Os
desafios das empresas e do governo com a implantação do eSocial no país motivou
a participação do Dr. em engenharia de produção e especialista em políticas e
indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Kieckbusch, na
BITS 2014. O eSocial pretende unificar o envio de informações pelo empregador
em relação aos seus empregados e vai atingir, numa primeira fase, organizações
públicas e privadas com faturamento superior a R$ 3,6 milhões, o que abrange
80% dos mais de 50 milhões de vínculos trabalhistas existentes no país. Para
Kieckbusch, o eSocial reduzirá a burocracia, mas aumentará a responsabilidade
das empresas no envio de informações.
A
expectativa de cronograma é de que a formalização do eSocial ocorra em fins de
maio ou início de junho. A partir disso, haverá seis meses de preparação e
início do programa no sétimo mês. O especialista da CNI alertou que o processo
deve ser muito bem acompanhado. “O eSocial está no ambiente de negócios e terá
grande impacto na gestão e na governança das empresas”, disse. O eSocial vai
passar por todas as etapas da relação empregado-empregador, deixando as
relações de trabalho mais explícitas e individualizadas.
Uma
das preocupações da indústria é com a baixa produtividade brasileira, que
cresceu somente 1,7% entre 2001 e 2013, período em que o salário médio cresceu
159%, em dólar. No mesmo período, 74% do
PIB foi gerado por aumento do mercado de trabalho, enquanto em países como a
Coreia do Sul o PIB tem 72% de sua formação obtida por ganhos de
produtividade. “Estão exigindo mais
informações sobre os trabalhadores, mas é preciso garantir condições de
competitividade”, afirmou.
Para
Kieckbusch, o desafio é entender o modelo de negócios das empresas e definir
como fazer com que os registros administrativos sejam produzidos e declarados
com agilidade sem que a empresa tenha de inflar seus quadros. Pelo projeto do
governo, todas os processos de terceirização serão mapeados, e haverá aumento
de fiscalização. Para consolidar as informações no eSocial, as organizações
terão de revisitar as legislações trabalhista e previdenciária, pois ainda não
existe um manual do eSocial.
A
primeira mudança no dia a dia das organizações será na folha de pagamento, em
especial para aquelas que contam com filiais que têm autonomia para isso. Com o
eSocial, as informações terão de ser enviadas em conjunto, por estabelecimento.
Assim, as organizações também precisarão unificar as responsabilidades por
informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais. “Um conjunto de soluções
tecnológicas terá de ser desenvolvido pelas empresas”, estima o especialista da
CNI.
Uma
das questões mais polêmicas nas empresas é saber quem vai gerenciar o eSocial.
“A gestão terá de ser integrada e muito bem controlada porque hoje o governo
não sabe quem é o trabalhador, mas vai passar a saber”, disse Kieckbusch.
Atualmente, as empresas consolidam as informações em uma arquivo único e a
enviam. Com o eSocial, terão de oferecer um registro individualizado para cada
trabalhador e receberá uma guia única com todos os tributos devidos. O processo
simplificará a qualificação cadastral do trabalhador, que terá um registro
único.
As
informações serão armazenadas em servidores do Serpro, em São Paulo, e a Caixa
terá um espelho. A reorganização dos fluxos de informações entre matriz e
filiais exigirá governança das empresas. Entre os benefícios, segundo o governo,
o sSocial permitirá a oferta de novos serviços, preenchimento automático do
IRPF, padronização dos critérios de parcelamento de débitos, certidão de
débitos única, retirada de certas obrigações de informação pelo empregador, a
criação de um novo portal para empregados e a automatização das perícias
médicas.
Como
pontos críticos, Kieckbusch listou a filiação a sindicatos laborais, a
necessidade de informatizar gestão de recursos humanos, setores financeiro,
fiscal e de saúde e ausência de um manual claro e objetivo para o
preenchimentos de formulários do eSocial.
Para
os empregadores, são desafios a gestão dos riscos ocupacionais, a reorganização
das ocupações dos seus empregados e dos processos e a fiscalização. “Você vai
enviar eletronicamente todas as informações para o governo, e isso lá na frente
pode virar uma prova contra a empresa”, alertou. Como primeira medida de
adequação ao programa, o especialista da CNI sugere que a empresa comece a
“achar” todos seus empregados e tenha seu cadastro completo e atualizado.
Fonte:
Convergência Digital
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