A
maior reclamação entre contabilistas e o setor empresarial é quanto ao prazo
para adequação às mudanças trazidas pelo Sistema Público de Escrituração
Digital (Sped). Para eles, o governo deveria dar mais tempo para que as
empresas façam suas adequações. Além disso, alegam que aumentou muito o número
de obrigações dos contribuintes. Isso porque caberá à empresa informar e até
corrigir, por exemplo, dados cadastrais dos seus funcionários que estiverem
errados.
“O
ideal seria que os contribuintes fossem obrigados a fornecer apenas as
informações que são de seu controle e conhecimento. Os demais dados do sistema
deveriam ser de responsabilidade dos órgãos competentes e poderiam ser obtidos
diretamente dos sistemas destes por meio digital”, destaca o diretor titular
adjunto do Departamento Jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp), Oziel Estevão.
Todas
essas mudanças levam o contribuinte a se tornar fiscal do governo, observa o
presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de
Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo
(Sescon-SP), Sérgio Approbato Machado Júnior, ao declarar que as obrigações
acessórias são, na verdade, o contribuinte trabalhando para o governo. “E ainda
será penalizado caso haja algum erro”, dispara Approbato.
Para
os especialistas, o governo deveria dar mais prazo para a adaptação. “No caso
do eSocial, começou a valer com o produtor rural, empresas que terão grande
dificuldade em se adequar ao sistema”, diz Approbato. “Creio que haverá uma
mudança no prazo do eSocial, porque ele ainda está muito incipiente e com
muitas dificuldades de adaptação”, complementa o presidente do Sescon-SP.
“O
prazo para o eSocial realmente é curto, porque as empresas já vão ter que
começar a implementação a partir de abril e muitas estão paradas, sem dar a
devida importância a este prazo”, concorda a advogada Milena Sanches,
consultora trabalhista da IOB Folhamatic EBS, empresa do grupo Sage.
De
acordo com ela, o passo inicial é importante. Em um primeiro momento as
empresas terão de realizar um trabalho volumoso, que é a realização do cadastro
inicial dos seus funcionários. “Se houver erro nesta etapa do processo, podem
ocorrer inconsistências e a empresa ser alvo de uma fiscalização no futuro”,
alerta Milena. “Contadores também devem ficar atentos à mudança radical do
eSocial, porque o projeto envolve muito mais obrigações do que o próprio Sped”,
considera a consultora da IOB Folhamatic.
Fonte:
DCI – SP
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