A
semana passada terminou com sinalizações importantes de que as negociações
sobre a reforma do Imposto de Circulação Mercadorias e Serviços (ICMS) -
principal fonte de recurso para os estados brasileiros - podem avançar nos
próximos meses.
Na
última sexta-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que
governadores de vários estados manifestaram apoio formal à iniciativa do
governo federal em reformar o ICMS, imposto que é a principal fonte de recursos
na esfera estadual.
Após
participar da 157ª reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz), instância de deliberação máxima sobre o tributo, o ministro disse que
é preciso agir para trazer segurança jurídica e melhorar o clima de negócios e
os investimentos no País.
"Vamos
trazer segurança jurídica, que é importante para melhorar o clima de negócios e
o clima de investimento. Esta [reforma do ICMS] é uma agenda de melhora de
investimento, de aumento de segurança jurídica, inclusive para empresas
multinacionais", disse Levy, que presidiu a reunião do Confaz pela segunda
vez este ano, após 15 anos sem aparições do titular da Fazenda.
Levy
contou ainda que a medida provisória editada sobre a reforma do ICMS pode
sofrer pequenos ajustes em relação ao desembolso do Fundo de Desenvolvimento
Regional e Infraestrutura, um dos fundos criados para ressarcir os estados após
a convergência das alíquotas. O mais importante, porém, foi que as conversas
avançaram, destacou o ministro.
"Houve
reafirmação do que os governadores já vêm falando, do apoio a dar prioridade
para votarmos a medida que estabelece o cronograma para a convergência das
alíquotas. Esse é o mapa para a gente seguir", disse Levy.
O
apoio formal dos estados é um ponto de convergência importante, disse Levy, que
considera o momento certo para agir. Segundo ele, há uma disposição do Supremo
Tribunal Federal (STF) de resolver a questão dos benefícios fiscais, que hoje
estão à margem da legalidade, afirmou o ministro.
Barreiras
Logo
na abertura do encontro, Levy comentou que a carga tributária e as incertezas
em relação a incentivos fiscais são fatores que prejudicam a intenção de
investimentos. Mas esses obstáculos, segundo o ministro, poderiam ser reduzidos
com a convergência da alíquota do ICMS. "Vemos reticência dos
investimentos por várias razões. Uma delas é a carga tributária. O investimento
se retrai", avaliou.
Ao
longo da semana passada o ministro tentou costurar um acordo para votar a
reforma do tributo, mas não conseguiu evitar que o tema fosse adiado para o
período pós-recesso no Congresso, no mês de agosto.
Segundo
Levy, hoje a incerteza dos estados reside principalmente na insegurança dos
incentivos fiscais. "Eles foram importantes, mas hoje os estados vivem num
limbo, não alcançando plena legalidade", afirmou o ministro. "Há
tendência no Judiciário de dar tratamento bastante duro se não houver
encaminhamento legal que permita regularização desses incentivos."
Levy
disse ainda que aproximar a base tributária do consumo fortalece a capacidade
dos estados de atenderem demandas em áreas como educação e segurança, as
atribuições constitucionais das unidades da federação.
Economia
Ainda
de acordo com o ministro da Fazenda, a economia brasileira começa a dar sinais
de reação, ainda que o andamento de medidas consideradas importantes pelo
governo para cumprir o roteiro do ajuste fiscal esteja mais lento do que o esperado
inicialmente. Entre as medidas que estão "atrasadas" está o projeto
de lei (PL) que revê as desonerações sobre a folha de pagamentos de empresas.
"Aos
pouquinhos a economia vai recuperando. Demora, tem de ter paciência como em
toda travessia, mas o efeito do realinhamento de preços e do próprio câmbio, a
gente já começa a ver empresas com mais disposição, começando a ter mais
resultados na exportação. Economia vai reagindo, mesmo que alguma medida demore
mais que o previsto", disse Levy, também após participar da reunião do
Confaz.
De
acordo com Levy, a própria hidrologia ajudou em 2015, contribuindo para a
regularização do setor elétrico. O "realismo tarifário" também foi
uma medida importante. "Este ano, as chuvas estão melhores, então a gente
talvez até comece a ver nos próximos meses redução no preço da
eletricidade", afirmou o ministro.
Fonte:
DCI – SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário