O
principal objetivo da contabilidade é estudar a variação e o patrimônio de
bens, direitos e obrigações que formam uma entidade, seja ela pessoa física,
seja jurídica. Dessa forma, os profissionais da área têm de lidar com os
segmentos de economia, direito tributário e finanças e patrimonial, são
responsáveis por fazer apresentar os componentes do patrimônio monetário das
empresas e têm acesso a inúmeras informações privilegiadas das organizações.
Para
esse contingente de mais de 500 mil trabalhadores, não faltam oportunidades de
trabalho. Eles podem atuar como funcionários de departamento fiscal, pessoal ou
de escrituração contábil, auditor externo ou interno, consultor, proprietário
ou sócio de escritório contábil, agente fiscal de tributos, perito contábil,
analista de contabilidade, assessor, professor e inúmeras outras funções.
E,
para melhorar ainda mais este cenário, não param de surgir novos segmentos de
atuação, como a controladoria, contabilidade ambiental, pesquisa científica e
educação, terceiro setor, mediação e arbitragem, gerenciamento de risco,
gerenciamento de ativo mobilizado e ativo intangível e contabilidade de
pequenas e médias empresas.
Apesar
desses numerosos campos de trabalho, os contadores brasileiros exploram menos
de 5% do mercado porque existe carência de oportunidades de maior valor
agregado, uma vez que a tecnologia não é explorada em todo seu potencial a
favor da gestão empresarial, conforme entendimento de Othon Andrade Filho, diretor de inteligência do Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT).
Segundo
o executivo, a contabilidade serve para que uma empresa seja conhecida na sua
capacidade de geração de caixa, nos riscos e oportunidades que representa para
investidores, fornecedores, credores e governos, na visualização das práticas
que merecem ser repetidas ou maximizadas, assim como naquelas que devem ser
reduzidas ou eliminadas e, principalmente, na evolução do patrimônio.
“Em
1980, essa ciência era totalmente manuscrita. O máximo que um contador
conseguia fazer era registrar o que ocorria. Analisar saldos, médias, variações
era trabalho inviável para a esmagadora maioria das empresas, pois levava meses
e custava muito caro”, avalia o especialista. “Em 2000, os sistemas de gestão
integrada (ERPs, na sigla em inglês) começaram a ser utilizados nas médias
empresas, proporcionando a contabilização automática das operações
empresariais. Todavia, 13 anos depois, poucos os contadores dominam esse
assunto.”
Othon
explicou ainda que, no decorrer de 2013, os ERPs (plataformas de softwares
desenvolvidas para integrar os diversos departamentos de uma empresa,
possibilitando a automação e o armazenamento de todas as informações de
negócios de uma organização) chegaram às pequenas e médias empresas. “O problema
aumentou ainda mais”, diz. “Se nas organizações de médio porte faltavam
profissionais para compreender o sistema, nas pequenas essa carência é bem
maior.”
Na
opinião de Othon Andrade, o problema tende a se agravar ainda mais, já que em
2015 será o fim da entrega da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física
(IRPF); em 2020 o fim de algumas obrigações acessórias apuradas automaticamente
pelo governo como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços (ICMS); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); e Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
E,
em 2022, o término do cálculo da folha de pagamento, do recolhimento ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), já que apenas o contrato de trabalho e o registro de ponto
serão suficientes para o governo calcular a folha de pagamento. “Dessa forma,
nos próximos anos, não existirá mais o trabalho braçal dos contadores, que está
sendo cada vez mais substituído pelo trabalho intelectual de interpretação,
análise e orientação. A contabilidade servirá apenas para a tomada de
decisões”, garante o diretor de inteligência do IBPT.
Atualmente,
95% das empresas brasileiras ainda desconhecem o quanto a contabilidade pode contribuir
para alavancar os negócios, aumentar a competitividade e as vendas e reduzir os
custos. “Quando um empresário procura um escritório contábil, pretende
formalizar a empresa, receber o alvará para abrir as portas, calcular os
impostos e obrigações acessórias, prestar contas aos órgãos arrecadatórios das
três esferas e calcular a folha de pagamento. É muito raro um empresário ir
atrás de um escritório de contabilidade em busca de tomada de decisões”, afirma
Othon.
Vive-se
hoje um período considerado divisor de águas para a contabilidade. Todas as
transformações provenientes do Sistema Público e Escrituração Digital (Sped) e
das IFRS, as Normas Internacionais de Contabilidade, trazem muitas mudanças de
hábitos para todos os profissionais da área. Por isso, é recomendável estar
atento às novidades que ocorrem frequentemente, em plena era do conhecimento e
da informática, o que exige muito do capital intelectual e a procura de
profissionais cada vez mais preparados para atender as exigências do mercado.
Para
se adaptar a essa realidade, a sugestão do diretor de inteligência do IBPT é
que os contadores utilizem a mesma tática explorada pelas operadoras de TV a
cabo: entregar uma degustação. “O cliente, após passar alguns meses com os
melhores canais, sente falta deles e acaba contratando o serviço. Se o
empresário experimentar um serviço que maximizará seus resultados, também
sentirá falta”, comenta o especialista.
Neste
sentido, para aproximar a contabilidade dos profissionais da área, o IBPT disponibilizará
em 2014 uma central de balanços e de relatórios gerenciais que tornará possível
a integração entre o escritório contábil e o cliente. Com a central de balanços
e relatórios do IBPT, as pequenas e médias empresas poderão ter as grandes empresas
como referência. “Despertaremos no pequeno empresário o desejo de ter o mesmo
profissionalismo, entregando ao contador recursos para que ele ofereça esta
degustação ao seu cliente, sem nenhum custo”, finaliza Othon.
Fonte:
Revista Dedução
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