O
atraso da Receita Federal em colocar à disposição dos contribuintes o programa
gerador da Dirf (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte) tem gerado
apreensão no meio contábil.
O
prazo final de entrega da obrigação acessória anual, uma das mais complexas na
elaboração pelo volume de dados informados, antes previsto para o último dia
útil do mês de fevereiro, foi antecipado para o dia 15 de fevereiro.
A
Instrução Normativa 1.671, publicada em novembro de 2016, além de antecipar a
data de entrega em 15 dias, também promoveu mudanças, obrigando a identificação
de todos os sócios das Sociedade em Conta de Participação.
A obrigatoriedade de envio de informações ao fisco via Dirf é abrangente. Devem entregar todas as pessoas jurídicas e físicas que pagaram ou creditaram rendimentos sobre os quais tenha incidido retenção do Imposto de Renda ou das contribuições sociais (Contribuição Social sobre o Lucro – CSLL, PIS-Pasep e Cofins).
Anualmente,
a obrigação acessória é entregue também por entidades imunes ou isentas,
condomínios e até candidatos a cargos eletivos, ainda que não tenha havido a
retenção do imposto.
Pela
legislação, a entrega em atraso de uma das declarações mais trabalhosas e
complexas para os escritórios de contabilidade implica multa de 2% sobre o
montante dos tributos e das contribuições informados, ainda que tenham sido
integralmente pagos, limitada a 20%. Para as pessoas físicas, empresas inativas
ou optantes pelo Simples Nacional, a multa mínima é de R$ 200.
PEDIDO DE MANUTENÇÃO DO
PRAZO ANTERIOR
Entidades
de classe, como a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis
(Fenacon), solicitaram ao fisco a manutenção da data anterior, ou seja, último
dia útil de fevereiro, mas até o momento não houve manifestação da Receita
Federal.
Em
ofício encaminhado ao órgão, a entidade justifica a redução do número de dias
úteis para a elaboração da declaração por conta do Carnaval e o grande volume
de trabalho a que estão sujeitas as empresas contábeis no início do ano.
Como
fator principal, o documento apontou que grande parte das empresas ainda não
têm sistemas integrados e informatizados, o que será agravado ainda mais este
ano pela atual demora na disponibilização do programa gerador.
No
ano passado, o programa estava à disposição dos contribuintes no início de
janeiro. De acordo com Dilma Rodrigues, sócia diretora da Attend Assessoria,
Consultoria e Auditoria, se antes o prazo já era apertado, agora ficou pior principalmente
pela demora da Receita em oferecer o programa para a elaboração da Dirf.
“O
atraso é preocupante até para as empresas de softwares, pois é necessário
realizar testes e validação dos dados nos programas contábeis antes da entrega
das informações. A Dirf é uma declaração pesada”, explica.
Na
prática, os softwares das empresas que possuem todos os dados a serem
informados na obrigação acessória geram um arquivo que é importado para o
programa da Dirf.
E
é muito comum a necessidade de ajustes para que os sistemas conversem entre si.
Além disso, o leiaute do programa pode sofrer alterações até a data limite para
a entrega, obrigando as empresas a realizar adequações e conferências dos
dados. Para evitar imprevistos e o envio de informações imprecisas, as empresas
precisam de tempo.
Para
Elvira Carvalho, consultora tributária da King Contabilidade, a antecipação do
prazo de entrega da declaração e a demora na liberação do programa causam
transtornos e correria às empresas.
Ela
explica que o prazo de fechamento do balanço das empresas referente a 2016 foi
mantido para o último dia útil de fevereiro, que era o mesmo para a entrega da
Dirf, antes da mudança pelo fisco.
No
balanço é definido o valor da distribuição de lucros aos sócios, uma informação
que também consta na Dirf. “Com a antecipação do prazo, automaticamente as
empresas terão de fechar o balanço antes”, explica.
A
mesma situação ocorre com o Informe de Rendimentos, que as empresas são
obrigadas a fornecer aos funcionários e tomadores de serviços até o fim de
fevereiro. A Receita Federal foi
procurada para comentar o atraso e os possíveis transtornos aos contribuintes,
mas não se pronunciou sobre o assunto até o momento.
Fonte:
Diário do Comércio
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