Os
contadores que produzem e auditam balanços financeiros de companhias da
iniciativa privada e pública indicam que o conteúdo dos relatórios precisa
mudar.
Os
profissionais querem respaldo da Câmara federal para que os relatórios sejam
desburocratizados, com a intenção de facilitar a leitura dos documentos.
Maior clareza
A
demanda é pedida pelos contadores porque atualmente os acionistas das
companhias - parte apontada como a maior interessada nas informações - não
conseguem traduzir as informações dos balanços, divulgados periodicamente.
Além
disso, segundo os profissionais de finanças, é difícil destacar o que é mais
relevante nos documentos, para um entendimento melhor das quantias pagas em
dividendos (quantia correspondente aos lucros de uma empresa, paga
proporcionalmente aos acionistas) ou para a decisão de negociar ações.
Relevância
Entendida
pela classe contabilista como uma peça determinante na prestação de contas das
companhias, os relatórios são atualmente classificados como difíceis de compreender
e pouco objetivos.
A
entidade que estuda, analisa os dados e emite os procedimentos técnicos de
contabilidade - além de também reunir e representar os profissionais do setor -
é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). É justamente esta associação que
aponta: os balanços "devem revelar para a sociedade as informações
relevantes para acionistas, entidades legais e de regulação".
Exemplos de burocracia
De
acordo com o membro da CPC e representante da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), Aldo Bertolucci, o papel do balanço não é apenas um punhado de
números reunidos para a compreensão estrita de profissionais da contabilidade.
Ele indica que a tomada de decisão do acionista em processos de fusão,
aquisição ou venda total de ações, "depende de boas informações, passadas
somente de forma limpa e clara, graças a relatórios que digam apenas o que
interessa".
Ele
destaca dois exemplos, que demonstram as diferenças do que pode ser considerado
relevante ou dispensável em um balanço financeiro. "Se o relatório da
Portugal Telecom tivesse sido objetivo, constaria em uma de suas 149 páginas o
empréstimo à Rio Forte".
Bertolucci
se refere à celeuma causada pelo calote da holding portuguesa Rio Forte, que
não pagou quase 1 bilhão de euros devidos à companhia resultado da união entre
Portugal Telecom e a operadora Oi.
Ele
compara a situação da tele europeia com a British Telecom, operadora de
telefonia da Inglaterra, que divulgou no último ano um balanço com 42 páginas,
classificado como "claro, conciso e decisivo" para a votação dos
acionistas. Estes liberaram a negociação ainda em curso da empresa com a
espanhola Telefónica, para a aquisição de outra operadora, a também inglesa O2.
Menores e melhores
Balanços
grandes ainda são sinônimo de saldo positivo por setores financeiros das
empresas, como indica a assessora da presidência do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vania Borgerth. Ela exemplifica que
em 2012, o Royal Mail - empresa de correios do Reino Unido - entrou na justiça
contra o banco internacional HSBC, para desobrigar a companhia das entregas do
balanço publicado pelo banco naquele ano. "O relatório anual do banco
ficou em 900 páginas, excedendo até o peso regulamentado que os carteiros podem
carregar".
Fonte:
DCI – SP
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