O
tempo está correndo para quem tem empregados domésticos e ainda não assinou a
carteira de trabalho. Na próxima quinta-feira, 7 de agosto, começa a
fiscalização (e as multas) do Ministério do Trabalho para patrões que, além de
não regularizarem a relação de trabalho, descumprirem obrigações como limite de
carga horária ou pagamento de 13º salário.
A
fiscalização obedece à lei sancionada em abril deste ano. Entidades que
monitoram a relação de trabalho em serviços domésticos estimam que cerca de 70%
das contratações são irregulares. Quem não assinar a carteira, poderá ter de
pagar até R$ 805,06.
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A fiscalização irá funcionar por denúncia: quando uma Delegacia do Trabalho
receber a reclamação de uma empregada doméstica, irá chamar o patrão a depor e
pode definir a penalidade — explica Mario Avelino, presidente do Instituto
Doméstica Legal.
O
Ministério do Trabalho não irá visitar as residências para avaliar se a
situação de domésticos está regular — exceto se houver mandado judicial.
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Com o início da fiscalização, fica ainda mais saliente a necessidade de
regularizar o serviço e se precaver de eventuais denúncias, guardando comprovantes
de pagamentos assinados pelo doméstico — sugere Rodrigo de Freitas, diretor da
empresa de assessoria SOS Empregador Doméstico.
Colocar
em dia as obrigações trabalhistas pode aumentar em 40% o gasto com empregados.
Quem assinou carteira nos últimos meses diz ter se surpreendido com o custo, e,
em muitos casos, com a dificuldade de imprimir guias e fazer os cálculos.
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Contratamos um contador para ajudar. Apesar de ter ficado mais caro, é uma
forma de se prevenir, além de garantir uma situação digna para quem trabalha —
diz o radiologista Marcelo Duarte, que regularizou a situação de sua empregada
recentemente.
Embora
não faça parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Domésticas,
aprovada no ano passado, a ampliação dos direitos pode despertar o interesse de
mais gente se dispor a trabalhar em lares. Conforme a Pesquisa de Emprego e
Desemprego (PED) da região metropolitana de Porto Alegre, as ocupações no setor
em junho aumentaram em cerca de 5%.
Depois
de 15 anos trabalhando como manicure, Luciana Name dos Santos, 35 anos, decidiu
trocar de profissão e se tornar doméstica. A mudança foi motivada pela
aspiração à carteira de trabalho. Para ela, ter o documento assinado é um
respaldo necessário — ainda mais para quem tem filhos, como é seu caso.
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É importante para tudo: aposentadoria, fazer conta em banco ou abrir crediário.
Antes, eu não tinha férias, nem 13º salário — conta Luciana.
Para
Guaciara Sousa, 39 anos, o otimismo pelo avanço nos direitos divide espaço com
a indignação pela demora em serem reconhecidos.
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Desde que a primeira doméstica começou na função, ela deveria ter todos os
direitos, como qualquer outro trabalhador — compara Guacinara.
Regulamentação total ainda
deve demorar
A
expectativa é de que nos próximos meses sejam ampliados os direitos desses
trabalhadores com a regulamentação de pontos da PEC das Domésticas.
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Essas questões dependem de negociação e dificilmente serão regulamentadas até
dezembro — projeta Freitas.
Outro
tema polêmico é o percentual de contribuição de patrões e empregados para o
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara aprovou neste mês um projeto que define em 6% a alíquota a
ser paga por ambos. O texto poderia seguir para sanção presidencial, mas ainda
aguarda prazo para apresentação de recursos que podem determinar votação no
plenário.
Valor das multas
Falta
de registro do empregado: R$ 402,53 a R$ 805,06
Extravio
ou inutilização da carteira de trabalho: R$ 201,27
Duração
do trabalho: R$ 40,25 a R$ 80,50
Pagar
menos que o salário mínimo, quando o doméstico trabalhar no mínimo cinco dias
por semana: R$ 40,25 a R$ 80,50
Não
pagar férias: R$ 170,26 a R$ 340,52
Empregado
doméstico com menos de 18 anos: R$ 402,53 a R$ 805,06
Atraso
no pagamento de salário: R$ 170,26
Não
pagamento de verbas rescisórias no prazo previsto: R$ 170,26 a R$ 340,52
Não
pagamento do 13º salário: R$ 170,26
Não
pagamento do vale transporte: R$ 170,26
Como será a fiscalização
Delegacia
do Trabalho recebe a denúncia, que pode ser feita pelo próprio empregado
doméstico que se sentir prejudicado
Se
a reclamação for fundamentada, fiscais solicitarão a presença do empregador na
delegacia para dar explicações
A
anotação da carteira de trabalho e o cumprimento dos direitos trabalhistas do
empregado serão analisados
Se
ficar configurada a irregularidade, o patrão será intimado a pagar multas, e
contará com um período para defesa
Essa
etapa não elimina um eventual processo do empregado na Justiça
O que está em vigor na PEC
das Domésticas
Garantia
de salário mínimo para quem recebe remuneração variável
Jornada
de trabalho de 8 horas diárias e 44 horas semanais
Hora
extra
Acolhimento
dos acordos e convenções coletivas
Proibição
de discriminação de salário, de função e de critério de admissão
Proibição
de discriminação em relação à pessoa com deficiência
Falta regulamentação na
PEC das Domésticas
Seguro-desemprego
Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
Salário-família
Adicional
noturno
Seguro
contra acidente de trabalho
Auxílio-creche
e pré-escola para filhos e dependentes de até cinco anos de idade
Indenização
em demissão sem justa causa
Fonte:
Zero Hora – RS
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