O
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta quinta-feira (19) que a economia
do Brasil começará a reagir quando a questão fiscal estiver resolvida. “Se você
acerta o fiscal e põe ordem na casa, a economia do Brasil responde”. Com base
em outas experiências, segundo Levy, essa reação poderá ocorrer em seis meses.
“O prazo depende de quando a gente vai resolver a questão fiscal. Depois da
questão fiscal, quando se olha para outras experiências, dá dois trimestres e
você já consegue ver o resultado”.
O
ministro disse ainda que o superávit primário para 2016 “é uma perspectiva
necessária e viável, mas que exigirá decisão da sociedade e dos representantes
da sociedade [Congresso] tanto para votar o Orçamento” quanto nas escolhas dos
gastos e das receitas, afirmou ao falar com a imprensa após participar do
seminário Uma Agenda Positiva para o Brasil, na tarde desta quinta-feira na
sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Ao
discursar durante o evento, o ministro voltou a dizer que 2016 será um “ano de
escolhas”. “O Congresso e a sociedade terão que fazer escolhas”. Para isso, de
acordo com Levy, será preciso discutir o que dará para ser cortado e que gastos
poderão ser diminuídos.
Aos
empresários presentes ao seminário, ele admitiu que o governo precisa criar
algum imposto, de forma provisória, para equilibrar a economia. “Certamente, no
Brasil, não se poderá se resolver pelo lado dos impostos apenas, embora
provisoriamente possa se ter que contar com algum imposto para manter as contas
públicas flutuantes”, disse.
“A
CPMF é aquele imposto que todo mundo paga e que é proporcional ao que se gasta:
quem gasta mais, paga mais. É automática e transparente. Ela é tão transparente
que você sabe que, se não tiver CPMF, você tem R$ 32 bilhões de déficit, que é
o tamanho do Bolsa Família, que é mais ou menos o tamanho do seguro-desemprego”,
afirmou.
"Se
não tem um determinado recurso, você vai ter que descobrir o que você vai
deixar de gastar ou como vai ser a vida, se vai ser mais difícil, se vai trazer
mais intranquilidade e a maneira como vão olhar para o país”, falou ele.
Segundo o ministro, a CPMF, como o próprio nome diz, seria provisória e dentro
de um contexto onde o governo está cortando gastos e fazendo reformas",
acrescentou.
Sentado
ao lado do ministro, o diretor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas
de São Paulo, Yoshiaki Nakano, defendeu que o ajuste fiscal deve ser feito
acompanhado de mudanças em algumas leis. “Quando se estabelece por lei, na
Constituição, uma certa proporção de gastos em relação à receita tem que ser
destinado à saúde, por exemplo, de certa forma está se roubando da sociedade o
direito de estabelecer prioridades. A primeira coisa que deveríamos fazer é a
reforma nas leis, devolvendo à população, ao Congresso e à classe política o
poder de discutir o orçamento para valer, estabelecendo prioridades”, disse
Nakano.
Para
Levy, a questão do Orçamento é importante e, nesse sentido, entende que é
chegado o momento do país ter um Orçamento que o leve a retomar o crescimento. “É
hora de ter um orçamento compatível com a necessidade do país, e superavitário,
e que nos leve de volta ao caminho do crescimento econômico”.
Fonte:
Jornal do Commercio
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