Empreendedores
em geral - sejam aqueles que estão concebendo um projeto ou os que passaram
dessa fase e já estão com as ideias na prática – estão acostumados a fazer
planos de negócio, de ação, elaborar metas e estratégias. Isso é importante
para desenhar uma perspectiva do negócio e saber a melhor maneira de conduzir o
projeto. Mas quando a ideia é colocada na prática e precisa ganhar mercado, sai
na frente quem executar ações que, além de serem eficazes para o momento,
garantem bons resultados a longo prazo.
Firmar
parcerias, alinhar os funcionários com o propósito da empresa, conquistar os
clientes através do atendimento e relacionamento e lançar promoções são medidas
trazem reconhecimento para uma marca. Com isso o empreendedor posiciona sua
ideia perante o mercado e então pode trabalhar para que ela se consolide e
garanta seu espaço.
No
bar Sirène, essa estratégia rendeu bons frutos. Os amigos Afonso Natal Neto,
Lucas Muller e Raphael Umbelino levaram sete meses para planejar qual negócio
funcionaria no espaço que adquiriram, na rua Trajano Reis, no centro de
Curitiba. Em janeiro de 2016, a casa abriu suas portas oferecendo para o
público um único prato: fish and chips, uma comida típica de Londres.
Por
trabalharem com um produto especializado e que não era tão conhecido pelos
clientes, os sócios trabalharam outras formas de atrair quem frequentava a
região. Firmaram parceria com uma fábrica de chope local e adaptaram a receita
para o gosto brasileiro. Assim, quem era atraído pelas promoções de cerveja acabava
ficando pela qualidade do produto. Por fim, os donos investiram na comunicação
com o público, que ajudou a divulgar o local. A estratégia trouxe bons
resultados: o faturamento do Sirène começou em R$ 30 mil e dobrou duas vezes ao
longo do ano.
Atenção e planejamento
Apesar
dessa movimentação parecer orgânica, ela teve de ser muito bem planejada para
dar certo. Os sócios, que no início eram os únicos funcionários do bar, já
tinham novas contratações e parcerias em mente. Conseguiram fidelizar o fornecedor
dos peixes e contrataram mais atendentes, um zelador e um profissional de
marketing digital. “A qualidade e o preço justo deram o up para o bar. Agora,
investimos nas redes sociais para ter um feedback rápido e melhorar o
atendimento, que sempre foi essencial”, explica Neto.
Esse
planejamento feito no início dos negócios demanda organização de recursos,
procedimentos e tempo. Segundo Deise Hofmeister, coordenadora da pós-graduação
em Empreendedorismo e Desenvolvimento de Novos Negócios na Universidade
Positivo, a atenção necessária para o momento antes de abrir as portas deve ser
redobrada quando o negócio começa a funcionar. “O ritmo de trabalho da empresa
tem que ser alto. Quem dita as regras é o mercado, depende de demanda e para
ela crescer a pessoa precisa estar ali”.
Rede amiga
Para
Edith Viana Alves, consultora do Sebrae em empreendedorismo, as parcerias com
fornecedores, mentores e consultores ajudam a planejar e ajustar o negócio. “Às
vezes o dono faz tudo, aí não tem tempo de cuidar da gestão, porque está focado
no operacional. A rede de contatos é importante para se atualizar sobre a área,
diversificar e até expandir o negócio”, afirma.
E
foi com uma parceria que o Whatafuck conseguiu consolidar seus planos de
expansão. O sócio da hamburgueria, Daniel Mocellin, conta que o bom
relacionamento com fornecedores garante vantagem estratégica para a casa.
“Temos prioridade para receber os produtos. Isso trouxe segurança para abrir
uma nova unidade”. Para ele, a segunda loja é tratada como um novo negócio, mas
o planejamento aproveita os aprendizados de quem já conhece a empresa.
Termômetro
As
especialistas alertam que, muitas vezes, o projeto tem que ser reajustado. “O
controle da gestão, tudo que você aprende a acompanhar desde o começo, é o que
ajuda você a ver onde pode adequar o plano para melhorar seus resultados”,
ressalta Alves. As medidas de curto prazo são simples e ajudam o empreendedor
nesse acompanhamento. Promoções e análise de redes sociais geram um estudo
sobre o cliente. Parcerias com fornecedores podem baratear custos e trazem
conhecimento sobre o mercado.
Esses
resultados apontam o perfil do negócio e facilitam a vida do empreendedor no
decorrer da atividade. Um dos termômetros que podem indicar a necessidade de
ajustar os planos é a lucratividade, que deve aumentar ao longo dos meses,
visando o break even (quando a empresa atinge o equilíbrio financeiro). Outro
indicador é a movimentação, que mostra se a empresa foi aceita ou não. “O
negócio pode não ter grande rentabilidade, mas está sempre cheio, mais do que a
concorrência. É um bom sinal. Oferecer um serviço melhor pode sair mais caro,
mas atrai as pessoas”, explica Hofmeister. Nesse caso, a medida é o
relacionamento com o cliente.
Fonte:
Gazeta do Povo
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