Após
dar indícios de que estávamos voltando a crescer, a crise política que segue no
Brasil desde 2014 ganhou um novo e importante capítulo que abalou a economia de
uma hora para a outra: a delação dos executivos da JBS. Entenda como a crise
política pode afetar sua empresa nos próximos meses.
1. Fuga de investimentos
É
natural que essa panela de pressão causada em maio com o interrogatório de Lula
agitasse o cenário econômico e político nacional. Era algo que já estava
agendado há tempo e o mercado já estava tenso. Após a delação dos executivos da
JBS, então, o caos se instaurou.
A
incerteza política está nas alturas. Teremos um novo impeachment? Novas
eleições? O aumento dessa irresolução certamente abala a confiança dos
investidores no país. Nas palavras de Rodrigo Melo, economista da Icatu
Vanguarda, “se as denúncias se confirmarem, a atividade econômica vai levar
mais tempo para sair do buraco”.
O
Risco Brasil, o famoso e temerário índice que mede a variação dos custos do CDS
(Credit Default Swaps) estava fora da mídia desde o impeachment de Dilma
Rousseff, mas avançou 30% em apenas um dia após as delações. O índice é um
seguro contra a “quebra do país” e certamente é considerado por investidores,
principalmente estrangeiros.
Isso
posto, há uma grande tendência de que os conservadores segurem os seus navios e
só voltem a navegar por aqui quando as águas estiverem mais calmas. Porém, vale
ressaltar que existe quem veja o copo meio cheio no meio disso tudo. Segundo
Eduardo Glitz, da XP Investimentos, ao jornal Zero Hora, houve investidor que
viu na turbulência da bolsa uma oportunidade para fazer compras a preços
baixos.
Entretanto,
no contexto geral esse clima de ingovernabilidade faz mais mal às empresas
brasileiras, que ainda tentam encontrar o rumo depois desses anos de vacas
magras.
2. Reforma Trabalhista e
Previdenciária indefinidas
Depois
de avançarem muito, ambas as reformas, que são vistas com mais otimismo do que
pessimismo por muitos empresários brasileiros, também têm o futuro incerto. A
crise política deve paralisar o Congresso, travando seu andamento.
Fazendo
uma conexão com o primeiro item, vale lembrar que elas são consideradas
essenciais para restaurar o equilíbrio de contas do governo para recuperar a
confiança dos investidores.
Portanto,
os empreendedores contam com a sanção das reformas para realizar seu
planejamento, mas terão que permanecer atentos aos próximos capítulos enquanto
a situação permanece indefinida.
3. Bolsa e Câmbio
oscilantes
A
onda de pânico que se instalou evidentemente fez com que a Ibovespa tivesse uma
queda histórica e o dólar fosse às alturas. Logo após as denúncias contra o
presidente Michel Temer, a moeda estadunidense teve sua maior alta desde 1999,
avançando 8,15%.
Segundo
o economista Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora,
em entrevista ao UOL, essa turbulência pela qual passamos deve fazer o dólar
continuar subindo nas próximas semanas, fato com que leva a acreditar em um
momento oportuno para comprar a moeda, principalmente se você tem alguma
despesa ou dívida em dólar.
4. Juros instáveis
O
item que certamente vai mais impactar as empresas. Com a mudança do cenário
político, o Banco Central pode rever o ritmo da taxa básica de juros,
dependendo do comportamento do dólar e da inflação.
Isso
significa que talvez ele não consiga baixar a taxa de juros o quanto desejaria.
Portanto, menos crédito para os consumidores e, como consequência, uma
tendência de estagnação nas vendas de vários setores.
Além
disso, os juros futuros também tiveram consequências imediatas. E como eles são
os juros que condicionam o custo de financiamento de longo prazo, são
amplamente usado por empresas e merecem atenção. O Depósito Interbancário (DI)
para janeiro de 2018 encostou em 9%, criando um cenário que, para analistas,
tira os cortes no juro básico em um ponto percentual no fim do mês.
Até quando vai essa maré?
Para
analistas do mercado, o impacto da crise política nos investimentos é imediato
no curto prazo e pode se estender, obrigando o governo a rever seu cronograma
de concessões para blindar a economia.
À
vista disso, os estragos provocados pelos escândalos políticos na economia
ainda serão sentidos por muito tempo e exigem das empresas muito foco, estudo e
informação para realizar os movimentos certos.
Fonte:
Blog Sage
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