O
trabalhador vai se aposentar de casa, sem precisar ir ao posto da Previdência
Social. Em entrevista exclusiva ao DIA, o ministro Carlos Gabas antecipou que
os segurados vão acessar todos os serviços pela internet a partir do ano que
vem. Outra novidade é que em algumas situações não haverá mais necessidade de a
perícia médica ser feita nos postos.
O DIA: O senhor defende
que a sociedade evoluiu e as regras da Previdência têm que acompanhar essa
evolução. E o atendimento e a prestação de serviços seguem essa lógica?
CARLOS
GABAS: O modelo está esgotado. Estudos estão sendo feitos e esperamos
implementar mudanças. Todos os serviços da Previdência estarão disponíveis na
internet e serão acessados com senha do banco, assim como a Receita faz com o
certificado digital. A ideia é evitar que o segurado tenha que ir à agência da
Previdência. Hoje, nenhum processo tem começo, meio e fim pela internet. O
trabalhador vai se aposentar de casa, usando computador.
Se o segurado tiver
cumprido as exigências não vai mais ao posto? Não vai assinar documento?
A
ideia, inclusive, é comunicar que você já pode se aposentar. Assim como já
informamos sobre a aposentadoria por idade, o objetivo é fazer o mesmo com o
benefício por tempo de contribuição, informando que a partir de tal data pode
se aposentar, que receberá em banco tal. ‘Clique aqui’ e pronto, estará
aposentado.
O que está faltando?
Os
dados dos segurados já existem para nós. A Dataprev está terminando algumas
atualizações no sistema que permitirão termos processamento de informações
muito bom. Deve sair mais para o ano que vem.
Valerá também para o
auxílio-doença que precisa de perícia médica?
Haverá
situações em que não terá que fazer mais.
Em que situações?
Você
tem caso em que um parente que fez uma cirurgia está lá no hospital, por
exemplo e operou o coração. Está internado, tem laudo médico, tem comprovação
de que está internado. Tenho tudo que comprove. Por que hoje eu tenho que
mandar um perito fazer perícia no hospital? Não é desnecessário?
O médico-perito vai perder
a função?
Não.
Vai fazer a supervisão desses casos em que não foi necessário fazer perícia.
Ele vai receber os documentos e laudos para poder conceder o benefício. Isso
vai facilitar a vida do médico-perito. Se não for médico, não consegue analisar
os documentos.
Quando começa?
Estamos
fazendo projeto piloto em agência de Recife (PE). A MP 664 tirou a
exclusividade da perícia médica do INSS. Podemos usar médicos do Exército e do
SUS em locais de difícil acesso, nas fronteiras do país. Isso fará o Estado
economizar. Não vai precisar mandar o médico do INSS para lá de avião. Esses
outros médicos já estão lá. É diferente de ter que credenciar como o MP está
nos forçando a fazer em alguns estados. A MP 664 nos permite fazer uma parceria
com o SUS. Por que não posso aproveitar o laudo médico do SUS?
E a capacitação dos
servidores ante toda essa reformulação?
Vai
ser fácil, porque vai facilitar a vida do servidor. Vamos, na verdade, colocar
tecnologia no processo, de forma que o servidor não terá que fazer muita coisa
manual. Com bom cadastro, boa gestão...
E por falar em MP 664 e
665, que mudam regras de concessões de benefícios previdenciários e
trabalhistas, há mais propostas de mudanças? Por exemplo, na aposentadoria por
tempo de contribuição?
Por
ora, não. O que tinha de alteração já foi mandado (para o Congresso). Hoje não
tem nada sendo elaborado.
As MPs seriam suficientes
para esse momento?
Sim.
É o que eu disse: a sociedade é dinâmica, e esse dinamismo precisa ser
acompanhado pelas regras. Tem que discutir em algum momento.
A Previdência está
acompanhando o PL 4.330, que trata da terceirização?
A
única coisa que nos diz respeito é a possibilidade de reduzir arrecadação. A
responsabilidade por arrecadar e fiscalizar contribuições previdenciárias é da
Secretaria da Receita do Brasil, portanto. É claro que nos preocupa perder
arrecadação. Se aprovar, vai precarizar as relações de trabalho, o trabalhador
perde de qualquer maneira.
E o fator previdenciário?
Não
está em discussão agora. Quando estiver na pauta, vamos nos manifestar.
A fórmula 85/95 é saída?
Há
várias. Eu entendo que essa é a mais justa porque protege o trabalhador mais
pobre, aquele que começa mais cedo a trabalhar.
Fonte:
O Dia – RJ
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