Os
resultados das empresas nunca dependeram tanto do talento das pessoas que elas
têm no time.
É
nisso que acredita Marco Macesti, diretor de pesquisa e desenvolvimento da
escola de negócios suíça IMD, uma das mais respeitadas do mundo.
"O
mantra anterior de 'defina a meta, planeje e implemente' está cada vez mais
sendo substituído por um quadro centrado em um mundo cheio de volatilidade,
incerteza, complexidade e ambiguidade. E, neste cenário, a percepção humana é
necessária mais do que nunca", escreveu em artigo cedido a EXAME.com.
Segundo
ele, com a disrupção digital, companhias gigantes e indústrias inteiras se veem
obrigadas a transformar suas estruturas. E, muitas vezes, elas erram feio na
hora de formar suas equipes.
De
sua experiência em mais de 20 anos contratando e acompanhando centenas de
funcionários, Mancesti identificou que, quando o time não funciona bem, o
problema geralmente está relacionado a cinco pontos específicos.
Essas
dimensões, batizadas por ele de PIKES, na sigla em inglês, são: propósito,
integração, conhecimento (knowledge), ecossistema e autoconsciência (self).
Abaixo,
entenda do que se trata cada uma delas e como trabalhá-las.
1. Propósito
O que é: o
propósito está ligado à motivação pessoal do funcionário para conduzir um
projeto ao sucesso.
A
motivação pode ser diferente para cada membro da equipe, mas, se ela não
existe, o risco de alguém abandonar o barco na primeira crise é grande, segundo
o diretor.
Como trabalhar:
Mancesti recomenda que, durante o período de seleção, o recrutador aborde
vários ângulos para descobrir o real propósito do candidato. Isso precisa ser
feito explorando questões que vão além do currículo.
Depois
que o time já está formado, o líder deve encorajar todo mundo a compartilhar
suas agendas pessoais e ajudar na realização desses objetivos, que também devem
estar alinhados com a meta geral da empresa.
2. Integração
O que é: a
integração tem a ver com a maturidade da equipe, ou seja, ou grau de conexão
entre seus membros.
Se
o líder e os recrutadores não forem capazes de compreender esse ponto, também
não conseguirão montar uma equipe de alto desempenho, defende Mancesti.
Isso
porque pode acontecer de as pessoas colaborarem pouco ou, o que é pior,
"ajudarem" os colegas a falhar, seja ativamente ou por omissão.
Como trabalhar:
na hora de recrutar um novo colaborador, o líder pode engajar todo o time e
ouvir os feedbacks. Isso, de acordo com o diretor, constrói responsabilidades
coletivas e amplia a habilidade de detectar "candidatos tóxicos".
Com
a equipe já formada, deve-se prestar atenção em sinais que podem aparecer
quando a equipe enfrentar dificuldades, como o aparecimento de desculpas como
"eu não sabia", que são sinais de problemas maiores.
3. Conhecimento
O que é:
trata-se do domínio das competências técnicas fundamentais para o trabalho ou
projeto. Entre essas habilidades, é indispensável a de inovação, ou do contrário
a equipe não terá criatividade para solucionar problemas.
Como trabalhar:
na seleção, o recrutador pode envolver no processo especialistas técnicos
capazes de julgar o nível de competência do candidato.
Com
a equipe já formada, o líder deve constantemente procurar por falhas e medir a
credibilidade do grupo, além de ministrar treinamentos de desenvolvimento.
4. Ecossistema
O que é: a
dimensão ecossistema envolve a capacidade de cada funcionário de entender a
dinâmica de um ambiente amplo, por exemplo uma área de negócio ou a empresa
como um todo.
A
habilidade de interagir com os níveis hierárquicos superiores e conseguir
recursos, por exemplo, depende dessa visão mais abrangente.
Como trabalhar:
na hora de contratar, uma boa maneira de checar se o candidato tem esse
requisito, segundo o diretor, é ver se ele já teve experiência em ambientes
semelhantes ao da empresa.
Depois
que a equipe estiver formada, é importante manter treinamentos de “soft
skills”, que são competências pessoais como capacidade de liderança,
resiliência, colaboração e comunicação.
5. Autoconsciência
O que é: é
a capacidade que cada pessoa tem de estar no controle de suas próprias emoções.
Ela é vital para uma equipe porque o estresse não administrado de um
funcionário pode atrapalhar todo o grupo.
Por
isso, é essencial que cada um esteja ciente de seus pontos fracos para
antecipar desafios, alerta Mancesti.
Como trabalhar:
durante a seleção, o recrutador pode perguntar se o candidato é capaz de
identificar os gatilhos que desencadeiam seu estresse. Se ele não tiver truques
para lidar com isso, o risco é grande.
Com
a equipe formada, é possível treinar o funcionário psicologicamente,
colocando-o repetidamente nas situações que o afetam, como num treino
esportivo.
Por
fim, Mancesti lembra que times são espelhos e refletem a capacidade da alta
gestão de transformar seus projetos em realidade. "Assim, a pressão é para
escolher as pessoas certas e, em seguida, alimentá-las", reforça.
Fonte:
Exame.com
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