A
Receita Federal, desde o ano passado, passou a enviar por correio o carnê da
cidadania do Microempreendedor Individual (MEI). O objetivo era baixar o índice
de inadimplência da guia do Documento de Arrecadação Simplificada (DAS). Apesar
disso, a medida não surtiu nenhum efeito prático em mais de 12 meses de
aplicação.
O
Brasil tinha, em maio de 2014, pouco mais de 4 milhões de microempreendedores
individuais (MEIs) e, no mês, exatos 53% de contribuintes inadimplentes quanto
ao pagamento do DAS. Em maio deste ano, tudo muito parecido – até mesmo um
pouco pior: 53,11% dos cerca de 5 milhões de MEIs constavam como maus
pagadores, de acordo com os dados da Receita.
Para
o secretário-executivo da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), José
Constantino de Bastos Júnior, o carnê não pode ser visto como fracasso, mas sim
como uma tentativa para melhorar a iniciativa que visa desburocratizar o
microempreendedor.
"Estamos
aprendendo com a experiência do carnê", afirmou. "Vai ser feita uma
avaliação para ver se vai continuar em 2016", completou, acrescentando que
o custo para produção e distribuição do material foi dividido entre a
secretaria e o Sebrae.
Ainda
segundo Constantino, o Sebrae vem aprimorando as formas de comunicação com os
MEIs com novos meios de informar, como mensagens telefônicas de voz, sobre
débitos abertos e a necessidade da declaração anual.
Para
2016, o secretário disse que serão discutidos com Estados e Municípios os
pontos-chave que vão de novas formas para tentar eliminar cadastros inativos no
banco de dados até o perdão dos débitos. O principal prejuízo do MEI
inadimplente é a perda do acesso à cobertura previdenciária. "O MEI não
visa a arrecadação, mas sim garantir direitos sociais, e a preocupação fica com
a questão dos direitos previdenciários".
Por que tanta
inadimplência?
O
problema não está no valor de contribuição, atualmente fixado em R$ 39,40 (5%
do salário mínimo corrente), e muito menos no acesso ao documento, agora
entregue no endereço do microempresário. O que faz com que tanta gente fique
inadimplente é a falta de conhecimento de como proceder quando não há
rendimentos provenientes da microempresa ou quando simplesmente o MEI decide
parar com as atividades.
"Eles
[microempresário] abrem o MEI, trabalham por dois anos, por exemplo, e decidem
não mais exercer atividade. Mas não sabem que [depois disso] precisam fechar a
empresa, pensam que é só parar e está tudo certo, não sabem que o débito permanece
e se endividam", explica a contadora Jéssica Antunes, sócia proprietária
da J.A Assessoria Contábil.
Especializada
no campo do MEI, Jéssica explica que cerca de 80% dos empresários do MEI que
procuram sua empresa estão buscando amparo por estarem com DAS em atraso.
"Isso ocorre porque foram instruídos por outras fontes a pagarem 'se
quiserem' e também por não terem conhecimento de que gera o débito com a
Receita Federal", completa a especialista, acrescentando que o DAS deve
ser pago todos os meses enquanto o MEI estiver ativo.
Fonte:
Brasil Econômico
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