Profissionais
da área de recursos humanos defendem que competências comportamentais como
resiliência, proatividade, engajamento e liderança, entre outras, que são tão
importantes para a conquista e manutenção do emprego, tornam-se ainda mais
apreciadas nesta fase de crise econômica.
De
acordo com o sócio-fundador da empresa de mentoria para executivos CEOlab, Ronaldo
Ramos, toda crise é uma oportunidade para reflexão e o profissional deve
aproveitar esse momento para rever as prioridades de carreira e renegociar.
“Mantenha
os olhos abertos para as oportunidades que possam aparecer. Ter resiliência é
muito importante no momento em que mudanças acontecem. Resista à frustação
imediata (de perder amigos, mudar de cargo, de empresa) e se reposicione.”
Para
o gerente de Território da Raízen em Curitiba, Guilherma Pavão, de 27 anos, a
resiliência é a habilidade mais importante para se destacar na carreira,
principalmente em momentos de turbulência. Responsável pela negociação entre
empresa e postos de combustível, o jovem reconhece a importância de adaptação
para a carreira.
“Preciso
ser resiliente. Meu dia a dia é de consultoria, preciso saber como está o
desempenho em vendas, o faturamento, analisar a região, detectar e
potencializar receitas.” Pavão reconhece a necessidade de se aperfeiçoar e
fazer planejamento.
Segundo
ele, apesar do cenário econômico, a empresa – que atua na área energética e
surgiu da junção de parte dos negócios da Shell e da Cosan – está em boa fase. “Eu
me considero preparado para uma oportunidade em outra função ou setor e, se
tiver a oportunidade, gostaria muito de participar. Eu me identifico com os
valores da empresa, e já penso no futuro.”
De
acordo com a gerente de Desenvolvimento Organizacional da Raízen, Beatriz
Collesi, o profissional deve ser polivalente, buscar oportunidades e ter senso de
protagonismo. “Em momentos de crise e incertezas, ele deve se responsabilizar
pelo que faz em sua carreira, ser claro e transparente em relação às decisões
que toma”, diz.
Quando
a empresa está em boa situação, é comum os profissionais se fecharem no círculo
de relações que mais de identificam. Em crise, essa situação de restrição de
networking mostra-se limitadora, segundo a professora da Escola de
Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Denise Delboni.
“Tenha
interesse em entender a organização inteira e demonstre competências múltiplas,
que possam ser usadas em diferentes projetos e setores”, diz Denise.
Para
a especialista em RH do site Vagas.com, Patrícia Sampaio, a crise pode ser uma
oportunidade de alçar novas possibilidades profissionais. “Nem sempre o
acréscimo de funções está atrelado a uma promoção ou aumento de salário. É
importante reafirmar-se como polivalente e proativo e estar preparado para
outras mudanças, inclusive migrações dentro da própria companhia.”
Com
equipes menores, é necessário exercer múltiplas tarefas. Além disso, a
supervisora da assessoria de carreira da Catho, Larissa Meiglin, destaca que a
organização do tempo também é uma forma de melhorar as tarefas e organizá-las
dentro dos prazos determinados.
Tempo
“Como
a oferta de profissionais com experiência aumentou, as exigências para
contratação também cresceram. Recrutadores têm valorizado ainda mais
profissionais que possuem boa habilidade para gestão do tempo, já que é
primordial que o desempenho desse colaborador seja excelente”, diz.
Outra
questão destacada por Larissa é a busca por profissionais multitarefas. “Em
tempos de crise, outra recomendação importante é ser flexível, sobretudo no
caso de quem está desempregado.”
De
acordo com o coordenador do Núcleo de Desenvolvimento de Pessoas e Lideranças
da Fundação Dom Cabral, Anderson Sant’Anna, as empresas buscam flexibilidade e
adaptabilidade. “A habilidade de adaptação é muito importante, pois se o
profissional precisar voltar ao mercado, ele pode se encaixar em diferentes
setores”, diz.
Capacidade
de se relacionar, ser proativo, mostrar que é capaz de gerar resultados,
segundo o coordenador, são competências transferíveis – que estão mais ligadas
à subjetividade. “Estão vinculadas ao padrão de competitividade atual.”
O
profissional deve ter atitude proativa, inovadora, dar ideias, ter capacidade
de ler contextos e não se limitar ao que é prescrito. “Ter repertório amplo é
moeda de troca importante nessa fase.”
Em
todos os segmentos, diferenciação é uma palavra-chave, o que inclui experiência
e formações múltipla. Segundo Patrícia, da Vagas.com, em situações como a
atual, é necessário fortalecer a rede de relacionamento.
Para
Denise, da FGV, mais do que focar em uma especialização na área profissional,
deve-se procurar um setor de interesse, mesmo que se exerça uma função fora da
carreira de formação.
‘Profissional flexível tem
mais chance de escapar de cortes’
O
gerente das divisões de engenharia, logística e TI da recrutadora Talenses Rio
de Janeiro, Rodrigo Maranini, defende que em momentos de crise, os
profissionais devem ir além dos próprios limites.
“As
pessoas precisam se flexibilizar e aumentar o escopo de atuação. Se a empresa
precisar encolher o quadro de profissionais, ela vai escolher para ficar o mais
flexível, aqueli que vai abraçar outras áreas e com adaptação mais rápida”,
afirma.
O
executivo diz que não dá tempo de esperar as coisas acontecerem, é preciso
investir na carreira e estar preparado para o novo cenário de mercado. “Saber
se reinventar é uma competência muito importante agora.” Nesse sentido, ele
acredita que, independentemente da área de atuação, é essencial entender como
fazer mais com menos e saber quais competências devem ser aprimoradas.
Para
isso, na sua visão, é importante ter habilidades como ‘visão de dono’ e ser
mais produtivo, já que na sua opinião, as empresas buscarão cada vez mais
funcionários mais produtivos e competitivos.
“Sendo
assim, os mais preparados estarão sempre atentos á mudanças do mercado, se destacarão
para se tornarem melhores profissionais.”
Segunda
a coach Magda de Paula, associada ao Instituto Brasileiro de Coaching, este é o
momento de focar mais nas soluções. Para ela, se a proliferação do pessimismo é
muito rápida, o esforço para permanecer otimista deve ser maior. Como lembra a
especialista, “enquanto uns choram, outros vendem lenços”. Ou seja, o ideal é
procurar soluções em vez de ater-se apenas aos problemas.
De
acordo com Magda, guiar e inspirar a equipe é uma forma de manter o foco na
busca por soluções. A coach lembra que se o líder apresentar um bom
direcionamento, os funcionários vão segui-lo. Dentro dessa ideia, ter objetivos
concretos e realistas possibilita que cada resultado favorável seja
adequadamente valorizado e utilizado como fonte de inspiração.
Fonte:
O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário