O
grande número de acessos simultâneos ao sistema eSocial pode ser a principal
causa das dificuldades enfrentadas pelos contribuintes na hora de emitir a guia
de pagamento do Simples Doméstico. Essa é a principal hipótese apontada pelos
especialistas em desenvolvimento de software consultados pelo jornal "O
Estado de S. Paulo" para explicar as falhas relatadas ao longo da última
semana por usuários do sistema da Receita Federal em todo o País.
É
comum que serviços de internet fiquem fora do ar quando o número de requisições
de acesso enviadas pelos computadores supera a capacidade do servidor em
atendê-las. Como resultado, os serviços ficam mais lentos ou indisponíveis por
alguns períodos de tempo. A causa, porém, não foi confirmada pelo Serviço
Federal de Processamento de Dados (Serpro), empresa pública vinculada ao
Ministério da Fazenda e responsável por criar o software para a Receita
Federal.
"A
capacidade de resposta do eSocial pode ter sido subavaliada", diz o
diretor de relações institucionais da Associação Brasileira das Empresas de
Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Sergio Sgobbi.
Embora
o número de acessos simultâneos não possa ser previsto com exatidão, os
desenvolvedores podem simular sobrecargas aos sistemas.
De
acordo com o diretor de marketing da consultoria BRQ, Camilo Lopez, existem
ferramentas que poderiam ter apontado a capacidade de resposta do eSocial antes
de o sistema entrar em operação.
Gestão
Para
a presidente da consultoria de inovação estratégica no setor público
e-Stratégia Pública, Florencia Ferrer, o problema é reflexo de erros na gestão
do projeto, metodologia largamente adotada em empresas de TI privadas, mas
negligenciada em departamentos de TI de órgãos do governo. "Em projetos
como este, é preciso criar uma interface para conectar vários sistemas
desenvolvidos em linguagens diferentes. O governo subestimou a complexidade do
projeto", diz.
O
sistema também pode ter encontrado inconsistências em bancos de dados de outras
instituições, como da Previdência Social. "A base de dados do INSS está
cheia de informações incorretas e o sistema pode não reconhecê-las", diz o
professor de TI da Fundação Vanzolini, Marcelo Pessoa.
A
variedade de dispositivos e de navegadores usados também pode dificultar o uso
adequado do sistema. "Nenhum sistema nasce perfeito. É esperado que a
primeira versão passe por ajustes", diz Lopez. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte:
DCI
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