Lucro
na comercialização de uma mercadoria ou serviço prestado é o fim esperado por
qualquer empresário. Portanto, conhecê-lo e buscar a meta faz parte, ao menos,
da análise mensal. Você conhece o lucro do seu empreendimento?
O
empregado trabalha para auferir o melhor salário possível para fazer frente aos
seus compromissos e espera que tal remuneração ainda possibilite investimentos
para trazer mais conforto e segurança em todo o percurso da vida. Esta
economia, além de protegê-lo nas “épocas das vagas magras”, também poderá
dar-lhe maior proteção quando chegar à aposentadoria.
A
mesma linha de raciocínio deve acontecer na atividade empresarial, ou seja, o
preço definido para a venda dos serviços e/ou mercadorias precisa ser cautelosamente
calculado a fim de que seja possível vendê-los, fazendo frente à concorrência,
e ao final restar lucro.
Este
lucro deve ser suficiente para remunerar os investidores (sócios), custear os
novos investimentos necessários à manutenção da atividade e, mais que isto,
permitir a constante atualização para que o tempo não a elimine do mercado.
Quando
acontece o prejuízo não é somente dos sócios, mas dos colaboradores que perdem
seus postos de trabalho, dos fornecedores que, muitas vezes, amargam prejuízos
pelo não recebimento, o que traz transtornos para o negócio e, inclusive, para
os seus empregados. Para o governo, que deixa de arrecadar tributos. Enfim,
toda a sociedade perde.
Desejo
reforçar que o lucro esperado nos negócios não é coisa do “demônio”, ou seja,
contra os princípios da justiça e da liberdade democrática. Ao contrário, ele é
necessário para que toda a sociedade ganhe, cresça e estimule a abertura de
novas oportunidades de trabalho, a geração de tributos para investir na própria
sociedade e o desfrute de uma vida mais digna.
O
empresário que lucra é uma pessoa animada e desejosa de reinvestir o lucro em
novos negócios. Talvez você diga que o reinvestimento sirva apenas para o
acúmulo de mais lucro. Qual é o mal nisso? Você prefere o empresário que se
contenta com um mísero lucro que não lhe permite fazer nada além de sobreviver?
Naturalmente
em tudo há limite, que surge com a concorrência e a fiscalização, pois sempre
há os “espertinhos” que buscam se utilizar de subterfúgios antiéticos para
maximizar exponencialmente os lucros.
Após
esta pequena exposição para justificar a necessidade do lucro, pergunto:
sabemos qual é o lucro ideal para a atividade que exercemos? O lucro é
diferente para cada ramo de atividade, o que não significa que está errado.
A
título de exemplo, veja o lucro líquido dos supermercados, de aproximadamente
3% do faturamento. No primeiro momento podemos entender que é uma margem final
muito baixa, intuindo que não vale a pena atuar nesta atividade. Ao aprofundar
a análise observa-se que o giro do estoque é elevadíssimo (algumas giram
diariamente). Neste caso a opinião muda, pois uma pequena margem sobre o mesmo
capital que circula de cinco a 10 vezes num só mês é recompensadora.
De
modo geral, a lucratividade na indústria e comércio deve ficar entre 7% a 12%
do faturamento bruto.
Observem
que refiro-me ao lucro líquido e não ao mark-up, que é muitas vezes um “número
mágico” aplicado sobre o custo de aquisição ou produção para definir o preço de
venda.
Quanto
maior o faturamento e o giro da mercadoria, o lucro líquido tende a ser menos
para ofertar preços mais baixos, e nisto não há nada de mal, pois o que importa
é o montante financeiro ao final do fechamento do balanço.
Claro
que ao final desta exposição escreverei sobe a média de lucratividade esperada
para as empresas de serviços e mais precisamente para a atividade de
“escritório de contabilidade”.
Tenho
andado pelo Brasil todo ministrando palestras sobre a precificação dos serviços
contábeis e, como não poderia deixar de ser, converso com inúmeros empresários
contábeis que conseguem excelentes lucratividades, bem como com outros que tem
maiores dificuldades de atingir os mesmos resultados.
Enfatizo
ainda que antes de apurar o lucro líquido deve ser subtraído o pró-labore dos
sócios que atuam (aos somente investidores cabe apenas o lucro) e este
honorário deve ser um salário justo e não exagerado. Portanto, os sócios terão
duas remunerações: o pró-labore e o lucro distribuído.
Em
2014, a Pesquisa Nacional das Empresas Contábeis (PNEC), por mim efetuada,
apurou que o lucro líquido médio da atividade empresarial contábil é de 26%
(para conhecer toda a pesquisa acesse goo.gl/AVRTXB).
A
pesquisa demonstrou exatamente o que é esperado pelos empresários, ou seja, de
20% a 30% de lucro líquido sobre o faturamento. Alguns podem se perguntar se
esta margem é justa, pois comparada à atividade industrial e comercial, cujo
percentual varia entre 7% e 12%, ela é muito alta.
Lembro
que o faturamento na atividade contábil normalmente é apenas a mão de obra,
diferente do comércio, onde a margem incide sobre o custo de aquisição (compra)
sem ter nada feito.
Lembro
que o mais importante não é o percentual de lucro, mas o montante financeiro
que irá restar após o pagamento de todas as obrigações.
Iniciei
este artigo e também o finalizo com algumas reflexões: você apura mensalmente o
lucro líquido da sua empresa? Ele está dentro da média do mercado? E o lucro
por cliente, você também conhece? Esta análise constante é fundamental para a
sobrevivência segura do seu negócio.
Autor:
Gilmar Duarte
Fonte:
Boletim Contábil
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