A
participação das micro e pequenas empresas no Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro cresceu e atingiu 27%. O dado inédito foi apurado pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) a pedido do Sebrae e repassado com exclusividade ao Valor PRO,
serviço de informação em tempo real do Valor.
Esse
percentual refere-se ao ano de 2011 e representa um aumento significativo em
relação a 1985, quando, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), os pequenos negócios respondiam por 21% do PIB nacional. A
pesquisa da FGV utilizou a mesma metodologia aplicada pelo IBGE naquela
ocasião.
Esse
crescimento se deve à conjugação de três questões, na avaliação do presidente
do Sebrae, Luiz Barreto. São eles: o crescimento do mercado consumidor, em
especial a classe C, o aumento do grau de escolaridade da população e a criação
do Super Simples (sistema criado em julho de 2007), que simplificou
drasticamente e reduziu a carga tributária das pequenas empresas.
Sobre
o avanço do grau de instrução entre os empreendedores, Barreto apontou que 61%
dos empreendedores tinham pelo menos o segundo grau completo em 2012, ante 43%
em 2003. "Esse ponto é pouco falado e é importantíssimo", ressaltou o
presidente do Sebrae. "Hoje, de cada dez empreendedores, sete são por
oportunidade e apenas três por necessidade. Antes era o contrário", exemplifica
ele. "E isso está ligado à educação", acrescenta.
Esta
foi a primeira edição da pesquisa. Ela deve se tornar anual a partir de agora,
sendo sempre divulgados os dados como proporção do PIB, com uma defasagem de
dois anos. Em setembro deste ano devem ser divulgados os dados de 2012 e assim
sucessivamente.
Grande
parte do aumento de importância das micro e pequenas empresas ocorreu na última
década, já que, em 2001, a participação das micro e pequenas empresas no PIB
era de 23,2% do total. O valor gerado por essa parte do setor privado saltou de
R$ 144 bilhões em 2001 para R$ 599 bilhões em 2011, um crescimento de 316%.
Esse
movimento também pode ser percebido na arrecadação tributária proveniente das
micro e pequenas empresas. Em 2008, primeiro ano inteiro que contou com o Super
Simples, a arrecadação total advinda dessa parcela do setor privado somou R $
1,638 bilhão. Em 2013, ela foi de R$ 54,383 bilhões.
A
pesquisa do Sebrae também separou a participação dos pequenos empreendimentos
no PIB de cada setor. Desta forma, o levantamento revelou que os pequenos
estabelecimentos são a maioria no comércio, ao corresponder a 53,4% do PIB do
setor. Além disso, eles chegam a 36,3% do setor de serviços e a 22,5% da
indústria.
Barreto
também destacou que as micro e pequenas empresas já respondem por 52% da mão de
obra formal no Brasil e 40% da massa salarial.
Esse
percentual deve aumentar, já que de acordo com dados do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged) de 2013 e separados pelo Sebrae, as micro e
pequenas empresas criaram 839 mil novos postos de trabalho, enquanto as médias
e grande empresas fecharam 126,4 mil postos.
A
tendência continua no início deste ano. De acordo com o mesmo recorte realizado
pelo Sebrae, os pequenos empreendimentos geraram 195,9 mil novos postos em
janeiro e fevereiro. Já os médios e grandes empreendimentos criaram 80,5 mil
vagas.
Fonte:
Valor Econômico
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