Há algum tempo, o contador era chamado de
“guarda livros”. Essa denominação surgiu, muito provavelmente, porque uma das
suas principais atribuições estava em justamente arquivar (ou guardar) livros e
documentos. O trabalho, altamente mecanicista, exigia pouca especialização e
quase nenhum conhecimento científico.
Com o passar do tempo, seu trabalho ficou voltado, quase que
exclusivamente, em atender as exigências legais. Nos bastidores, os
profissionais contábeis comumente passaram a ser chamados de “darfistas”, visto
sua principal atribuição que era a de preencher guias. Nesta época, possuía uma
postura reativa, quase sem interação com o empresário, atendendo praticamente
só o fisco. Como consequência disso, ele pouco agregava ao negócio do cliente.
Esse papel meramente burocrático, criou o estigma da contabilidade como um custo
obrigatório e de pouca importância na gestão das empresas.
Mas esse panorama vem mudando gradativamente. A melhor qualificação dos
profissionais e a necessidade das empresas em ter informações como ferramenta
fundamental de gestão, fez com que a contabilidade hoje seja ferramenta
estratégica nas organizações.
A tecnologia tem sido um agente preponderante na mudança de atuação da
empresa contábil. Se antes o nosso compromisso era de apenas lançar e gerar as
guias, hoje essa digitação praticamente se extingue. A implantação da Nota
Fiscal Eletrônica, bem como a necessidade de informação na EFD – Escrituração
Fiscal Digital, inviabiliza o lançamento manual devido ao grau de detalhamento
necessário para cumprir a obrigação.
Com esta nova realidade, as organizações contábeis, precisam se adequar
a uma postura mais ativa e reestruturar seus quadros de colaboradores, com mais
consultores e menos “digitadores”. Além disso, se tornam necessários outros
serviços relacionados a área contábil, que irão agregar valor ao cliente, entre
eles o jurídico, a consultoria, o financeiro e o RH.
Em 2015, apesar da obrigatoriedade ser somente para 2016, a implantação
do e-Social exigirá uma atuação forte das organizações contábeis. Elas terão
que, além de se estruturar com equipe e treinamento, capacitar seus clientes,
já que as principais mudanças ocorrerão nas rotinas das empresas contratantes.
O próximo ano nos reserva também a Resolução 1445/13 do CFC, vigente
desde 2014. Essa normatização obriga o profissional/organização contábil a
informar ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) as operações
suspeitas de lavagem de dinheiro dos seus clientes no prazo de 24 horas. Em não
ocorrendo situações suspeitas, deverá ser entregue uma declaração negativa já
em janeiro de 2015.
A Escrituração Contábil Digital (ECD), também conhecida por Sped
Contábil, é outra obrigação que deverá ser cumprida em 2015 por mais um grupo
de empresas. Ela passa a valer para as empresas do Lucro Presumido que
distribuírem lucros em 2014 no valor superior a base de cálculo do Imposto,
diminuída de todos os impostos.
Outra obrigação que deverá ser entregue em 2015, em substituição a DIPJ – Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica, é a Escrituração Contábil Fiscal (ECF). Ela deverá ser transmitida pelas empresas do Lucro Real e Presumido, com as informações que compõe a base de cálculo e o valor devido do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Diante desse cenário, as organizações contábeis precisam se qualificar
para atender essas novas obrigações. Porém o desafio é maior, já que, segundo
os economistas, 2015 será um ano de baixo crescimento e inflação alta, fatores
que exigem ainda mais o fortalecimento da gestão nas empresas e para isso o
segmento contábil cumpre (ou pode cumprir) um papel fundamental.
Por: Diogo Chamun |
Presidente do SESCON-RS
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