A
pessoa física deve separar as contas pessoais das atividades financeiras de sua
pequena empresa. Essa é a primeira e principal recomendação de especialistas em
finanças pessoais consultados pelo DCI.
"Tenha
a cultura do planejamento e consiga separar melhor a pessoa física do
empresário", sugere o sócio da consultoria financeira Tiex, Fábio
Yamamoto. Ele explicou que o planejamento prévio e contínuo evita que a empresa
socorra ou pague despesas da pessoa física, e vice-versa, que a pessoa física
disponha de seu patrimônio familiar para socorrer uma empresa com dificuldades
ligadas ao negócio.
Para
facilitar essa separação, Yamamoto recomenda que a pessoa física estabeleça uma
retirada formal e periódica da empresa. "Faça esse planejamento e
estabeleça valores predeterminados. A retirada pode ser na forma de pró-labore,
salário ou dividendos [lucros], o importante é que se respeite os limites
estabelecidos. Infelizmente, muita gente acaba confundindo os gastos ao usar o
cartão corporativo [da empresa] e depois fica sem recursos para os compromissos
com fornecedores", disse.
A
recomendação do educador financeiro Rafael Seabra é que a pessoa física faça um
fundo de reserva que reúna recursos para pelo menos seis meses de gastos
pessoais ou familiares. "Se ele gasta R$ 5 mil por mês, deve ter no mínimo
uma reserva de emergência de R$ 30 mil", disse.
A
depender do tipo de atividade empresarial é comum passar meses sem resultados
para obter receitas maiores à frente, sem que o empresário possa fazer uma
retirada de lucros. "O capital é para tocar o negócio. Se confundir o
pessoal com a receita da empresa não se consegue pagar fornecedores e
funcionários", alerta.
O
professor e consultor de finanças Gilberto Miyamoto considera que há muita
falta de controle financeiro, e que a pessoa física deve tanto controlar suas
despesas domésticas como fazer o planejamento do fluxo de caixa da empresa.
"Para
o pequeno, não precisa de um software de gestão, um simples Excel já resolve.
Ele lista os pagamentos, projeta as entradas e saídas do caixa. Se não faz essa
conta do fluxo de caixa, acaba se tomando dinheiro no cheque especial com juros
altíssimos. O empresário que não se planeja dá lucro aos bancos", avisa.
Miyamoto
disse que a pessoa física também deve ficar atenta aos rumos dos negócios para
não perder patrimônio pessoal ou familiar. "Muitos empresários não sabem
se estão ganhando ou perdendo dinheiro no negócio e só olham para o saldo
bancário. É preciso fazer uma análise do negócio como um todo e verificar se está
dando lucro ou prejuízo. Outro ponto a observar: toda empresa que cresce [por
exemplo] demanda capital de giro, o negócio pode estar indo muito bem e quebrar
por falta de capital", adverte.
O
CEO da recuperadora de crédito Siscom, Satoshi Fukuura, também orienta sobre os
desafios de se trabalhar num ambiente de recessão. "Em época de vendas
baixas, acaba-se usando os recursos da pessoa física. O empresário apertado vai
vivendo um dia de cada vez, sem pensar no amanhã, ele tem que planejar o fluxo
de caixa", diz. Ele nota que em muitos casos, o empresário tem
faturamento, mas não controla a inadimplência dos clientes. "Nesta crise,
se você não cobra, não recebe. Recebe quem cobra primeiro."
Por
fim, o professor de gestão financeira da Opet, Jefferson Fischer, sugere que a
vida pessoal do pequeno empreendedor também precisa estar organizada.
"Precisa estar superavitário em casa. Por isso, a importância de ter uma
estrutura de pró-labore. Todo mundo precisa de salário, mas também de obedecer
à risca seu orçamento", diz o professor.
Ao
pequeno empresário, Fischer recomenda usar dinheiro de curto prazo dos bancos,
o mínimo possível. "Não há empresário que fature o suficiente para pagar
os juros do cheque especial e do cartão corporativo", considerou Fischer.
Fonte:
Fenacon
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