Médios,
pequenos e microempresários e até condomínios com faturamento inferior a R$ 78
milhões, que representam 20 milhões de pessoas jurídicas no Brasil, têm até o
dia 1º de julho para aderir à primeira fase do eSocial, que será implantada
gradualmente até janeiro de 2019. O programa do governo federal que unificará
as informações do universo trabalhista, porém, ainda é pouco conhecido. De acordo
com pesquisa realizada pela multinacional Sage com empresas de pequeno porte,
duas em cada três companhias (66,33%) ainda não sabem e sequer têm informações
sobre o novo sistema.
É
o caso da empresária Heloísa Moura, proprietária de uma loja de artesanato e
produtos para o lar em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Prestes a contratar a primeira funcionária, ela já pensa em consultar um
contador para saber dos novos procedimentos a serem adotados.
“Acho
que faltam muitas informações sobre tudo. Se não estamos bem-informados,
fazemos besteiras sem saber, e isso é muito ruim. Fico bem apreensiva, pois são
muitas informações que não tenho. E as pesquisas que faço sobre o assunto não
são tão claras quanto poderiam ser”, pontua.
As
mesmas dúvidas também assolam Samuel Gonçalves, proprietário da Projetar
Estruturas Metálicas, em Belo Horizonte. Microempreendedor e com funcionários
de maneira esporádica, ele mesmo cuida da contabilidade. “Não fiquei sabendo
sobre o eSocial, ele vai substituir o MEI?”, questiona. “Se sim, deveria ser
melhor explicado”, completa.
Em pratos limpos
O
eSocial é um projeto conjunto do governo federal que integra Ministério do
Trabalho, Caixa Econômica Federal, Secretaria de Previdência, INSS e Receita
Federal. Já está valendo para grandes empresas. A plataforma digital reunirá
informações de todos os trabalhadores do país, cerca de 44 milhões, dos setores
público e privado, em um único sistema. Para transmitir as informações ao novo
sistema é preciso, ainda, utilizar um certificado digital – uma assinatura com
validade jurídica que garante proteção às transações eletrônicas.
A
baixa adesão, de fato, pode ser explicada pela incompreensão do programa.
“Muitos empresários ainda não entenderam a complexidade do eSocial. Um só
cadastro, em alguns casos, tem 2.596 campos a serem preenchidos. Uma grande
parte não estava preparada, e alguns ainda acham que a responsabilidade de
fornecer as informações ao novo sistema é apenas do contador. A
responsabilidade, a partir de agora, é do empresário, que deve passar tudo de
uma maneira clara e rápida”, diz Milena Santos, gerente de conteúdo regulatório
jurídico da Sage Brasil.
Recém-implantado
Quem
já conhece o novo sistema avisa: entendê-lo é uma tarefa delicada. Dados como
CPF e o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) devem ser duplamente
verificados, com muita cautela, para que não haja nenhum tipo de incorreção na
hora do preenchimento. O contador Alisson Silva explica que o rigor e a
agilidade das informações mudam muito com o novo sistema. “Atualmente, tudo
funciona offline, e só em determinados períodos do ano as empresas prestam as
informações ao governo. Com o advento do eSocial, tudo muda. É preciso prestar
muita atenção a todos os campos, todos os novos critérios. Tudo precisa ser
online, conforme os prazos estabelecidos para a situação”, finaliza.
Na ativa
O
eSocial já é obrigatório no país desde janeiro deste ano para as empresas com
faturamento anual superior a R$ 78 milhões. No dia 1º de julho, passará a valer
para os demais empregadores.
Calendário
Saiba
o que será cobrado dos empresários que faturam menos de R$ 78 milhões por ano a
partir de 1º de julho:
Jul/2018.
São obrigatórias as informações relativas às empresas, ou seja, cadastros de
empregador e tabelas.
Set/2018.
Será cobrado o envio de dados relativos aos trabalhadores e seus vínculos com
as empresas, como admissões e afastamentos.
Nov/2018.
Torna-se obrigatório o envio das folhas de pagamento.
Jan/2019.
Será cobrada a substituição da guia de informações à Previdência e à
compensação cruzada. Deverão ser enviados os dados sobre segurança e saúde do
trabalhador.
Empregado de prédio é
incumbência do síndico
Condomínios
com empregados também serão obrigados a aderir em julho ao eSocial. E o síndico
é quem será o responsável por acompanhar todas as exigências do sistema e
manter as informações dos funcionários contratados – direta ou indiretamente –
em dia.
Mas
é fato que ainda tem muita gente “boiando” na história. Para tentar colocar
todo mundo dentro do barco, a síndica profissional Rosely Schwartz começou a
ministrar cursos online em que busca esclarecer todas as dúvidas sobre o
eSocial. “A responsabilidade pelo envio correto das informações será do
síndico. Por exemplo, um funcionário que apresentar um documento de
identificação duplicado será pego no sistema. O síndico terá que ter ainda mais
cuidado na hora de contratar”, explica.
Ela
também frisa que quem não se preparar com antecedência irá encontrar
dificuldades. “O síndico, mais do que nunca, terá essa missão de administrar
também a contabilidade e o compromisso de prestar essas informações, até mesmo
quando há uma empresa terceirizada. Se o porteiro se machucar, será o síndico
que deverá informar de prontidão, e o sistema exige isso”.
Fonte:
O Tempo
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