O
projeto de redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais
completou 20 anos na Câmara dos Deputados, mas em tempos de crise econômica,
medidas mais "radicais" passam a ser cogitados pelo governo com o
propósito de cessar o aumento do número de desempregados no país. Segundo
informações do jornal Folha de S. Paulo, divulgadas nesta segunda-feira (25),
uma proposta de redução de até 30% da carga horária semanal e 15% dos salários
está sendo estudada pelo governo, com o objetivo de conter demissões
principalmente na indústria automobilística.
A
diferença entre os dois projetos é que a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) número 231 do ano de 1995 que "reduz a jornada máxima de trabalho
para 40 horas semanais e aumenta para setenta e cinco por cento a remuneração
de serviço extraordinário" tem como argumento principal ajudar a criar
empregos no país, que possui alta carga horária quando comparado a nações
industrializadas. Os empregadores rebatem dizendo que a contratação de novos
funcionários aumentaria os custos para a empresa.
Em
relação ao projeto estudado pelo governo, o objetivo é impedir demissões, na
indústria em geral e no setor automobilístico em específico. A medida é uma
alternativa às demissões e aos programas que suspendem temporariamente
contratos de trabalho, chamados de "lay-off" e férias coletivas, que
têm sido adotados por montadoras nos últimos meses.
Segundo
a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), até
abril o setor já havia demitido cerca de 4,9 mil funcionários em 2015,
apresentando redução de 9,5% no número de postos de trabalho na comparação com
o mesmo mês do ano anterior. A indústria automobilística encabeça uma crise que
atinge diversos setores em diferentes níveis e ameaças de mais demissões estão
sendo feitas. Montadoras instaladas na região do Grande ABC, em São Paulo, têm
intenção de demitir pelo menos outros 1,5 mil funcionários nas próximas
semanas.
“Tendo
em vista a crise da indústria automobilística, com demissões e sem perspectiva
de recuperação no curto prazo, acordos de redução na jornada de trabalho podem
ser positivos para evitar demissões, na medida em que sejam negociados entre as
empresas e os sindicatos”, comentou o professor de Economia da UFRJ, João
Saboia, em entrevista ao Jornal do Brasil.
Em
relação à taxa de desemprego, o especialista lembra que o número ainda não está
nem próximo do praticado na década passada, quando variou de 11% a 13% nos anos
de 2002 e 2004. No mês de abril o índice divulgado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) ficou em 6,4%, mas encara série de quatro
aumentos seguidos. “A taxa atual, comparada com o histórico da economia, é
relativamente baixa, mas a tendência no momento é de crescimento do desemprego.
Até o ano passado, o setor de serviços estava absorvendo parte da mão-de-obra,
mas agora não está conseguindo mais”, destaca Saboia.
Com
a crise econômica, centrais sindicais voltam a se manifestar a respeito da
redução da jornada de trabalho, manifestando apoio às duas medidas. A Central
Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical e a União Geral dos
Trabalhadores (UGT) enviaram cartas à presidente Dilma Rousseff manifestando
apoio ao projeto provisório.
Fonte:
Jornal do Brasil
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