Enquanto
tenta salvar o Sistema S dos cortes planejados pela equipe econômica, a
Confederação Nacional do Comércio (CNC) vai entregar ao ministro da Economia,
Paulo Guedes, um formato do que considera ser ideal para a criação da “carteira
verde e amarela” – regime trabalhista com menos direitos, mas que garantiria
mais empregos para os mais jovens, segundo o ministro.
A
proposta da entidade é ampliar o atual programa Jovem Aprendiz, que hoje coloca
adolescentes de 14 a 18 anos nas empresas, para incorporar todo o contingente
de jovens até 22 anos. Para o vice-presidente da CNC, Valdeci Cavalcante, a
proposta tem o potencial de empregar 4,5 milhões de trabalhadores nessa faixa
etária nos próximos dois anos.
“Às
vezes a gente atira no que vê e acerta no que não vê. A carteira verde e
amarela é uma ideia fantástica, mas não da maneira como o ministro Guedes
imagina”, afirmou Cavalcante ao Estadão/Broadcast.
Nesse
modelo de Jovem Aprendiz, os contratos da carteira verde e amarela teriam
jornadas de meio período e remuneração em forma de bolsa – inferior a um
salário mínimo (hoje de R$ 998). O resto do dia seria usado pelos jovens em
cursos técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
“Os
jovens de 18 a 22 anos estão em uma faixa de risco na qual muitas vezes o
desemprego – cuja taxa para esse grupo está em mais de 25% – acaba levando a
pequenos delitos. Com a ampliação do programa, será criada toda uma nova
categoria de trabalhadores, com menos custos para os empregadores e com um
grande atrativo de formação”, disse.
Esse
modelo de emprego teria menos direitos que o tradicional da carteira de
trabalho azul, como deseja Paulo Guedes. Por exemplo, não haveria pagamento do
adicional de férias, aviso prévio e outros benefícios, como vale-alimentação.
Direitos
considerados pétreos na Constituição, como 13.º salário e férias, continuariam,
mas com uma liberdade maior no pagamento. Por exemplo, o 13.º poderia ser pago
em 12 vezes e as férias tiradas em várias prestações.
A
contribuição previdenciária dessa categoria – já em um novo regime de
capitalização (sistema pelo qual as contribuições vão para uma conta
individual, que banca os benefícios no futuro) – seria baixa, de 5% a 6% do
valor da bolsa, com mais 2% para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS).
Isso
bastaria para que o tempo de contribuição na carteira verde e amarela fosse
computado e, ao completar 23 anos, o jovem passaria automaticamente para o
regime da carteira de trabalho azul, podendo firmar um novo contrato de
trabalho com a inclusão de mais benefícios.
“A
classe empresarial brasileira já adotou o trabalho social. As empresas são
parceiras e têm interesse em usar essa mão de obra que estará sendo
qualificada”, disse Cavalcante.
Fonte:
Estadão
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