Ontem foi o “Dia do Empresário Contábil”, um empreendedor que trabalha gratuitamente
para o Fisco e com alto risco de ser corresponsável pelas ações de seus
clientes. Este empresário que é pressionado por mudanças constantes na
legislação que em nada simplificam a viabilidade dos negócios no país depende,
atualmente, da forma como enxerga seu negócio, pois está diante de mudanças
desafiadoras, das quais pode se lamentar infinitamente, ou de ricas
oportunidades, com as quais pode crescer e se diferenciar no mercado. De qual
lado você vai ficar?
O
Contabilidade na TV entrevistou os empresários contábeis Mario Elmir Berti, que
também é presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e
das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas – Fenacon; e
Márcio Shimomoto, presidente do Sescon São Paulo; para mostrarem o que pensam
destes desafios e oportunidades. Também conversamos com os empresários que
atuam diretamente no mercado contábil. Um é desenvolvedor das ferramentas de
trabalho essenciais para toda a empresa contábil, são os sistemas de folha de
pagamento, escrita fiscal, contabilidade e outras tecnologias web, Elinton
Marçal, da SCI Sistemas Contábeis; e, Marcelo Lombardo, da Omie Experience,
também do ramo de tecnologia, mas que atua nos clientes da contabilidade, com
sistema de ERP integrados a contabilidade. Nestes depoimentos é perceptível a
urgência com que o empresário contábil deve acordar para as mudanças e se
reposicionar. Confira.
QUAL DEVE SER O FOCO DO
EMPRESÁRIO CONTÁBIL EM 2017
•
GESTÃO: Diante de um cenário de instabilidade política e econômica, com
tendência de grandes mudanças nas propostas deste novo Governo “reformista” é
preciso que os empresários contábeis pensem como gestores. O presidente do
Sescon SP, Márcio Massao Shimomoto acredita que melhorar a gestão deve ser o
foco para 2017: “Melhorar a gestão da empresa contábil, mas também auxiliar na
gestão dos seus clientes. O ano de 2017 vai ser de muitos desafios e precisamos
ajudar os clientes a passar por essa fase, bem como nós mesmos precisamos
investir mais em capacitação tanto dos colaboradores como dos empresários
contábeis. É o momento de preparar a empresa contábil para o crescimento que
certamente acontecerá a partir do final do segundo semestre para o início de
2018”.
Para
Marcelo lombardo, da Omie Experience sem gestão não haverá eficiência: “O foco
deve ser na eficiência operacional, pois com isso o empresário contábil vai
conseguir manter ou ampliar a sua margem de lucro e ser mais competitivo no
mercado”.
•
TECNOLOGIA: Os serviços contábeis estão bem diferentes. Abrindo a janela para
um futuro próximo podemos imaginar empresas de consultores contábeis, pois a
parte de digitação e encaminhamento das informações será feita totalmente por
sistemas integrados e online, precisando apenas de conferência e interpretação,
desta forma o diferencial estará em atender os diferentes públicos, os que
desejam atendimento pessoal e personalizado e aqueles que nem querem falar com
o contador, olhando por este prisma, o diretor de tecnologia e marketing da SCI
Sistemas Contábeis, Elinton Marçal é enfático: “O empresário contábil precisa
focar em nichos de mercado, investir em tecnologia e treinamentos, deixar a
tecnologia fazer o serviço repetitivo e investir na inteligência humana
surpreendendo os clientes fazendo parte da gestão”, então atenção para as
necessidades dos clientes.
Existem
novos caminhos sendo abertos pela tecnologia, e por aí temos inovações
importantes para a vitalidade da empresa contábil, explica o CEO da Omie: “Os
avanços tecnológicos como a integração total de dados financeiros e fiscais
entre cliente e contador são o maior aliado no ganho de eficiência tão desejado
pelos empresários contábeis. Com esse salto, o contador vai poder se tornar
mais consultivo e participar mais das decisões estratégicas de seus clientes”.
•
CLIENTES: Pensando num mercado diferenciado, com contas de valor agregado, o
empresário contábil deve se lançar ao modelo “retrô” de atendimento. Munido de
alta tecnologia, o diferencial estará na personalização dos serviços, na
extrema confiança de seus clientes e na parceria, como explica Mário Elmir
Berti, presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e
das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas – Fenacon: “O
foco deve ser prioritariamente em estabelecer parcerias com seus clientes, pois
o contador possui ferramentas e informações que são muito úteis para a gestão
dos negócios dos empresários e nem sempre eles se utilizam da contabilidade
como direcionamento de metas e estratégias”. O contador deve conhecer muito o
negócio de seu cliente, pois isso ajuda consideravelmente na questão
tributária, inclusive contabilidades especialistas em nichos, como
construtoras, supermercados, farmácias, e outros, já são realidade.
TECNOLOGIAS E TRIBUTOS:
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Dá
até medo de pensar, mas vamos lá! Para isso precisamos estar munidos de
conhecimento, equipe treinada e muito motivada, pronta para mudar
constantemente e aprender sempre, então o pessoal das antigas vai ter que se
mexer e se misturar com a nova geração de profissionais contábeis (aqueles que
cresceram diante dos computadores, videogames e internet) e os novatos terão
que buscar a “expertise” de mercado do pessoal da casa: um vai precisar do
outro e o outro do um... mas das divagações aos fatos.
•
MAIS MUDANÇAS, MAIS VALOR: O presidente da Fenacon acredita que quanto mais
trabalho, maior a valorização da profissão, por isso as mudanças são bem
vindas: ”Se por um lado as exigências tributárias, leia-se aqui as obrigações
acessórias, inclusive, trazem mais trabalho e mais exigência de investimentos
em pessoal e tecnologia, por outro lado, traz a tona a enorme importância do
papel que desempenhamos na consecução destas tarefas. A tecnologia, que passou
a ser custo ao invés de investimento, estará a exigir cada vez mais as nossas
atenções e a necessidade constante de olhar com muito mais atenção para este
particular”.
•
CONTABILIDADE ON-LINE: Para o presidente do Sescon SP um caminho a ser estudado
e trilhado! “As tecnologias avançam a cada minuto sendo lançados produtos cada
vez melhores e que procuram automatizar os processos manuais, tanto nas
empresas contábeis, como nos seus clientes, facilitando a interface entre
cliente/contabilidade, levando o conceito da contabilidade online para todas as
empresas contábeis que terão a missão de utilizar a tecnologia para agregar
mais serviços e valorizar mais os nossos serviços”.
•
GESTÃO NA MÃO: Empresas contábeis são difíceis de administrar, principalmente
com tantas mudanças, porém é preciso que haja organização e métodos, além de
uma gestão que tenha a participação das lideranças da empresa contábil e seus
consultores em decisões importantes, pois o engajamento da equipe é fundamental
para a produtividade da empresa. Todos precisam querer que as coisas funcionem
e quando se trata de sistemas é necessário ter muita parceria (a mesma que os
contadores terão que buscar com seus clientes – modelo “retrô”). O diretor de
tecnologia e marketing da SCI explica: “Os sistemas contábeis são gigantes e
por isso necessitam investimentos em treinamentos constantes para que os
profissionais operem corretamente os sistemas e também utilizem o máximo de sua
capacidade. As oportunidades são claras, as empresas contábeis precisam
profissionalizar a sua gestão. O sistema é a principal ferramenta da empresa de
contabilidade, é extremamente técnica e gigantesca, por isso acredito que deter
uma tecnologia especialista e avançada faz parte da oportunidade dos
empresários contábeis obterem sucesso. Na área tributária sem dúvida é a
consultoria, fazendo aproximação do cliente, até porque as mudanças sugerem
esta postura”.
•
Bloco K e Esocial: Assunto muito bem lembrado pelo presidente do Sescon SP:
“Não podemos esquecer que em 2017 entra o bloco K para as grandes empresas
industriais, distribuidoras e algumas atacadistas, sendo necessário preparar os
clientes para gerar as informações necessárias. Temos também o eSocial que no
cronograma atual entra em 2018, portanto 2017 é o ano de preparação da base de
dados de nossos clientes e também de conscientização das mudanças nas rotinas
trabalhistas que deverão ocorrer para atender mais essa obrigação”.
O QUE ESPERAR DAS REFORMAS
PROMETIDAS PELO GOVERNO
Pode-se
dizer que existe uma certa vontade de alguns setores do governo no sentido de
minimizar a burocracia, mas não sabemos se irão conseguir, Mario Berti pensa
que agora o governo começa a enxergar a importância das micro e pequenas
empresas: “Permitir que elas tenham condições de trabalho e desenvolvimento é
fundamental. Acredito que avançaremos neste sentido. Inclusive, nós
encomendamos uma pesquisa e uma pauta de sugestões para o governo no intuito de
colaborar para uma melhor oxigenação para as empresas”.
Márcio
Shimomoto vê as mudanças prometidas com otimismo: “O governo está ciente de que
precisam diminuir a burocracia e facilitar a vida do empreendedor. Teremos
muitas mudanças nesse sentido. Uma reforma trabalhista já iniciada, uma reforma
previdenciária sendo debatida, uma reforma tributária já sendo desenhada. Todas
essas reformas implicarão em alterações na legislação que teremos o desafio de
levar para os empreendedores no decorrer de 2017”.
Mas
há também a descrença, como a expressada por Elinton Marçal: “Migrar burocracia
do papel para tecnologia continua sendo burocracia, e é isso que eu enxergo
hoje”. Para ele o Brasil é um país muito instável que demora muito para mudar e
quando muda geralmente é para pior.
Realmente,
o que temos visto até o momento é a pressa do governo em arrecadar e para isso
a tecnologia tem sido uma importante aliada. Marcelo Lombardo considera que as
empresas podem esperar uma grande melhoria do governo, mas no sentido de
automatizar a máquina arrecadatória, entregando cada vez mais as apurações
prontas (ou muito próximo disso) para os contribuintes: “Nesse sentido, o
empresário contábil que não se preocupou em se posicionar estrategicamente
junto à gestão do seu cliente pode perder relevância e até receita. Por isso
2017 é o ano de reposicionar estrategicamente o seu escritório!”
UMA MENSAGEM PARA O
EMPRESÁRIO CONTÁBIL
“Apesar
da crise, podemos fazer dela uma oportunidade de novos negócios. Reclamar não
resolve. Aliás, quem reclama muito de sua profissão tem enorme dificuldade para
vender seu produto. Antes de reclamar, estude mais, invista mais e acredite no
seu próprio potencial. Participe das entidades de classe, seja contribuindo da
forma que você tem condições, ou mesmo enviando sugestões e colocando-se ao
dispor para também ajudar a fazer a nossa profissão, ainda mais valorizada do
que já é”. Mario Elmir Berti, presidente da Federação Nacional das Empresas de
Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e
Pesquisas – Fenacon.
“Os
serviços contábeis nunca foram tão essenciais como nesse momento e temos muitos
grandes desafios para o ano de 2017. Sei também que o empresário contábil
sempre se adapta, atende e vence todos os desafios apresentados. É o momento de
melhorar a capacitação dos recursos humanos empregados nas empresas contábeis
para, cada vez mais, agregar valor aos serviços prestados e ajudar os
empreendedores a vencer os desafios conosco”. Márcio Massao Shimomoto,
presidente do Sescon SP e Aescon SP.
“Acredito
que a contabilidade nunca foi tão valorizada, mas isso passa por uma mudança
cultural violenta. Se antigamente o Contador tinha que confeccionar livros,
agora ele precisa de expertise tecnológica. Todos que investirem corretamente
terão o seu lugar ao sol”. Elinton Marçal, diretor de tecnologia e marketing da
SCI Sistemas Contábeis
“Todos
sabemos que a maior dificuldade da PME no Brasil é sua gestão. E vocês,
empresários contábeis, estão em contato com 100% das PMEs e conhecem
profundamente esse cenário. Com o aumento crescente da relevância das PMEs na
economia brasileira, a classe contábil assume a posição mais estratégica do
país para fomentar o progresso e o crescimento do nosso país. Vamos ser
otimistas e acreditar em um Brasil construído por nós, empresário e contadores,
unidos e integrados!” Marcelo Lombardo, CEO da Omie Experience.
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