Quase
400 mil empresas terão dois meses para regularizar suas pendências e evitar
serem excluídas do Simples Nacional em 2015. Segundo a Receita Federal, a
dívida total das companhias intimadas chega a R$ 14 bilhões.
"Porém
não há previsão de ingresso significativo de arrecadação, pois se espera que as
regularizações ocorram apenas na modalidade de parcelamento", afirmou o
fisco ao DCI, por meio de nota.
Para
2014, a arrecadação estimada pela Receita é de R$ 423 milhões, resultantes do
pagamento das parcelas de novembro e dezembro. Não se espera valor
significativo de pagamentos à vista.
Esse
número de empresas a serem excluídas no regime é quase o mesmo dos que poderão
optar pelo sistema com as mudanças do Simples - 450 mil conforme previsão do
Sebrae - que entrarão em vigor no ano que vem.
De
acordo com Tania Gurgel, sócia e diretora da TAF Consultoria Empresarial, em
tempos de economia enfraquecida, como ocorre neste ano, as pequenas empresas
são as que mais sofrem. "Para manter a atividade, a primeira medidas que
esses negócios tomam é não pagar impostos", esclarece.
Ao
mesmo tempo, como a própria arrecadação federal está desacelerando neste ano
devido ao ritmo do Produto Interno Bruto (PIB), a tendência é aumentar ainda
mais a fiscalização, o que na visão de Tânia, pode fazer com que mais de 360
mil empresas já intimadas - 9% do universo de optantes, de acordo com os dados
da Receita Federal - também corram risco de serem excluídas do regime
simplificado de tributação.
Soluções
Na
nota, a Receita federal informa que as intimações aos devedores do Simples
Nacional estão previstas na Lei Geral do Simples Nacional e é um procedimento
adotado anualmente pela Receita Federal. "A ação visa oferecer a
oportunidade para que devedores regularizarem suas dívidas e possam, desta
forma, continuar usufruindo dos benefícios do Simples Nacional."
O
contribuinte pode regularizar suas pendências fazendo o pagamento à vista ou
aderindo ao parcelamento de débitos em até 60 meses. O parcelamento pode ser
requerido diretamente no sitio da Receita Federal na internet, não sendo
necessário o comparecimento às unidades de atendimento da Receita Federal. O
fisco estima que 90% dos devedores vão regularizar suas dívidas.
A
receita afirmou também que está em processo a consolidação de parcelamentos já
solicitados neste mês de outubro. E a partir do início de novembro, o
contribuinte poderá consultar o Portal do Simples Nacional ou o e-CAC da
Receita Federal para consultar a consolidação e emissão da parcela do mês de
novembro. "Temos 641 mil opções pelo parcelamento de débitos do Simples
Nacional", informou o fisco federal.
Para
Tânia Gurgel, o efeito de quem não está com as contas em dia recai sobre as
contas públicas federais e até as estaduais. "Além de gerar menos
arrecadação, para as empresas que estão no anexo 1 e 2, comércio e indústria,
está embutido o ICMS. Se não há pagamento no Simples, o Estado deixa de receber
também. Também nos anexos 1,2 e 3 tem a cota patronal embutida, o que leva a
diminuir a arrecadação previdenciária com os inadimplentes", aponta.
Mudanças
O
diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil, Welinton Mota, alerta ainda
para outra regra, já em vigor, que, se não cumprida, exclui as empresas do
regime simplificado. Conforme, a Resolução CGSN 115 de 2014, as empresas que
contratam funcionários como Pessoa Jurídica serão expulsas.
"Quando
estiver caracterizado o vínculo de emprego entre o contratante e o sócio ou
titular, a empresa prestadora de serviços não poderá optar nem permanecer no
Simples Nacional. São os casos em que o empregado é contratado como PJ,
fornecendo Nota Fiscal de Serviços", explica o especialista.
Mesmo
que a fiscalização seja mais difícil neste caso - por ter que ser feita no
estabelecimento -, Mota alerta para o entendimento dessa regra, cuja única
saída será ir para o Lucro Presumido, com carga tributária quase 100% maior.
Fonte:
DCI
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