A
partir da próxima semana, a Frente Parlamentar das Micro e Pequenas Empresas
começa uma ofensiva no Senado para aprovar, em outubro, o aumento em até 300%
no teto de receita anual para ingresso no regime tributário reduzido do
Supersimples.
Ao
anunciar a investida junto aos senadores, o presidente da Frente, deputado
Jorginho Mello (PR-SC), afirmou que a estratégia é aprovar a matéria sem
alterações, da forma como foi votada na Câmara, no final de agosto.
Assim,
se aprovado no Senado, o projeto seguirá direto à sanção da presidente Dilma
Rousseff. Do contrário, voltará à Câmara e corre o risco de ser colocado em
votação somente no próximo ano.
"A
presidente é favorável à matéria, quer sancioná-la e tem afirmado isso ao
ministro Guilherme Afif Domingos [da Secretaria da Micro e Pequena
Empresa]", afirmou o parlamentar ao DCI.
Efeitos fiscais em 2017
Para
Mello, o projeto deve ser aprovado para entrar em vigor em 2016, porque só
surtirá efeitos fiscais a partir de janeiro de 2017, devido ao aumento do teto
de receita anual para o acesso das empresas ao Supersimples, regime favorecido
que reduz em até 40% a carga tributária.
Em
audiência na Câmara, o ministro Guilherme Afif Domingos disse que concordou em
adiar a vigência do novo teto em um ano. Afirmou que o prazo de transição é
necessário porque 2016 será "ano crítico" para as contas públicas e,
por isso, o melhor é evitar medidas de renúncia fiscal.
Pela
proposta, em 2017, o novo limite será de R$ 7,2 milhões. Somente em 2018
poderão participar do Supersimples as empresas com receita bruta maior, até R$
14,4 milhões.
Em
relação ao microempreendedor individual (MEI), o projeto aumenta de R$ 60 mil
para R$ 72 mil o teto de enquadramento. O MEI é aquele empresário que trabalha
sozinho ou, no máximo, com apenas uma pessoa contratada.
Além
da questão tributária, há itens que podem entrar em vigor logo, como a criação
da Empresa Simples de Crédito, que poderá fazer empréstimos para pequenos
negócios.
Na
avaliação de Mello, a nova revisão da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas é
praticamente a única pauta boa que o Congresso deverá aprovar este ano em meio
à série de medidas encaminhadas pelo Executivo para reagir à crise econômica.
O
presidente do grupo também considerou que o mês de outubro é propício para a
apreciação da matéria pelo Senado, porque já terão sido encaminhados ao
Congresso os projetos e as medidas provisórias do pacote fiscal.
Mello
evitou comentar as declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL); e do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), contrários
à aceleração da tramitação da matéria na Casa. "Vou precisar do apoio de
todos os senadores", disse, apontando que já conta com o apoio do líder do
governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), vice-presidente da Frente,
além de outros integrantes do grupo, a exemplo dos senadores Waldemir Moka
(PMDB-MS) e Ana Amélia (PP-RS).
Mello
disse que vai conversar sobre a estratégia com a relatora designada para
apreciar a matéria, a senadora Marta Suplicy. Ela deixou o PT em abril e
ingressa no PMDB no próximo sábado em evento com os líderes da legenda.
A
respeito da matéria, a assessoria da senadora informou que o material está
sendo analisado por sua equipe técnica.
Receita faz campanha
contra
Em
nota oficial, o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme
Afif Domingos, apontou que a Receita Federal está fazendo campanha contra o
Supersimples, inclusive com a manipulação de dados.
Afif
criticou a informação da Receita de que a inclusão de 140 atividades no Simples
Nacional reduziu a arrecadação tributária do governo federal este ano. Afirmou
que o regime diferenciado não é uma concessão ou favor tributário, mas um
direito constitucional que, como tal, deve ser respeitado.
Nas
palavras do ministro, o fisco "erra" ao afirmar que as micro e
pequenas empresas foram responsáveis por perda de arrecadação. "Também se
engana ao dizer que o governo deixou de arrecadar R$ 2,7 bilhões de janeiro a
agosto de 2015 em relação a 2014, até porque o número inclui suposta perda com
o MEI (Microempreendedor Individual) que não tem qualquer relação com a
ampliação do Simples."
Fonte:
DCI
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