Estima-se
que o Brasil tenha mais de 9 milhões de micro e pequenos negócios,
representando 27% do PIB brasileiro, de acordo com levantamento feito pelo
SEBRAE. O País já formalizou mais de 6 milhões de microempreendedores
individuais desde 2008 e, até setembro deste ano, já são mais de 6,4 milhões.
No
entanto, a taxa de mortalidade das empresas é ainda alta, segundo o levantamento
“Demografia das Empresas 2014”, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). De cada dez empresas, seis encerram as atividades
após cinco anos.
Alguns
motivos justificam o desarranjo, como abrir o próprio negócio sem se planejar,
estudar o mercado, prever cenários e ter uma reserva de capital.
Ricardo
Assaf, presidente da ABSCM – Associação Brasileira das Sociedades de
Microcrédito, dá dicas de como o empreendedor deve se organizar desde já para
iniciar bem o próximo ano, a começar pela parte mais importante que é o
planejamento.
Como o empreendedor pode
se planejar financeiramente para começar com o pé direito nos negócios em 2017?
O
planejamento é fundamental para qualquer fase do negócio. Não há exatamente uma
fronteira de tempo, prazo e escopo para fazer, pois é aberto e inteiramente
dependente do empreendedor. Por este exato motivo as pessoas acabam não focando
no plano e apenas nas questões operacionais do dia a dia e execução.
Normalmente, as empresas se planejam durante um ano e, é claro que ajustes são
necessários ao longo da operação, pois isso o planejamento é dinâmico e não
estático. Em resumo: um bom plano começa com grandes perguntas e, a partir
delas, cria-se uma teia de ações, além de indicar diversos cenários.
O que empreendedor deve
levar em consideração na hora de fazer um bom planejamento?
Todo
e qualquer planejamento deve focar nas principais perguntas que afetam o
negócio. Elas, normalmente, são difíceis de responder já que são amplas e
dependem de muitas variáveis. “Como aumentar meu faturamento”? e “Como abaixar
meu custo?” devem nortear o plano. Para ajudar a definir estas questões existe
um modelo muito usual chamado de 3Cs, que foi desenhado pelo famoso teórico
organizacional japonês Kenichi Ohmae, professor dos programas de MBA em
Stanford e UCLA.
O
método foca em três grandes grupos: clientes (ajuda a definir as principais
necessidades de públicos-alvo), competidores (explora as vantagens competitivas
da proposta de valor) e empresa (detecta habilidades efetivas da corporação
para criar valor, se diferenciar da concorrência e atender de forma efetiva a
clientela).
Qual a importância de se
ter uma reserva financeira, capital, além do já previsto para a abertura da
empresa?
O
plano financeiro é fundamental e, normalmente, é esboçado em um orçamento
anual, com metas bem realistas de gastos, principalmente naqueles que são
chaves ao seu negócio. O processo de abertura de empresa é algo que,
implicitamente, tem um grande risco e pode afetar o fluxo de caixa inicial,
impactando o desenvolvimento futuro. Um dos fatores de fracasso das empresas
nos primeiros cinco anos, segundo apurado pelo Sebrae, é a falta de capital e
lucro, bem como a ausência de um planejamento. Não é à toa que a taxa de
mortalidade inicial é muito alta. Em 2013, a porcentagem de empresas que
fecharam as portas, com até seis meses de abertura, foi de 82%.
Quais são os pontos de
risco na abertura da empresa?
Os
mais comuns são clientes que ainda não estão acostumados com a marca, produto
ou serviço, o tempo de acerto do modelo do negócio, questões que envolvem a
organização da matéria-prima, ponto de venda e os custos inicias que podem ter
sido estimados de forma errada ou otimistas demais. O empreendedor sempre terá
contratempos e pontos críticos não previstos durante o início do
empreendimento. E acreditem, o fluxo inicial de qualquer negócio é muito
pesado.
Como reduzir os riscos?
É
muito importante prever uma “gordura”, ou seja, capital para garantir o fluxo
de caixa mês a mês. Especialistas apontam que é necessário ter uma garantia de
6 a 12 meses, ou seja, um saldo suficiente na conta bancária para segurar esse
período que, no início, é sempre mais delicado e arriscado.
Quais as opções hoje no
mercado que o microempreendedor tem para dar uma guinada nos negócios?
O
empreendedor precisa estar antenado para as novas tendências de mercado e às
mudanças nas plataformas tradicionais. Ele deve aproveitar as lições de mercado
de forma rápida e adaptá-las ao seu negócio. Um caso muito prático: durante a
crise há muita substituição de produtos e serviços por mais algo mais em conta.
Pegamos como exemplo o seguro de carro: os tradicionais podem custar muito caro
em relação ao valor do bem segurado. Por outro lado, as assistências, apesar de
não serem seguros, se tornam muito procuradas na crise, pois o custo é menor
que um seguro tradicional e proporcionam itens como guincho gratuito, convênio
com oficinas, aluguel de carro em caso de problema ou pane e outros serviços.
Em muitos casos há uma substituição efetiva dos seguros tradicionais, mais
caros, pela assistência, mais barata.
O ano de 2017 será bom
para empreender?
A
crise normalmente cria oportunidades magníficas aos empreendedores, pois novos
modelos de negócio são criados, produtos alternativos são levados ao mercado e
plataformas tradicionais são desafiadas. O ditado popular diz que: “enquanto
existem pessoas que choram, há outras vendendo o lenço para enxugar as
lágrimas”. Todo e qualquer empreendedor precisa, inicialmente, ter esta
filosofia e aplicar o planejamento + ação para transformar em realidade o seu
desejo.
Por que o crédito
produtivo é uma opção segura para quem está começando a empreender?
O
crédito é um aliado ao negócio desde que bem usado. Por exemplo: há grandes
descontos na compra de produtos ou serviços à vista, porém, muitas vezes, nos
deparamos com a impossibilidade de usar o dinheiro da empresa para esse fim. O
crédito pode reduzir imediatamente o custo da empresa e, ao mesmo tempo,
beneficiar o fluxo de caixa já que pode ser parcelado em diversos meses. Muito
comum também é a necessidade de usar o fluxo por conta de um imprevisto.
Dependendo do custo, o crédito também pode ajudar a empresa. Uma instituição
financeira qualificada pode antecipar este fluxo e impactar de forma positiva a
produção. As SCMEEPPs – Sociedades de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa
de Pequeno Porte são uma opção interessante, pois estão reguladas pelo Banco
Central do Brasil, como uma forma de fomentar o empreendedorismo no Brasil.
Fonte:
Paraíba Total
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