São
várias as obrigações tributárias acessórias devidas pelas empresas e cada uma
delas tem suas peculiaridades e legislação específica. Por esse motivo, o
domínio de suas regras representa um desafio para os profissionais dos
departamentos fiscal, trabalhista e contábil. Dentre as inúmeras obrigações
anuais da pessoa jurídica está a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte
(DIRF), cujo preenchimento e transmissão podem gerar uma série de dúvidas.
O
objetivo de tal obrigação é informar corretamente à Receita Federal do Brasil
os rendimentos pagos a pessoas físicas e jurídicas domiciliadas no país, o
montante do Imposto de Renda e das Contribuições retidas na fonte, os
pagamentos a planos de saúde contratados pela empresa em benefício de seus
funcionários, além de informações relacionadas a pagamentos e remessas a
residentes ou domiciliados no exterior. Conheça agora a resposta para as 10
principais dúvidas sobre a DIRF e esteja preparado para orientar seus clientes
sobre o processo:
1. Pessoas obrigadas à
entrega da DIRF
Ao
contrário da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa
Física (DIRPF), que deve ser preenchida e entregue por cada contribuinte pessoa
física, a DIRF fica a cargo das pessoas físicas e jurídicas que efetuam a
retenção na fonte do imposto de renda e das contribuições incidentes sobre a
folha de salário de seus funcionários.
Os
obrigados à entrega da DIRF estão elencados na Instrução Normativa RFB nº 1587,
de 15 de setembro de 2015, e incluem, dentre outros, as pessoas jurídicas de
direito privado, inclusive as isentas ou imunes, pessoas jurídicas de direito
público, pessoas físicas, empresas individuais, condomínios edilícios e comitês
financeiros dos partidos políticos.
2. Obrigatoriedade do uso
do Certificado Digital
Todas
as pessoas jurídicas estão obrigadas à utilização do Certificado Digital para
que possam enviar a DIRF, com exceção daquelas optantes pelo Simples Nacional.
Da mesma forma, os condomínios edilícios, as pessoas físicas e os cartórios
administrados por pessoas físicas não estão obrigados ao uso do Certificado
Digital para fins de remessa da DIRF.
3. Centralização da
obrigação acessória
Havendo
mais de um estabelecimento por empresa, o preenchimento e a transmissão da DIRF
devem ser centralizados na matriz, que deverá consolidar todas as suas
informações e também as de todas as suas filiais em apenas um arquivo
eletrônico.
4. Prazo para entrega
Conforme
estabelecido pela Instrução Normativa RFB nº 1587, de 15 de setembro de 2015, o
prazo para entrega da DIRF no ano de 2016 e até as 23h59min59s do dia 29 de
fevereiro. É importante observar que esse prazo é diferente daquele
estabelecido para a entrega da Escrituração Contábil Fiscal (ECF) do imposto de
renda, que veio substituir a extinta DIPJ, cujo prazo para transmissão é o
último dia útil do mês de setembro do ano subsequente ao período que está sendo
declarado.
5. Possibilidade de
retificação da DIRF
Caso
seja verificada alguma informação incorreta ou incompleta, bem como qualquer
inconsistência na obrigação acessória, o contribuinte tem o prazo de 5 anos a
partir da data de entrega da DIRF para efetuar a sua retificação e corrigir
eventuais erros. No entanto, o contribuinte está sujeito a questionamentos por
parte do Fisco caso as incorreções apresentadas no documento sejam detectadas.
Nesse caso, havendo notificação da Receita Federal, o contribuinte passa a ter
30 dias para efetuar a retificação da DIRF, contados a partir da data de
recebimento da notificação.
6. Informação de
rendimentos isentos
A
DIRF possui uma ficha específica para a informação de rendimentos isentos de
imposto de renda, tais como a distribuição de lucros de empresa inserida no
regime do Lucro Presumido e pagamentos efetuados em razão da rescisão do
contrato de trabalho, como férias proporcionais, ⅓
de férias e férias indenizadas.
7. Penalidades aplicadas
O
contribuinte que deixar de entregar a obrigação acessória ou entregá-la fora do
prazo estabelecido pela legislação, bem como aquele que apresentar a obrigação
com incorreção ou omissão de informações, estará sujeito ao pagamento de multas
calculadas da seguinte forma:
- Aplicação do percentual de 2% ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o valor dos tributos e contribuições informados no documento, ainda que pagos em sua integralidade, no caso de falta de entrega da DIRF ou sua entrega após o prazo, até o limite de até 20%;
- Multa mínima no valor de R$200 para as pessoas físicas, pessoas jurídicas inativas e pessoas jurídicas optantes pelo Simples Nacional;
- Multa no valor de R$500 nos demais casos.
8. Possibilidade de redução das penalidades impostas
Caso
a DIRF seja apresentada após o prazo estabelecido pela legislação, mas antes
que tenha sido instaurado qualquer procedimento de ofício, as multas aplicadas
serão reduzidas em 50%. Por outro lado, caso seja instaurado procedimento de
ofício, a multa aplicada será reduzida em 25% caso a DIRF seja apresentada
dentro do prazo fixado pela intimação.
9. Programa Gerador de
Declaração
A
Receita Federal possui um programa próprio para preenchimento, validação e
envio da DIRF, o qual encontra-se disponível em sua página. Todo ano é lançada
uma nova versão do PGD contendo as últimas alterações tributárias trazidas
pelas instruções normativas e demais dispositivos legais, sendo necessário que
o contribuinte atualize o programa anualmente antes do prazo previsto para
envio da DIRF.
10. Gestão das obrigações
acessórias
A
parametrização de procedimentos é um dos pontos essenciais para que se tenha um
controle efetivo sobre as obrigações tributárias de uma empresa, tanto as
principais, quanto as acessórias a elas atreladas. Grande parte das empresas
atualmente utiliza softwares para a administração de impostos e esses têm se
mostrado a melhor forma de validar e gerenciar a escrituração e o envio de
documentos para as autoridades fiscais.
Além
de otimizar o preenchimento das obrigações, os sistemas de gerenciamento
possuem diversas funcionalidades que agilizam a rotina do departamento fiscal,
trabalhista e contábil, como o download de guias de pagamento, a importação de
Notas Fiscais, a emissão de relatórios e a integração com os sistemas das
autoridades fiscais municipais, estaduais e federais.
É
importante que se opte por um sistema confiável, que ofereça funcionalidades
realmente úteis à realidade da empresa e que seja constantemente atualizado, em
razão da mutabilidade da legislação tributária brasileira, para que o
contribuinte não corra o risco de ser posteriormente questionado pelo Fisco.
Fonte:
Jornal Contábil
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