Apesar
da carga tributária reduzida e da simplificação das regras, a falta de
conhecimento sobre como lidar com os impostos ainda é um dos principais
problemas enfrentados por microempreendedores. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), 9,78% do faturamento dos
pequenos negócios são destinados aos tributos, peso relativamente pequeno se
comparado ao que incide sobre grandes empresas, onde o percentual passa de 35%
em alguns setores. Ainda assim, a complexidade tributária é apontada pelo
instituto como a segunda maior causa de mortalidade de micro e pequenas
empresas, respondendo por 16,51% dos casos de falência.
Em
vigor desde 2007, o Simples Nacional, que reúne em um só carnê o pagamento de
oito impostos federais, ajudou a reduzir parte da dor de cabeça, mas, para o
IBPT, o sistema ainda pode ser melhorado, para se tornar ainda mais
descomplicado.
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A complexidade é menor. Mas a principal causa de complexidade do Simples
Nacional são as diferentes faixas de renda, em que há mudança de tributação.
Uma das coisas a ser feita seria diminuir obrigações acessórias (documentos a
serem entregues) e ter sistemas de cálculos à disposição mais facilmente para o
empresário — defende Gilberto Luiz do Amaral, coordenador de estudos do IBPT.
Se
o sistema de tributação ainda precisa de ajustes, também falta ao
microempresário o conhecimento para lidar com o pagamento dos impostos. Um
deslize na contabilidade pode custar à empresa tempo e dinheiro, e até a
própria sobrevivência do negócio. Por isso, a recomendação de especialistas é
contratar um contador, antes mesmo de abrir as portas.
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A recomendação é que se procure um contador. A questão tributária é delicada
para grande parte das empresas. Especialmente para micro e pequenas empresas.
Elas têm uma estrutura mais enxuta. É um ponto sensível, mas que, com a vinda
do simples nacional, essa questão acabou tornando-se um pouco mais fácil de se
compreender — afirma Juliana Lohmann, analista do Sebrae/RJ.
Escolha da forma de
tributação
Além
de evitar possíveis infrações por desconhecimento das regras, a busca de
orientação profissional ajuda a escolher o melhor modelo: Simples Nacional,
lucro presumido ou lucro real. Enquanto o último é mais indicado para
companhias de grande porte (faturamento acima de R$ 48 milhões por ano),
pequenos negócios podem ter que optar entre o Simples e o lucro presumido, que
aplica as taxas sobre uma estimativa de margem de lucro, ao contrário do
Simples, que prevê alíquotas fixas para faixas de faturamento. A decisão terá
que ser feita por cerca de 450 mil empresas no ano que vem, com a ampliação do
tributo simplificado para mais setores, sancionada pela presidente Dilma
Rousseff no mês passado.
Especialistas
destacam que não há regras fixas para determinar qual modelo é mais vantajoso.
Mas alguns fatores influenciam, como o número de empregados. Normalmente, vale
mais a pena optar pelo Simples quando a empresa tem mais funcionários. Isso
porque as regras do tributo simplificado permitem o não recolhimento direto do
INSS.
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Um médico, por exemplo, que não tenha empregados e tenha um faturamento anual
de R$ 3 milhões, pagaria tributo de 18,73% no lucro presumido. No Simples, a
carga ficaria em 22,32% — simula Antônio Teixeira, consultor tributário do
IOB-Folhamatic.
Juliana
Lohmann, do Sebrae/RJ, destaca que a economia com o Simples pode chegar a 65%,
dependendo da faixa de faturamento e do setor de atuação da empresa (cada grupo
de segmentos tem sua própria tabela de alíquotas).
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Em algumas tabelas do Simples Nacional, o IRPJ, CSLL, Cofins e PIS/Pasep podem
chegar a 0%. O que não acontece no lucro presumido — explica.
Para
o advogado tributário Marcos Diniz, da LCDiniz, ainda falta um trabalho de
educação ao empresário brasileiro, que não planeja bem os custos com impostos.
Ele acredita que as novas regras são apenas um passo para a simplificação do
sistema brasileiro.
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O caminho da desburocratização está muito longe ainda. O fato de o Super
Simples ter aceitado mais categorias profissionais não quer dizer
desburocratização. O tributo no Brasil é quase um tabu. Costumam dizer que a
carga tributária é alta, mas entender como a carga tributária é difícil —
afirma.
Gilberto
Amaral, do IBPT, recomenda mais capacitação:
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Existe uma complexidade que poderia ser trabalhada, mas ao mesmo tempo o
empresário tem que ter uma formação melhor. Se preocupar em conhecer a legislação
para buscar caminhos.
Fonte:
O Globo – RJ
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