A
recente transformação na forma de prestar informações ao Fisco exigiu que as
empresas e profissionais contábeis se reinventassem. A informatização dos
processos tributários, com o Sped, e, em breve, dos trabalhistas, com a entrada
em vigor do eSocial, fez com que a tecnologia mudasse de patamar e se tornasse
a principal aliada das empresas de contabilidade. Essa revolução de sistemas
eletrônicos tornou todo o processo de recolhimento de tributos muito mais
simples, criando novos desafios.
A
própria Receita Federal já tem elementos em sua base de dados que poderão
tornar disponíveis facilmente as informações para que o contribuinte consiga
fazer, ele mesmo, o recolhimento dos impostos devidos.
Caberá
ao profissional da contabilidade a conferência e a validação das informações
tributárias. No novo contexto, as empresas da área terão que prestar outros
tipos de serviço. "Os profissionais devem se adaptar às novas exigências
do mercado", comentou o palestrante Dado Schneider, em palestra realizada
durante a 25ª edição do Eescon.
"A
prestação de serviços somente operacionais vai dar espaço ao trabalho de
consultores e conselheiros", avaliou o professor Gil Giardelli. Durante
sua palestra no evento, o especialista afirmou que a inovação terá papel
fundamental neste novo momento que o mercado de trabalho está passando.
"Pesquisas mostram que líderes inovadores são 26% mais lucrativos que os
tradicionais. Quem não investe em inovação ou que segue atuando na forma antiga
não ganha mercado", sentenciou Giardellli.
Para
o especialista, é hora de repensar o posicionamento estratégico e considerar
que vivemos uma explosão da inovação, que exige adaptação constante. "Uma
máquina pode realizar o trabalho de 50 homens, mas não é capaz de realizar o
trabalho de uma pessoa extraordinária. É fundamental, por isso, que estejamos
preparado para as novas funções e desafios futuros."
Neste
sentido, a ordem do dia é agregar mais serviços aos que hoje são prestados.
Segundo o especialista, em um primeiro momento o ideal é agregar serviços que
possam ser atendidos pela estrutura atual da companhia.
Outro
palestrante, o empresário da Diagrama Accounting, Paulo Godoy, também comentou
essa estratégia. "É melhor prestar mais serviços ao cliente que você já
tem, porque é muito mais fácil conseguir vender um produto para um cliente
conquistado do que conquistar um novo."
Segundo
ele, as empresas de contabilidade têm um termômetro importante. "Basta
filtrar as informações que recebe para identificar oportunidades e usar esses
dados para sua consultoria", sugeriu Godoy.
A
gestão de negócios, dizem os especialistas, está entre as novas tendências de
mercado. Primeiro, porém, é preciso começar dentro do seu próprio escritório.
"É importante que os empresários de contabilidade pensem na gestão do seu
negócio. Eu comecei a ter lucro quando deixei de ser contador. Deixei o
operacional para me dedicar à gestão. Foi aí que consegui identificar problemas
e também as soluções e a dedicar mais tempo aos clientes", contou Godoy.
Ele
disse que, no primeiro momento, esse trabalho de gestão era feito somente às
sextas-feiras, mas com o passar do tempo aumentou e hoje só atua nesta área.
"Você pode fazer isso de forma gradativa, mas tem que começar o quanto
antes esse processo, porque ele é fundamental para a sustentabilidade do
negócio", aconselhou.
Além
disso, ele disse ainda que é fundamental testar o trabalho que está sendo
prestado ao seu cliente e como é realizado o atendimento. "Sugiro que faça
uma experiência de simular a contratação de um serviço no seu escritório.
Telefone para lá e teste como seu cliente será atendido. Você poderá se
surpreender com o resultado", afirmou. "Conseguir um cliente novo é
cinco vezes mais caro do que manter o cliente atual", comparou.
Mas
neste mundo em que a informação chega de várias formas e de maneira muito
rápida, conciliar tantas mudanças e ainda ter que transformar o seu modo de
agir não é tarefa fácil. A palestrante Vânia Ferrari, especializada em melhoria
contínua de processos, explicou que, neste contexto, entra em ação a chamada
geração flux.
"A
geração flux não está relacionada com a data de nascimento, mas com atitudes.
São pessoas que se envolvem com todo o processo, se adaptam à instabilidade e,
se não estiverem satisfeitas, vão embora. Cerca de 85% das pessoas pedem
demissão por causa do chefe", disse a palestrante.
Para
ela, os empresários precisam entender quem é essa nova geração e aprender que
atitudes inovadoras contribuem para o bom desempenho do negócio. "O
profissional do século 21 é bom tecnicamente e bom de coração, seu colaborador
vai trabalhar por você porque você o trata com respeito. Em um ambiente hostil,
ele só vai desempenhar as tarefas descritas para o cargo", comentou Vânia.
Fonte:
DCI
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