Os
efeitos da crise econômica sobre os cofres públicos e o caixa das empresas
impulsionam um movimento para a reformulação do sistema de pagamentos de
impostos brasileiro, apelidado de manicômio e carnaval tributário.
Muito
mais do que produzir uma alta carga de impostos, a queixa mais recorrente é o
custo indireto decorrente da sua complexidade. O Brasil precisa de um novo
sistema tributário. A aprovação de uma ampla reforma, entretanto, depende da
redefinição das competências da União, Estados e Municípios.
Essa
foi a opinião unânime de empresários, acadêmicos e representantes das
administrações tributárias reunidos no seminário internacional “Tributo ao Brasil
– A Reforma que Queremos”, da Afresp (Associação dos Agentes Fiscais de Renda
do Estado de São Paulo).
Para
Hélcio Honda, diretor da Fiesp, o sistema atual é um convite à sonegação de
impostos. Falta clareza nas regras, que abrem brechas a várias interpretações e
só levam ao aumento do contencioso tributário.
"O
custo indireto para cumprir as obrigações acessórias impostas é uma carga
invisível que infla o custo do produto”, disse. Apontado como o grande vilão em
termos de complexidade, o ICMS também é o carro-chefe das finanças dos Estados,
o que dificulta um pouco a discussão de propostas para a sua extinção.
Por
esta razão, a discussão da reforma tributária, na sua opinião, deve ser
precedida de um novo pacto federativo, em que a partilha de receitas seja mais
justa e menos concentrada na União.
CRISE FISCAL DOS ESTADOS
Como
representante dos Estados no seminário, o secretário da Fazenda do Estado de
Tocantins, Paulo Antenor de Oliveira, também defendeu a ampliação da fatia de
recursos destinados aos Estados, que ao longo dos anos passaram a assumir novas
obrigações sem a contrapartida de receitas.
Atolados
numa crise fiscal sem precedentes, com despesas previdenciárias no valor total
de R$ 76 bilhões, os Estados ainda são os mais reticentes na defesa de uma
reforma tributária profunda até que haja um reequilíbrio nas contas, daí a
necessidade de nova partilha da receita tributária.
Como
sugestão ao debate sobre a reforma tributária, Paulo Antenor defendeu a
retomada da cobrança de imposto sobre dividendos e até da CPMF. “São poucos os
países no mundo que não taxam os dividendos”, criticou.
O
economista e professor da FGV Fernando Rezende também defendeu a reconstrução
do sistema tributário, com novos princípios e conceitos, e a discussão em
paralelo de uma reforma federativa. “Ninguém mais se beneficia do sistema
tributária atual”, afirmou.
Na
sua opinião, a reformulação deve contemplar o fim do ICMS, cuja arrecadação
está estagnada há mais de 30 anos, sem contar a complexidade atribuída ao
tributo.
Para
o economista, é preciso discutir novos métodos de arrecadação em um mercado
marcado pelo desaparecimento de cadeias produtivas e até de fronteiras. “O fim
do ICMS deve ser colocado na agenda dos Estados”, concluiu.
Fonte:
Diário do Comércio
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