha sobre qual a melhor forma de declarar é uma das maiores dificuldades de
Marissa Machado Borges. Ela presta serviços a duas empresas e, para evitar
erros, contrata um contador para auxiliá-la. “A minha maior dificuldade é não
saber se faço a declaração completa ou a simplificada. Depois que entrei na
segunda instituição (outra fonte de renda), fiquei com receio e não tentei mais
fazer sozinha.”
Mas,
apesar do auxílio de um profissional, Marissa já teve problemas com os
documentos. Há oito anos, o contador esqueceu de declarar um livro autoral
dela, o que teve como consequência um prejuízo no ano seguinte. “O contador da
época esqueceu de declarar um material pelo qual havia recebido. Só fui ficar
sabendo na declaração do outro ano, quando apareceu que eu tinha uma pendência.
Entrei em contato com a Receita e tive que pagar o débito com juros.”
Abatimentos
Uma
alternativa para reduzir a voracidade do Leão é ficar de olho nos abatimentos
possíveis, como os gastos com educação, saúde, doações, pagamentos de pensão. O
investimento em previdência privada também permite reduzir o pagamento de
imposto. Foi o que fez o professor Fausto Camelo, que tem vínculo empregatício
em mais de uma instituição de ensino. “Como o ajuste anual sempre me
desfavorece, decidi aplicar em um plano de previdência privada, que me permite
abater até 12% da minha receita bruta anual no IR”, conta.
Além
dessa estratégia, Fausto cadastrou as duas filhas como dependentes, pois,
assim, ele teve o desconto previsto em lei. Além disso, as despesas médicas e
educacionais delas podem ser abatidas. Da mesma forma, o professor lança as
contribuições pagas à Previdência Social para a empregada doméstica. Medidas
tomadas, documentos separados, Camelo espera reduzir a mordida do Leão, ou até
mesmo não pagar mais do que já foi descontado nos seus contracheques.
Fonte:
Correio Brasiliense
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