O
ministro do Trabalho, Manoel Dias, informou nesta quinta-feira que o governo
vai anunciar medidas para ajudar micro e pequenas empresas. Segundo ele, estão
em estudo ações para reduzir a burocracia e a carga tributária, com o objetivo
de estimular os investimentos no setor. O ministro explicou que as medidas são
adicionais à proposta aprovada pelo Senado na quarta-feira que beneficia essas
empresas. O texto aprovado pelo Congresso prevê a universalização do acesso do
setor de serviços ao Simples Nacional, também conhecido como Supersimples.
—
O pacote de medidas contempla a formalização e constituição de empresas,
facilitando o processo para quem quiser investir nessa área. Há medidas na área
fiscal também — disse o ministro, ao divulgar os dados do emprego formal em
junho.
Dias
informou que o governo estuda reajustar as faixas do Simples Nacional, o regime
diferenciado de tributação de micro e pequenas empresas, e avalia o pleito dos
empresários para que os limites dos percentuais de isenção sejam elevados.
Perguntado sobre o momento do anúncio do pacote, às vésperas das eleições, o
ministro respondeu:
—
A presidente tem pressa.
O
projeto aprovado pelo Senado — já havia passado pela Câmara e segue agora para
a sanção da presidente Dilma Rousseff — atualiza a Lei Geral da Micro e Pequena
Empresa e permite a inserção de mais de 450 mil micro e pequenas empresas, que
faturam até R$ 3,6 milhões por ano, no regime de tributação simplificado.
Segundo a Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE) do governo federal, com
a sanção da lei, 142 atividades serão beneficiadas a partir de janeiro de 2015.
Em
vez de utilizar o critério da categoria do empreendimento, o regime vai
considerar o faturamento das empresas, o que amplia o número de segmentos
beneficiados. Entre as novas atividades contempladas estão medicina, medicina
veterinária, odontologia, psicologia, acupuntura, fisioterapia, advocacia,
arquitetura, engenharia, jornalismo e publicidade, entre outros. A proposta
também cria uma nova tabela para serviços, com alíquotas que variam de 16,93% a
22,45%.
Para
o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, o maior impacto da medida será sobre o
emprego.
—
Num primeiro momento pode haver uma perda de receita para o governo, mas logo
em seguida isso será compensado, porque as empresas vão ter como investir. O
principal ganho será permitir que contratem mais gente, porque as pequenas e
médias empresas são as que mais empregam no país, então essa medida terá um
efeito positivo sobre o emprego formal, que está precisando — disse.
O
diretor superintendente do Serviço de Apoio da Pequena Empresa (Sebrae) do
estado do Rio, Cezar Vasquez, elogiou a ampliação do número de atividades
abrangidas pelo Simples e disse que o Rio será muito beneficiado pela mudança.
—
O peso do setor de serviços na economia fluminense é muito grande. E alguns
segmentos acabam trabalhando na informalidade, mas essa mudança deve aumentar a
formalização e reduzir custos das empresas que já são formalizadas.
O
ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), Guilherme Afif
Domingos, explicou que a inclusão de alguns setores no texto, feita pelo
Senado, terá de ser negociada com o Executivo. Mas ele considera pequena a
possibilidade de veto.
Afif
observou que vários setores enquadrados na nova tabela terão ganhos
substanciais em relação à redução da burocracia nos negócios, mas que, em
alguns casos, a tributação ainda ficará semelhante à das empresas que adotam o
regime do lucro presumido. Por isso, disse Afif, o governo federal se
comprometeu a, em até 90 dias, remodelar as tabelas do Simples Nacional.
—
Vamos estudar uma tabela com o objetivo de fazer com que o empresário não perca
o benefício das primeiras faixas do Simples Nacional ao aumentar o seu
faturamento, mas passe a pagar sobre o acréscimo — disse Afif. — Muitas vezes,
quando começa a elevar seu faturamento, a empresa começa a se multiplicar em
outras para não pagar mais tributos.
CADASTRO ÚNICO
O
projeto aprovado no Senado também beneficia empresas que já optam pelo Simples.
Das 8,5 milhões nessa condição, 8,1 milhões terão, na prática, redução efetiva
de carga tributária. A proposta permite ainda que micro e pequenas empresas
recorram ao mercado de capitais para captar recursos.
Traz
ainda redução média de 40% na carga tributária das empresas, ao permitir que
elas tenham um único número no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) no
país, em lugar de um registro estadual e outro municipal. Estima-se que cerca
de três milhões de microempreendedores individuais (MEIs) serão beneficiados.
—
O empresário vai ter um balcão único de atendimento. Não terá mais que bater na
porta do estado, do município, da vigilância sanitária e do meio ambiente para
registrar a empresa. Fará na Junta Comercial um registro único — explicou Afif.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário