Já
faz tempo que o QI deixou de ser a melhor medida para avaliar as capacidades de
um indivíduo. Graças a pesquisas sobre a inteligência emocional, catapultadas
pelo trabalho do psicólogo Daniel Goleman, sabemos que entender as nossas
emoções e as dos outros é fundamental para ter sucesso na vida pessoal e
profissional.
Quando
o assunto é a sobrevivência e crescimento de um negócio, os empreendedores
precisam não apenas de conhecimentos técnicos, mas saber lidar com pessoas e
com emoções. Hoje, nenhum empreendedor sobrevive sem isso.
Todo
empreendedor que já passou ou pretende passar daquela fase em que faz tudo
sozinho terá que administrar um time. Todo empreendedor terá clientes que demandam
uma série de habilidades que vão além de uma expertise específica, como
relacionamento e entendimento de cenário. No fundo, tudo isso são habilidades
não cognitivas, que costumamos chamar de inteligência emocional.
A
boa notícia é que, como quase tudo em nossa vida, a inteligência emocional pode
ser praticada e cultivada. Não é fácil mudar nossa maneira de agir e de reagir,
mas não é uma missão impossível.
A
inteligência emocional tem cinco componentes: autoconhecimento, autocontrole,
motivação, empatia e habilidades sociais.
Comece com o
autoconhecimento
Para
mim, o aspecto mais importante é o autoconhecimento. É o primeiro passo para
melhorar. Muita gente me pergunta: mas como desenvolvo o autoconhecimento? Há
desde as dicas tradicionais, como ter um coach ou um terapeuta e ter um olhar
atento para si mesmo, mas também há tarefas práticas e de curto prazo que você
pode realizar para se conhecer melhor.
Uma
delas é convidar três ou quatro pessoas próximas a você para descobrir sobre
seus pontos fracos e fortes. Pergunte a elas: você me chamaria para te ajudar a
resolver que tipo de problema?
E
em que situação você jamais lembraria de mim para te ajudar a resolver? Talvez
elas digam que você seria ótimo para resolver um conflito entre pessoas. Por outro
lado, podem te dizer que jamais te chamariam para organizar um fluxo de
trabalho. Esse feedback pode ser um ótimo ponto de partida para começar a
entender onde as pessoas mais (e menos) enxergam seu potencial.
Outra
alternativa é fazer um inventário comportamental. Existem várias ferramentas de
diagnóstico de personalidade. Elas podem dizer muito sobre um indivíduo e dar
informações como: você é atento ao detalhe? Dá espaço para o outro? Gosta de
construir junto? É centralizador?
Identifique características
que você precisa desenvolver e pratique o autocontrole
Uma
vez que você começa a perceber as características com as quais você tem mais
dificuldade, pode decidir desenvolvê-las. E decidir é uma das palavras chaves
no processo de trabalhar a sua inteligência emocional.
Para
que haja mudança, é preciso que a pessoa tenha uma vontade genuína de mudar e
esteja disposta a praticar novos hábitos. A mudança precisa fazer sentido, seja
porque você se incomoda com a maneira como se comporta hoje ou porque realizar
melhor o seu trabalho exige o desenvolvimento de outras habilidades. Qual é o
seu incentivo para investir tempo e energia nisso?
Para
melhorar cada um dos aspectos da inteligência emocional, depois o incentivo, é
necessário praticar. Por exemplo, se você percebe ou é alertado por alguém que
tende a interagir pouco com as pessoas porque está sempre olhando o celular,
tenha como meta diminuir esse hábito.
Da
próxima vez que estiver em reunião ou almoçando com o time, deixe o telefone
fora do alcance. Dedique sua atenção ao outro. Fazer com que seu cérebro
resista ao impulso de pegar o telefone e checar as mensagens é um enorme
esforço. Mas vigiar suas atitudes e forçar uma mudança fará com que, em alguns
meses, um novo hábito seja criado.
Segundo
Daniel Goleman, que citou o exemplo do celular em um de seus artigos, outra
ótima forma de praticar é fazer ensaios mentais. Atletas olímpicos, por
exemplos, treinam seus movimentos em pensamento, não apenas na hora do treino.
Vale também usar bons exemplos. Como uma pessoa que é excelente nessa
habilidade que estou querendo melhorar se comportaria nessa situação? Pense
nela antes de agir.
Valorize seus pontos
fortes e saiba delegar
Conheça
e valorize seus pontos fortes, aquelas características que você apresenta
naturalmente. São elas que serão o seu diferencial como pessoa ou profissional.
Ninguém consegue ser bom em tudo ou mudar completamente sua maneira de ser.
Conhecer suas facilidades faz com que você saiba quais funções pode desempenhar
sem precisar delegar.
Eu,
por exemplo, vejo como meus pontos fortes a comunicação, a criatividade e a
paixão por pessoas. Sei que me desenvolvo muito mais vivendo experiências em
ambientes diversos do que passando horas lendo livros teóricos. Porém, tenho
que me esforçar para organizar meus pensamentos e para cumprir minha agenda de
compromissos.
Como
essas características são fundamentais para o sucesso do meu negócio, não posso
delegá-las. Ao mesmo tempo, tenho dificuldade de cuidar de rotinas e controles
operacionais, mas essas funções eu posso delegar. Assim, trouxe pessoas para o
time que fazem isso de maneira brilhante.
Ninguém
é super-homem ou super-mulher. Sabendo disso, cerque-se de pessoas que possuam
habilidades que lhe faltam, para que você aprenda com elas e para que te
complementem no dia-a-dia. Um empreendedor não pode achar que, sozinho, vai
resolver todos os problemas da empresa.
Para criar empatia, evite
a falsidade
Também
não adianta tentar enganar a sua essência como pessoa. É preciso encontrar
caminhos para o controle e a empatia, por exemplo, com os quais você esteja
confortável. Por exemplo, alguém mais tímido não será da noite para o dia uma
pessoa que com o olhar já se conecta com alguém, que dá um sorriso largo e já
começa a conversar.
Se
a timidez incomoda, ela pode procurar um curso de teatro, aprendendo a se
relacionar através da representação. Ou, na hora de fazer networking, se é
difícil se conectar pessoalmente, por que não tentar um primeiro contato via
email, LinkedIn ou através de um amigo em comum?
Peça feedback para
continuar o ciclo virtuoso
Para
garantir que você está melhorando e continuar o processo de autoconhecimento,
busque feedback. Isso lhe permitirá entender como outros enxergam o processo de
mudança e te motivará a encontrar novos pontos para melhorar. Sabemos que, no caso dos empreendedores,
motivação para fazer cada dia melhor é o que não falta!
Fonte:
Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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