As
vitórias da seleção brasileira na Copa do Mundo podem ajudar as contas públicas
nacional enquanto elas continuarem. De acordo com especialistas, o aumento das
vendas, principalmente, de alimentos e bebidas devem elevar a arrecadação de
impostos federais, estaduais e municipais, no período, com destaque para a
colaboração das micro e pequenas empresas, que atuam mais em comércio e
serviços em todo o País.
Contudo,
a expectativa deles é de que, mesmo assim, a receita gerada com o evento
esportivo não irá salvar o resultado primário - economia para o pagamento dos
juros da dívida pública - de não cumprir a meta, de 1,9% do Produto Interno
Bruto (PIB) estabelecida para este ano.
Na
opinião do advogado Pedro Moreira, do Celso Cordeiro e Marco Aurélio de
Carvalho Advogados, a Copa do Mundo deve aquecer a economia com o maior consumo
em bares, restaurantes e supermercados, além do impacto nas operações de
turismo. "Entre os estados, haverá arrecadação de ICMS [Imposto sobre
Comércio de Mercadorias e Serviços] nas vendas de alimentos, bebidas, artigos
esportivos, bem como outros bens de consumo. No caso dos municípios, haverá
maior recolhimento de ISS [Imposto sobre Serviços] advindos dos hotéis,
agências de turismo, por exemplo", explica.
Segundo
ele, a receita do governo federal também terá uma ajuda com esse movimento
durante a Copa. "O faturamento das empresas pode vir a crescer com esse
aquecimento da economia, o que gera mais arrecadação de impostos ligados a isso
e ao lucro, como Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica [IRPJ], Contribuição
Social sobre Lucro Líquido [CSLL], PIS [Programa de Integração Social] e Cofins
[Contribuição para Financiamento da Seguridade Social]. Até mesmo, pode ocorrer
mais fabricação de produtos, o que eleva o recolhimento de IPI [Imposto sobre
Produtos Industrializados]", aponta Moreira.
"Na
verdade, as vendas de mercadorias com a Copa podem aumentar, sim, sazonalmente
e isso aumentaria a arrecadação de ICMS do estado aonde os jogos ocorrem",
concorda Ricardo Dantas, advogado do mesmo escritório. "Considerando que
os torcedores são consumidores finais, o pagamento do imposto pelo
estabelecimento comercial é realizado na alíquota cheia (máxima), conforme o
produto. A regra seria de algo em torno de 18% no estado de São Paulo",
acrescenta o especialista. Porém, o advogado diz não acreditar que esse impacto
na arrecadação tributária seja "tão significativo".
Da
mesma forma, o professor no curso de administração das Faculdades Integradas
Rio Branco, Roberto Mauro dos Santos, acredita que haverá aumento, mas
marginal. "No caso das vendas de produtos como televisores, o que era para
ser consumido, já aconteceu. E há muitas pessoas que estão preferindo assistir
aos jogos em casa, o que impacta negativamente nos setores de comércio e
serviços. Além disso, como a maioria das seleções europeias foi eliminada, não
se sabe se os torcedores dessas, que tem maior poder aquisitivo, continuarão no
Brasil", entende.
"Mas,
neste momento [enquanto ocorreram os jogos, cuja final é em 13 de julho], a
maior contribuição deve vir das pequenas empresas, pois ainda existe muita
pulverização de distribuição comercial no País, por eles", ressalta
Santos, cuja opinião é endossada pelos especialistas.
Na
visão dele, com este cenário, a expectativa é que a Copa deve ter ajuda mais as
contas públicas antes de seu início. "É possível que a arrecadação aumente
favorecida por este evento no acumulado do ano até maio", prevê. O
resultado desse recolhimento no âmbito federal será divulgado pela Receita
Federal amanhã.
"Por
causa disso, faltou para o governo um planejamento para o turismo no País, de
modo que estimulasse a permanência dos turistas no País, o que, hoje, é uma
incógnita, ou até mesmo a antecipação da estadia deles", critica.
Recolhimentos recentes
Neste
ano até abril, a arrecadação de impostos federais acumula R$ 399,310 bilhões, o
que representa uma alta de 1,78%, em termos reais (com ajuste da inflação), na
comparação com o mesmo período de 2013.
Ao
divulgar esse resultado no final de maio, o presidente da Receita Federal,
Carlos A. Barreto, informou que a previsão de avanço real da arrecadação para
2014, que era de 3% a 3,5%, deve ficar mais próxima de um acréscimo de 3%.
Com
relação ao ICMS, dados preliminares do Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz) mostram que o recolhimento do imposto soma R$ 186,238 bilhões também
até abril.
Fonte:
DCI – SP
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