Pagar
boletos bancários vai ficar mais fácil e seguro em 2017. A plataforma, que gera
cerca de 3,5 milhões de títulos por ano no País, está sendo atualizada pela
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para ser controlada com mais
efetividade pelas instituições financeiras. E as vantagens para os consumidores
são grandes. Será possível, por exemplo, quitar boletos vencidos em qualquer
banco. Ainda serão reduzidos os riscos de fraude e de pagamento em duplicidade.
Diretor
de Operações e Negócios da Febraban, Leandro Vilain ressalta que as mudanças
são na forma de emissão e recebimento dos boletos. Por isso, nada vai mudar
para os consumidores que usam boletos para pagar cartões, condomínios, escolas
e planos de saúde, o que representa quase 60% dos títulos de cobrança emitidos
no País, segundo o Banco do Brasil. “Uma das nossas preocupações era não mudar
o formato do boleto, que hoje tem um código de barras com 44 dígitos; tanto
porque o consumidor já está acostumado com este formato, quanto porque manter esta
lógica elimina a necessidade de troca nos equipamentos de leitura dos boletos”,
explica Vilain, dizendo que, mesmo assim, a mudança já arrancou um dos maiores
investimentos da Febraban nesta área.
Vilain
explicou que o sistema operante tem 25 anos e precisa ser atualizado para
ganhar mais segurança. Para isso, foi criada uma central que vai armazenar e
cruzar os dados de todos os boletos emitidos no País. “Hoje, cada banco emite
seu boleto e muitos não são registrados. Agora, todos os boletos serão registrados
na Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP). Teremos, então, um registro único
de boletos”, detalha o executivo de Soluções de Atacado do Banco do Brasil que
acompanha a criação da plataforma na Febraban, Denis Correa.
Com
o cruzamento de dados, os bancos poderão checar até as informações nos boletos
emitidos por outras instituições financeiras, o que vai permitir o pagamento de
títulos vencidos em qualquer agência, independentemente do emissor da fatura. O
pagamento também será registrado. Por isso, caso alguém se confunda e tente
pagar uma conta por duas vezes, o sistema vai dar o alerta e evitar pagamento
em duplicidade. Se os números do código de barras forem digitados
incorretamente, o sistema também vai apontar o erro.
E
este processo não vai retardar o pagamento dos boletos, garante a Febraban, que
promete um tempo de checagem inferior a um segundo. “Vai se equiparar ao tempo
de resposta das transações em cartões de crédito”, garantiu Vilain, contando
que o sistema está sendo concluído para entrar em operação no início de 2017. A
previsão é de que a Câmara comece a operar em janeiro para já receber boletos
em 8 de março. “Vamos começar com os boletos de alto valor, acima de R$ 50 mil.
Depois de um mês, baixamos para R$ 20 mil. E assim por diante, para que, em
dezembro de 2017, possamos cruzar 100% dos boletos emitidos no Brasil”,
ressaltou.
Empresas terão de adotar
as mudanças
Apesar
de não mudar a forma como os consumidores pagam suas contas, a nova plataforma
de emissão e checagem de boletos bancários vai exigir mudanças nos
estabelecimentos comerciais que emitem as faturas. Afinal, condomínios, escolas
e planos de saúde terão que entregar boletos registrados, com o nome e o CPF
dos clientes, para, logo em seguida, enviar esses dados para a Câmara
Interbancária de Pagamento.
“O
que muda é que as empresas que fazem emissões de boleto simples, sem registro,
terão que migrar para a modalidade de boletos registrados”, explica o executivo
do Banco do Brasil, Denis Correa, contando que os não registrados hoje
representam 31% dos boletos emitidos no Brasil. “Os emissores terão que
informar aos bancos todos os boletos que são colocados na rua. Para isso, é
preciso manter os dados cadastrais dos clientes em dia e procurar os bancos
parceiros para ajustar os sistemas próprios de emissão de boletos”, orienta o
diretor de Operações e Negócios da Febraban, Leandro Vilain, garantindo que os
dados dos consumidores estarão seguros na CIP.
A
atualização deve, portanto, trazer mais custos às empresas que hoje usam
boletos simples. A queixa é da Marvan Administradora de Bens e Condomínios, que
já vem trabalhando para se adaptar à nova plataforma no Recife. “Teremos muitas
vantagens, mas também mais custos. Hoje, o banco cobra R$ 4 para o
processamento do boleto; mas, para validá-lo e registrá-lo, será preciso pagar
mais R$ 10 por cada boleto”, explica o gerente administrativo da Marvan,
Rogério Camello Filho, dizendo que o custo vai impactar as contas dos
condomínios e, portanto, deve ser repassado aos moradores.
Camello
reconhece, porém, que o investimento trará grandes retornos. Com a atualização
dos dados cadastrais e o controle do pagamento dos boletos será possível, por
exemplo, combater a inadimplência com mais eficácia. “Poderemos rastrear os
pagamentos e, assim, realizar eventuais cobranças”, diz o gerente da Marvan.
Fonte:
Folha de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário